Este artigo e suas informações foram pensados e elaborados ao longo de 20 anos de observações empíricas, mas no seu enfoque porém, há 30 anos da sua origem. É verdade que, a sociedade económica e sua estrutura política bem como, a financeira, não acompanharam uma mesma velocidade. E os conceitos que foram interpretados de forma errônea, seja por administradores, economistas ou legisladores, não tinham o poder de transformar a realidade daqueles momentos históricos. Provavelmente por isso vê-se um retrocesso recorrente, fruto de resistência e desconhecimento prático dos modelos de transformação do pensamento, de vários intervenientes, nas ações que poderiam resultar em um tal desenvolvimento e maior progresso.

Há mais de 3 décadas, quando não serão 5 décadas, dependendo do assunto, já se observava indicações de enfrentamento digital, individualismo, protecionismo, nacionalismo, sustentabilidade económica e ecológica, previstos e previsíveis a partir das várias literaturas e estatísticas de cada setor económico internacional avaliado. Os livros O Choque do Futuro e A Terceira Onda, do renomado autor Alvin Toffler, nos idos dos anos 80, já comunicavam tais efeitos. A revista Time já mostrava uma futurista Curitiba em suas capas, nos idos anos 90. Os livros históricos de Santa Catarina do século XIX já ensinavam sobre as dificuldades gerais de enchentes no Vale do Itajaí e, análises empíricas de Secretarias Estaduais de Saúde¹ e Planejamento que por suas vezes, também nos anos 80 alertavam das dificuldades económicas do Sul do Estado.

Inclusive, da poluição de praias por esgotos clandestinos em todo o litoral e na própria ilha, na capital. Pagaram com votos os contribuintes, para que novos políticos e novos administradores inexperientes assumissem e fossem treinados naquela prática, para com tais novos serviços do futuro, darem cabo dos problemas do passado. Ao invés de aproveitarem-se do que já se sabia existir e como resolver, segundo um intercâmbio de ações e medidas novas e domésticas, ou ainda experiências internacionais comprovadas. Muitos definiram isso como democracia e outros, pediram um retorno de alguma ditadura, para corrigir erros populares, que na verdade foram um resultado de deseducação, desconhecimento e, desconstruções. Esqueceu-se que o câmbio e o juro desvalorizaram todo este esforço, que majorou o custo do futuro, em progressão geométrica.

Tentando recuperar o futuro naqueles idos anos 2000, praias foram estimuladas a terem suas areias limpas e higienizadas, peneiradas por equipamentos específicos de engenharia italiana especializada, cuja imigração curiosamente constitui quase metade daquela origem populacional regional. Entretanto, nenhuma legislação aduaneira de desagravamento tributário foi aprovada ou permitida para tal implantação, o que transformaria estas praias em valiosos produtos naturais e ainda, valorizadamente certificadas, pela famosa e internacional Bandeira Azul. Novos empregos e serviços, novos patamares profissionais e enriquecimento comunitário refletiriam em novos níveis tributários desenvolvimentistas que se alcançaria, ao contrário do arrecadatório. O meio ambiente e a ecologia também ganhariam!

Ciclovias implantadas à beira-mar, não provocaram um mínimo desenvolvimento e produção industrial de bicicletas, sejam apenas montadoras ou a implantação de um intercâmbio holandês, cuja legislação avançada incentiva este modal como o melhor meio de transporte dos Países Baixos; nem um incentivo para as tais modernas baterias de bicicletas elétricas, nem mesmo uma legislação com incentivos fiscais e compensações que à exemplo de Lisboa, foi implantado em Portugal recentemente, para incentivar este transporte também saudável.

Corrupção portuária e substituição de culturas agrícolas produtivas recentes, substituídas por duas ou três commodities de valor agregado baixo, provocaram destruição ecológica, falta de competitividade, perda de poder de compra e consequentemente, empobrecimento do Estado. Esta nova onda económica e científica, dita moderna do Agronegócio, foi iniciada há 30 anos, foi anestesiada durante década e meia por desvalorização cambial excessiva, provocada por swaps futuros² baseados em Petróleo. Uma geração económica é suprimida em favor de planos económicos de fundo político, característicos de alguma substituição da democracia por sistemas perenes insubstituíveis. Perfeitos dentro de outras características sociais que entretanto, não eram os planos ocidentais, anteriores ao fim do comunismo quando da queda do muro de Berlim, em 1989 e com o fim da URSS. Como numa guerra económica, a recorrente desconstrução serve para posterior reconstrução, ou problematizar para novamente resolver. Ou pequenos reinados de curto-prazo, que paladinam velhas novidades de quatro em quatro anos.

Obviamente que o capitalismo se transforma e, também deixa de existir na forma original, como passando pelo mercantilismo medieval que é ainda persistente em muitas sociedades retrógradas ou incipientes economicamente falando. É muito fácil observar estes efeitos em desastres sociais e estruturais, seja no favelismo ou na adicção química de parte da sociedade, como ocorre em alguns grandes centros brasileiros, à exemplo do que aconteceu na famosa Guerra do Ópio, na China do século XVIII.

Mais exemplos engrandecem estas colocações como por exemplo, a cultura de fazendas marinhas de ostras e mariscos diversos, que estacionam na sua evolução comercial quando não avançam nos estudos de bio-toxinas, ou na infra-estrutura de refrigeração e preservação dos produtos dentro da cadeia-produtiva que, permitiriam as exportações e o rápido incremento de preços, não só internacionais. Todos estes avanços incompletos provocam desperdício económico, poluição, agravo fiscal e tributário ou, consequentemente um empobrecimento generalizado, inclusive intelectual.

Ainda na fruticultura, as maçãs de exportação ricamente demandadas numa entressafra do hemisfério norte, ou os pescados de tamboril e arraias que, desconhecidas no mercado local tinham também um enorme peso comercial no norte oriental, como Ukrania e Korea do Sul, tiveram os seus negócios neutralizados e adormecidos por excessivo swap cambial, com controles técnicos de interesse duvidoso, fazendo trocar de mãos os negócios lucrativos iniciados por desbravadores e empreendedores comparáveis aos jesuítas navegadores dos descobrimentos, no Oriente. Obviamente que uma insegurança jurídica nacional, conjuntamente com uma produção advocatícia acima da média mundial, comprova a polaridade da moral e ética, como lembrou o jornalista político Moacir Pereira³ na sua coluna jornalística, sobre a rica Singapore. Este foi inclusive, um item do pensamento social católico, Catholic Social Thought - mencionado em artigos de ciência política holandesa, da Universidade de Twente.

As produções de maçãs, que poderiam desenvolver um maior valor agregado através dos exemplos de consórcios de exportação alemães, largamente propagandeados pelas câmaras de comércio e universidades dos anos 90, foram incompreendidas, a não ser por grupo de transportadores rodoviários privados que curiosamente o exploraram sem concorrência. Apenas estes, parecem hoje concentrar a maioria das exportações brasileiras de maçã gala, enquanto as ditas terras e regiões capitais da maçã, não o fizeram por si. A Nova Zelândia com sua variedade exclusiva Pink Lady®, exporta e licencia esta sua marca nacional de maçã. Ainda, ja foram também os maiores importadores de ostras marinhas…

Outro exemplo intrigante é a inexistência de compreensão em que importar é o que exporta ou também, exportar é o que importa. Indissociáveis, as exportações enriquecem e as importações abrem caminhos nesta era de Diplomacia Moderna e Relações Económicas Internacionais⁴. Obviamente que os governos dos Emirados Árabes Unidos perceberam estas oportunidades ao estabelecer junto aos governos europeus, incentivos económicos, tributários e imigratórios para importação de empresas estrangeiras, consequentemente num enriquecimento e bem estar das suas populações. A exemplo do pensamento ocidental de desenvolvimento que o hemisfério norte persegue, o hemisfério sul insiste em vitimizar, estimulando ignorância intelectual e sentimento anacrónico de racismo e xenofobia.

Ao invés, poderiam através de seus descendentes estimular uma dupla cidadania africana e uma ponte atlântica de desenvolvimento, que já existiu. A China tem investido em África inclusive, como o exemplo da indústria montadora de pick-ups e ônibus na Ethiopia, aquela terra do então Preste João⁵. Da era do Rei Rastafári Selassie, naquele reino supostamente cristão, que Vasco da Gama com seus marinheiros da igreja, conduziu e buscou enquanto do seu descobrimento do caminho marítimo sul-africano para o Oriente. Os apanharia naquele lado oriental da África, após a travessia terrestre de tais peregrinos…

Por fim, uma das principais contas de Exportação e Importação que sofre grande influência moderna da digitalização é o Turismo, esta importante conta do Balanço de Pagamentos internacionais que facilita e promove muito, seja através do Air b&b (bed and breakfast) e do Über, seja no câmbio, que tem influência em uniões económicas internacionais multilaterais e, em todos os outros itens elencados aqui neste capítulo. Os corredores de ônibus curitibanos, famosos em todo o mundo e citados anteriormente pela revista Time de 1990, ou a ausência de transporte marítimo na ilha de Santa Catarina, permitem ou impedem o desenvolvimento da região, poluem ou comprometem o princípio de liberdade de ir-e-vir, todas sendo contas de comércio exterior e diplomacia económica, que são ferramentas da modernidade para uma curiosa Globalização que outrora, os antepassados sempre perseguiram. Portanto parece irreversível este processo, sejam as gerações futuras que forem e vierem.

Referências

¹ Departamento de Saúde Pública de Santa Catarina (DASP) 1982
² Seguro cambial
³ Moacir Pereira, ND+SC jornal e televisão, Florianópolis, SC 01/05/2023
⁴ Livro de Diogo Ribeiro, Lisbon International Press, Lisboa, 2020
⁵ Líder religioso medieval católico, em África oriental