Encontrei uma notícia por meio do LinkedIn que me deixou bem impressionada: segundo o Instituto Upwork, mais de 70% dos colaboradores alegam que a Inteligência Artificial (IA) retardou a produtividade deles.
A notícia pega no calcanhar de Aquiles quando mais de metade do mundo prevê o uso da IA nos processos de trabalho nos próximos anos. Afinal, a tecnologia está avançando, logo, as pessoas precisam avançar também, certo? Não necessariamente.
Nessa curva de aprendizado, nem sempre a máquina acompanha o humano, nem vice-versa. Há um período de adaptação, de testes, de muita observação. Claro, não interprete isso como negação: a IA está aí, não há como negar. Mas as empresas estão prontas? Os trabalhadores estão treinados para essa mesma tecnologia? Esses são os questionamentos, na verdade, são as razões que os mesmos colaboradores usaram para se sentirem cada vez mais sobrecarregados.
O Brasil está em segundo lugar no ranking mundial com mais casos de Burnout, como saiu na Folha de São Paulo. Para quem não sabe, se trata de esgotamento profissional, com vários sintomas que afetam tanto a vida pessoal, e obviamente, profissional da pessoa diagnosticada. Assim, se trata de um problema de saúde pública. Há um distanciamento evidente entre as expectativas dos donos de grandes empresas sobre aquilo que os colaboradores podem entregar.
O que precisamos pensar aqui é: sim, a IA trouxe muitos benefícios - e ela não é a causadora de casos de esgotamentos hoje. Mas quando utilizada de forma incorreta, corrobora em uma jornada massacrante, que precisa ser revista.
A IA mesmo, no meu caso, me proporciona muita facilidade para organizar as ideias, criar esboços de conteúdo, revisar um texto, realmente faz parte do dia a dia. Logo, ela deve ser vista como um copiloto. É uma ferramenta poderosa, mas o comando deve continuar nas mãos dos humanos. Essa colaboração trará os melhores resultados, porém, para isso, as expectativas precisam ser realistas, e o suporte, constante.
Se você fizer uma pesquisa rápida no Google, observará que a expectativa é enorme. Aliás, as primeiras respostas já são por meio dessa inteligência. Sabemos que isso afetará — e já afeta — nossas vidas. O que pergunto: como tornar essa transição, essa mudança, a mais tranquila possível? Afinal, estamos falando de muitas gerações.
Outro ponto importante é o papel das lideranças no contexto de implementação da IA. Cabe às lideranças entenderem o impacto que a introdução de novas tecnologias têm no ambiente de trabalho e proporcionar a capacitação necessária para que os colaboradores se adaptem à mudança.
A questão da produtividade
Quando discutimos produtividade e IA, precisamos também refletir sobre o conceito de produtividade em si. Até que ponto ser produtivo significa fazer mais em menos tempo? E onde entra a qualidade do trabalho, a inovação e o bem-estar do colaborador? Muitas vezes, ao buscar produtividade a qualquer custo, as empresas deixam de considerar esses aspectos, desencadeando ambientes de trabalho tóxicos, onde a pressão por resultados supera a preocupação com as pessoas.
Talvez a grande questão seja redefinir o que significa ser produtivo em um mundo com IA. Se a inteligência artificial pode nos liberar das tarefas repetitivas e sem valor agregado, o que vamos fazer com esse tempo "ganho"? Será que não é uma oportunidade para focarmos mais em inovação, criatividade e na construção de relações mais humanas e significativas dentro das organizações?
A produtividade real deve ir além dos números e incluir também a satisfação e o bem-estar dos colaboradores. Estudos mostram que colaboradores felizes são mais produtivos, e a IA pode ser uma aliada nesse sentido, desde que utilizada com responsabilidade e cuidado.
Portanto, a questão não é se a IA é boa ou ruim para a produtividade, mas como estamos utilizando essa tecnologia. O futuro do trabalho com a IA não deve ser um cenário onde máquinas substituem humanos, mas sim um futuro onde ambos trabalham em parceria, cada um contribuindo com o que tem de melhor.