Quantas vezes você já fez uma viagem? E aqui, viagem, não me refiro a apenas uma viagem para outro país, mas uma viagem às vezes para uma cidade vizinha, para outro estado, uma viagem que faça em apenas um dia ou faça em um final de semana, em um feriado ou mesmo em duas semanas. Talvez esse número seja pequeno, talvez seja grande, só você para dizer e lembrando que não existe uma média de quantas viagens você precisa fazer na vida.

O ponto aqui é, independente do número de viagens que já tenha feito, em quantas delas você realmente aprendeu sobre a cultura daquele local?

Se nós formos analisar o conceito de viagem e o que de fato entende-se por viajar, cada um de nós vai ter um significado e uma visão diferente, afinal, existem diversos fatores e motivos que fazem com que você a faça: lazer, trabalho, estudos ou outras razões pessoais que você tenha. Seja lá qual for a razão, no fim das contas você se desloca para um local, mas se quer realmente aprender sobre o destino que irá conhecer, esse deslocamento não deve ser apenas físico, mas também mental.

Por que digo isso? Porque para mim, viajar e conhecer outro lugar é estar verdadeiramente presente. É aprender sobre detalhes e aspectos culturais que, por mais que sejam acessíveis digitalmente, só podem ser verdadeiramente experimentados pessoalmente.

Na minha cabeça, não faz sentido planejar uma viagem para um novo local, cidade ou país e não mergulhar na cultura local. Conhecer apenas os pontos turísticos não basta, eu gosto mesmo é de entender o estilo de vida, as tradições, as normas sociais e como as pessoas vivem ali. Faço isso desde muito jovem, desde a minha primeira viagem internacional e depois passei a aplicar isso nas nacionais também porque vi que havia encontrado uma maneira de aproveitar a viagem e cultura da melhor maneira mesmo em um curto período. O que faço? Desconecto-me completamente de onde venho (país, cidade e cultura), abrindo a mente para aprender sobre o novo local.

É importante não chegar com conceitos rígidos predefinidos, pois isso pode limitar a experiência e o aprendizado. A partir do momento que limpamos e abrimos nossa mente para receber o novo conhecimento, estamos mais propícios a respeitar aquele novo conceito de vida. Pode ser que você concorde com algo ou mesmo não se veja vivendo daquela forma, mas irá respeitar e respeito é diferente de aceitação. Esse processo de abertura de mente faz com que nosso desenvolvimento pessoal cresça muito além do esperado por nós mesmos.

Por isso, vou compartilhar aqui três dicas que aplico em minhas viagens pelo mundo para aproveitar ao máximo cada destino.

3 dicas para viver verdadeiramente a cultura do local visitado

A primeira dica é simples, mas fundamental: planejamento. Sem um planejamento adequado, é difícil aproveitar a viagem, seja ela para uma cidade vizinha ou para outro país. O planejamento vai além das datas de viagem, custos e logística. Planejamento também envolve questão cultural, avaliação de costumes, de tradições, a história daquele local.

"Ah, Ju, mas se estou indo para o local, por que vou buscar essas informações antes? Estou indo para lá justamente para isso, para ter esse acesso à informação de uma forma mais direta e mais objetiva". Sim, concordo, mas pesquisar antes de embarcar é essencial para evitar sentir-se perdido ao chegar e, ainda mais importante, evitar situações desagradáveis e de desconforto. Não pesquisar o mínimo antes de pegar um avião, carro, ônibus e ir em direção àquele destino, é o mesmo que se colocassem você no meio do deserto sem água, bússola e comida: você não sabe o que fazer.

Na internet, hoje em dia, conseguimos achar fácil quais o que fazer na cidade X, quais os melhores restaurantes, onde ir, o que não deixar de fazer e assim por diante. Informação é o que não falta. Mas muito provavelmente nessa sua pesquisa será direcionado a lugares muito mais turísticos e que são clássicos para os viajantes, e aqui recomendo que você planeje sua viagem com balanço entre esses lugares com os que não são tão voltados ao turismo e que vai encontrar muito mais pessoas locais. Ou seja, você conhece pontos famosos, como a Torre Eiffel em Paris, mas também tem experiência em um restaurante super local em uma região não turística da cidade.

A segunda dica é sobre interação: abra a boca pra falar. Sim, interaja com as pessoas. Por mais que seja uma pessoa introvertida e/ou tímida, que tenha dificuldade para dialogar com quem não conhece, faça um esforço. A sua viagem é curta. Então, deixe o medo, saia da zona de conforto e priorize isso nesse momento. Tente se esforçar para conversar e pegar o maior número de informações que você conseguir, porque é com essa interação, com essa participação ativa, com as pessoas que realmente moram ali e que tem uma história local, que você vai absorver o modo de vida delas, detalhes, curiosidades que, às vezes, na internet, você não tem acesso.

Para quem viaja para países onde não conhece o idioma local, um desafio grande pode ser o idioma. Pesquisar previamente qual é o idioma principal e secundário mais falado pode facilitar a comunicação básica. Por exemplo, se vai para a Europa, a depender do país, vai escutar alemão, italiano, espanhol ou francês, mas e se não sabe falar nenhum desses idiomas? Qual é o idioma que, se você conversar, boa parte das pessoas vai entender e conseguirá ter um diálogo mesmo que pequeno? Talvez o inglês? Então, analise isso antes de partir.

"Ah, mas não sei muito de inglês". Não precisa ser um fluente para fazer perguntas simples e diretas, e também não precisa conversar de forma técnica e rebuscada para obter informações que possam lhe oferecer uma experiência melhor no local. Algo que pode fazer é ir a um restaurante ou confeitaria, e ao invés de escolher o que você quer comer olhando no cardápio ou balcão, pergunte o que as pessoas que moram ali normalmente pedem. Não o que mais sai naquele local, mas o que os nativos comem. Isso é uma boa forma de você vivenciar o estilo culinário local, porque às vezes o que mais sai não é o que as pessoas dali pedem e comem.

A terceira dica é mais fácil que as outras: registre suas descobertas. Tire fotos e faça vídeos, independentemente de suas habilidades fotográficas. Esses registros não são apenas para sua memória pessoal, mas também para compartilhar experiências e informações valiosas com outras pessoas futuramente.

Lembra, lá na dica 1, no seu planejamento, fez uma pesquisa e analisou as informações antes de ir para aquele local. Quando começar a fazer isso entenderá o papel de uma boa informação antes das viagens e terá consciência do impacto que a partilha da sua vivência pode ter na experiência dos outros. Se você foi e já absorveu informações que vão auxiliar pessoas a irem para lá e a terem essa imersão mais forte em relação à cultura, por que não compartilhar?

Essas são três dicas aplicáveis que têm me proporcionado uma outra forma de imersão nos locais para os quais viajo e espero que também possam lhe oferecer uma maior compreensão e experiência com as culturas locais.