O excesso de consumismo na vida fitness é uma tendência que expande a cada dia. Hoje podemos comprar saúde nas gôndolas de supermercado, incentivados por influenciadores de sucesso na internet. Essa cultura que envolve e promove a saúde, o bem-estar e a atividade física, muitas vezes é acompanhada por uma mentalidade de consumo exagerado, que pode ter várias consequências negativas.

O estilo fitness é compreendido como uma prática que envolve tanto a modificação quanto a manutenção do corpo, abrangendo atividades de consumo relacionadas a dietas, exercícios, musculação e até mesmo cirurgias estéticas.

O capitalismo tem uma habilidade notável para se apropriar de conceitos populares e transformá-los em oportunidades de lucro, e a ideia de vida saudável não é exceção. Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo na comercialização de produtos e serviços relacionados à saúde e ao bem-estar, impulsionado pela demanda crescente por um estilo de vida mais saudável.

A indústria alimentícia muitas vezes capitaliza sobre a demanda por alimentos saudáveis através da produção e comercialização de produtos rotulados como "orgânicos", "naturais" ou "saudáveis". No entanto, nem todos esses produtos são realmente saudáveis; alguns podem conter aditivos prejudiciais à saúde ou altos níveis de açúcar, sal e gordura. O mercado se apropria desses conceitos de saúde, monetizando todo e qualquer produto na categoria fit, ainda que o mesmo não seja.

Com isso a monetização dos alimentos fit tornou-se um fenômeno que ganha cada vez mais destaque, impulsionado pela crescente necessidade por uma dieta saudável e pela popularização da cultura fitness. Há uma enxurrada de "alimentos fit" comercializados nos supermercados.

O objetivo não é demonizarmos o regime econômico em que vivemos e sim, avaliarmos de maneira crítica se de fato necessitamos desses produtos e o que realmente é um alimento de qualidade.

A categorização dos alimentos fit é explorada pela indústria alimentícia para gerar lucro, levando a algumas questões importantes para reflexão:

Muitos alimentos fit têm preços mais altos em comparação com produtos convencionais. Isso se deve em parte à percepção de que os alimentos saudáveis são mais caros de produzir, mas também à estratégia de marketing que capitaliza sobre a demanda por uma vida mais saudável. Esses preços elevados podem tornar os alimentos fit inacessíveis para pessoas com renda mais baixa, exacerbando as disparidades socioeconômicas em relação à alimentação saudável.

A indústria alimentícia utiliza táticas de marketing enganosas para promover seus produtos como sendo mais saudáveis do que realmente são. Rótulos como "orgânico", "natural", "baixo teor de gordura" ou "sem adição de açúcares" podem dar a impressão de que um alimento é saudável, mesmo que contenha outros ingredientes questionáveis ou processados. Há um caso recente de uma empresa que produzia um suco que era considerado “do bem” e que foi processada pelo CONAR - Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, por sugerir que as laranjas que eram utilizadas no suco eram colhidas todos os dias fresquinhas, o que na verdade não passava de um processo de industrialização como qualquer outro suco.

A monetização dos alimentos fit pode levar à comoditização da saúde, transformando-a em um produto que pode ser comprado e vendido. Isso pode obscurecer questões mais amplas relacionadas à segurança alimentar, acesso a alimentos nutritivos e equidade na distribuição de recursos alimentares. Essa monetização dos alimentos reflete não apenas uma demanda por uma dieta mais saudável, mas também uma exploração dessa necessidade pela indústria alimentícia. Para abordar essa questão de forma significativa, é importante promover a transparência na rotulagem de alimentos, educar os consumidores sobre escolhas alimentares saudáveis, a fim de reduzir a comoditização da saúde, para que o mais importante como uma saúde boa de fato, não se transforme em uma mercadoria sujeita às forças do mercado e às dinâmicas do consumismo.