A fitoterapia, também conhecida como herbalismo ou medicina herbal, é uma prática terapêutica milenar que utiliza plantas medicinais para o tratamento e prevenção de doenças. Ela é amplamente utilizada em várias culturas ao redor do mundo, destacando-se sua aplicação na medicina tradicional chinesa, medicina ayurvédica indiana e medicina indígena das Américas.
A fitoterapia envolve o uso de diferentes partes das plantas, como flores, folhas, cascas, sementes e raízes. Esses componentes possuem compostos químicos ativos com propriedades terapêuticas, tais como efeito analgésico, anti-inflamatório, antioxidante e antimicrobiano. Atualmente, diversas pesquisas científicas têm sido realizadas para compreender os mecanismos de ação das plantas medicinais e sua utilidade no tratamento de diversas condições de saúde.
A fitoterapia pode ser administrada de várias formas, como chás, infusões, tinturas, extratos, cápsulas ou pomadas, e cada planta possui propriedades particulares que podem ser úteis para determinadas doenças ou problemas de saúde.
Um exemplo de planta amplamente utilizada na medicina popular brasileira é a Bauhinia forficata, também conhecida como 'pata-de-vaca'. Essa espécie de árvore nativa da América do Sul, pertencente à família das Fabaceae, é comumente cultivada como planta ornamental devido à sua beleza e valor paisagístico. Ela pode atingir até 10 metros de altura e possui um tronco levemente curto e ramificado. Suas folhas são grandes, em formato de coração, com dois lobos separados, o que lhe rendeu o nome popular de 'pata-de-vaca'. As flores da Bauhinia forficata são belas e apresentam uma variedade de cores, incluindo branco, rosa, roxo e lilás. Além de suas qualidades ornamentais, a planta é reconhecida por suas propriedades medicinais no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2.
O Diabetes Mellitus, ou popularmente chamado diabetes, é caracterizado por uma irregularidade na ação e/ou secreção da insulina, o que leva a um aumento dos níveis de glicose no sangue. A insulina é um hormônio produzido e secretado pelas células do pâncreas, sendo responsável por controlar a quantidade de glicose na corrente sanguínea e permitir que ela seja absorvida pelas células para ser usada como energia. Quando não tratado, o Diabetes Mellitus pode levar a doenças cardíacas, danos renais, problemas de visão, neuropatia e outros problemas de saúde. Há três tipos principais de diabetes:
Diabetes tipo 1: É na grande maioria dos casos (99%) uma condição autoimune que resulta na destruição das células produtoras de insulina no pâncreas. Por isso, é necessário o uso diário de injeções de insulina para controlar os níveis de glicose no sangue. Ele é frequentemente diagnosticado na infância ou adolescência.
Diabetes gestacional: Esse tipo de diabetes ocorre durante a gravidez devido a mudanças hormonais que podem levar à resistência à insulina. Geralmente, desaparece após o parto.
Diabetes tipo 2: É o tipo mais comum, e está associado a um estilo de vida sedentário, excesso de peso e predisposição genética. Nesse caso, os níveis de insulina podem estar baixos, normais ou elevados, mas a resistência à ação da insulina impede que ela exerça sua função adequadamente.
Estudos científicos têm demonstrado que a Bauhinia forficata possui compostos com ação hipoglicemiante, o que significa que auxiliam na redução dos níveis de glicose no sangue. Entre esses compostos estão os flavonoides e o composto ativo Kaempferitrina, encontrados nas folhas da planta. Essas substâncias possuem uma ação semelhante à insulina, estimulando a captação de glicose, impedindo sua reabsorção nos rins, promovendo a secreção de insulina pelo pâncreas e melhorando a sensibilidade à insulina. Além disso, estudos relatam que a Kaempferitrina possui uma potencial ação antioxidante.
É importante ressaltar que o uso da 'pata-de-vaca' para pessoas com diabetes tipo 2 requer orientação de um profissional de saúde qualificado, como médico ou nutricionista, devido a fatores como histórico médico, medicamentos em uso e possíveis interações e contraindicações. O uso da planta é contraindicado durante a gravidez. Além disso, é fundamental ter atenção à qualidade, dosagem e procedência dos produtos fitoterápicos.