How to Save the Amazon é o título do livro inacabado que estava sendo escrito por Dom Philips com ajuda de Bruno Pereira. Os dois foram mortos por tentar proteger a Amazônia e todos que lá vivem.
Nas últimas quatro décadas, mais de 50 pessoas que lutavam bravamente pelas causas indígenas e para proteger a Amazônia dos fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais, foram brutalmente assassinadas, muitas na frente dos seus filhos e familiares, por denunciar os crimes que ocorrem na floresta. Jornalistas, ambientalistas e trabalhadores rurais foram vítimas dessa violência, mortos a sangue frio, durante seus trabalhos e até mesmo em suas casas.
Na batalha entre preservar nossas terras e explorá-las, quase todos os meses histórias são ceifadas, sendo que a maior parte dessas tragédias, 57%, ocorreram entre 2018 e 2022. Nessa guerra, perdemos muitos Josés, Joões, Nilces, Paulos e Kátias, que doaram suas vidas pelas nossas, e que agora têm suas memórias encontradas nas lápides dos cemitérios.
Como homenagem e como um grito de alerta por aqueles que foram mortos para que a Amazônia e os povos da floresta sobrevivam, vamos aqui nomear alguns deles:
Wilson Pinheiro
Wilson Pinheiro nasceu no ano de 1933 e morreu no dia 21 de julho de 1980, aos 47 anos. Ele foi um sindicalista que junto dos trabalhadores lutou bravamente pela defesa da Amazônia, o que resultou em sua morte. Wilson Pinheiro foi assassinado por fazendeiros que baniam sua ação, durante uma reunião com os trabalhadores na sede do sindicato. Num ato de covardia, Wilson foi assassinado pelas costas na frente dos seus colegas, sem nem sequer ter tido uma chance para se defender e nem mesmo tempo para lutar.
Chico Mendes
Nascido no dia 15 de dezembro de 1944, Chico Mendes foi um seringueiro e ambientalista brasileiro, que ficou conhecido por liderar movimentos ativistas na região da Amazônia. Chico lutava pelos direitos humanos e fez grandes obras durante sua caminhada, chegando a ganhar até mesmo reconhecimento internacional. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado na porta da sua casa, deixando filhos e esposa para trás. Foi morto pela sua luta contra o desmatamento e tentativa de proteger a floresta, sendo um dos mais importantes nomes de proteção à Amazônia.
Dorothy Stang
Dorothy Stang, ou Irmã Dorothy como era conhecida, foi uma ativista e religiosa norte americana de 73 anos que foi brutalmente assassinada pela sua tentativa de proteger o meio ambiente. Dorothy defendia a reforma agrária, a sustentabilidade e lutava corajosamente pelos mais empobrecidos. Nascida no dia 7 de junho de 1931 em Dayton, Ohio, nos Estados Unidos, Dorothy iniciou sua jornada em 1966 no Brasil, onde no dia 12 de fevereiro de 2005, em uma estrada de difícil acesso em Anapu, no estado do Pará, teve sua vida aniquilada.
Sebastião Bezerra da Silva
Sebastião Bezerra da Silva, foi um defensor dos direitos humanos que desapareceu no dia 26 de fevereiro de 2011. Após ter acusado um policial de tortura e tentativa de homicídio, o seu corpo foi encontrado no dia 28 de fevereiro de 2011, em uma fazenda no município de Dueré, Tocantins. Seu corpo havia sido enterrado e mostrava sinais de torturas, incluindo dedos das mãos e dos pés quebrados. Sendo assim, mais uma das vítimas assassinadas por tentar fazer o bem.
José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva
José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo da Silva, foram assassinados no dia 24 de maio de 2011. Eles eram líderes extrativistas e uns dos principais defensores da preservação da floresta amazônica. Por conta disso vinham recebendo ameaças de morte constantes por madeireiros, que provavelmente teriam sido os responsáveis por executá-los.
Adelino Ramos
No dia 27 de maio de 2011, três dias após o assassinato de José Cláudio e sua esposa Maria do Espírito Santo, Adelino Ramos foi executado. O camponês de 56 anos, levou tiros enquanto vendia verduras produzidas no acampamento em que vivia no estado de Roraima. Ele e um grupo de trabalhadores reivindicavam uma área na região para a criação de um assentamento, o que teria causado sua morte.
Vanderlei Canuto Leandro
Vanderlei Canuto Leandro de 32 anos, foi assassinado no dia 1 de setembro de 2011, alvejado por duas pessoas que seguiam numa moto. Ele era jornalista e atuava em um programa chamado “Sinal Verde”, transmitido pela Rádio Fronteira em Tabatinga, Amazonas, onde costumava denunciar supostas irregularidades e atos de corrupção. Supostamente esse teria sido o motivo de sua morte, um ato fatal que tinha o único propósito de calar Vanderlei.
Edwin Chota
Conhecido por suas ações contra o desmatamento na Amazônia, Edwin Chota era um ativista peruano que fazia parte da tribo Ashaninka e que foi assassinado no dia 1 de setembro de 2014 aos 54 anos, junto com três membros da Comunidade Nativa Alto Tamaya. Eles estavam a caminho da floresta para conhecer alguns líderes indígenas no Brasil, quando foram mortos. Edwin era bastante conhecido entre os ativistas indígenas e lutava bravamente para impedir que o abate ilegal de árvores destruísse sua casa. Ameaçado de morte pelos madeireiros, também não teve sua voz ouvida e foi mais uma vítima de assassinato, como muitos outros.
Jair Cleber dos Santos
Jair Cleber dos Santos, de 50 anos, era trabalhador rural e pai de dois filhos. Considerado o principal líder de um grupo de 300 famílias, eles plantavam roças e produziam grandes quantidades de alimentos para comércio no município. Assassinado no dia 23 de setembro de 2014, no município de Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará, Jair Cleber tentava conversar com o gerente Reginaldo Aparecido Augusto, que estava impedindo que os trabalhadores passassem pela estrada, onde infelizmente acabou por ser abatido a tiro.
Raimundo dos Santos Rodrigues
Raimundo dos Santos Rodrigues era um conselheiro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, na Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão. Odiado pelos madeireiros por denunciá-los, Raimundo foi mais um defensor do meio ambiente que teve sua vida terminada de forma trágica. Assassinado a tiro, Raimundo terminou sua luta contra os invasores do Amazonas no dia 26 de agosto de 2015, deixando para trás a esposa e filhos.
Simião Vilhalva
Simião Vilhalva Guarani, líder indígena do povo Guarani Kaiowá, foi brutalmente assassinado com um tiro no rosto no dia 27 de agosto de 2015. Ele procurava por seu filho em um córrego no município de Antônio João, Mato Grosso do Sul, na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu. O líder do povo Terena, Lindomar Terena, afirma que o atendimento por parte do Estado aos indígenas não existe e que a situação é praticamente de guerra.
Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza
Ataque de fazendeiros na região do Mato Grosso, ocasionou na morte do indígena, Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza. O assassinato aconteceu no dia 14 de junho de 2016, os Guarani-Kaiowá foram atacados a mando de fazendeiros, em Caarapó onde estavam localizados. Houve vários feridos no local, em um massacre que durou em torno de 13 horas.
Nilce de Souza Magalhães
Nilce de Souza Magalhães, conhecida como “Nicinha”, era defensora dos direitos humanos e uma das líderes do Movimento dos Atingidos por Barragem, que teve um fim trágico devido às suas batalhas. O corpo de Nicinha foi encontrado no dia 21 de junho de 2016, por trabalhadores em uma usina hidrelétrica na região de Jirau, Porto Velho, onde estava com as mãos e os pés amarrados com cordas ligadas a pedras, que mantiveram seu corpo debaixo d’água durante vários meses. Ela desapareceu no dia 07 de janeiro de 2016 em sua casa e foi mais uma vítima assassinada de forma brutal.
Edmilson Alves da Silva
Presidente do Assentamento Irmã Daniela, Edmilson, de 35 anos, foi morto a tiros em Japaratinga, Alagoas. Edmilson Alves da Silva, como era chamado, comandava ocupações e denunciava crimes ambientais e desmandos supostamente praticados por fazendeiros da região, o que familiares e amigos acreditam ter sido o motivo de seu assassinato, que ocorreu no dia 22 de janeiro de 2016.
Genésio Guajajara
Genésio Guajajara, foi mais um indígena assassinado no dia 11 de abril de 2016, no Maranhão. Residente na aldeia Formosa, Terra Indígena Araribóia, ele foi morto com pauladas e um tiro no tórax. O crime foi tratado como um assassinato “normal”, assim como muitos outros têm sido quando se trata de povos indígenas.
José da Conceição Pereira
José da Conceição Pereira, de 58 anos, era um líder comunitário conhecido como “Irmão do Coroadinho”, no estado do Maranhão. Devido às suas atividades comunitárias, José era bastante conhecido na região e já vinha sofrendo ameaças de morte há alguns meses. Seu assassinato aconteceu no dia 13 de abril de 2016, dentro de sua casa com um tiro na cabeça, enquanto assistia televisão.
João Natalício
Líder do povo Xukuru-Kariri, João Natalício teve sua vida cortada no dia 11 de outubro de 2016, por dois homens no agreste alagoano. Ele vinha lutando para defender seu povo e reivindicar suas terras ancestrais, que estavam sendo roubadas. João trabalhava na roça e estava se preparando para o trabalho quando foi esfaqueado.
Roberto Santos Araújo
Roberto Santos Araújo, de 35 anos, foi encontrado morto no dia 1 de fevereiro de 2017, na região de Ariquemes, no Vale do Jamari, Rondônia. Roberto era um dos coordenadores do acampamento Terra Nossa, que reivindica as terras da fazenda Tucumã. Recém-acampado, ele estava bastante entusiasmado pela luta camponesa, porém teve sua vida tirada antes que conseguisse alcançar sua vitória.
Waldomiro Costa Pereira
O servidor municipal Waldomiro Costa Pereira, foi morto na madrugada do dia 20 de março de 2017. Militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Parauapebas, no Pará, Waldomiro foi assassinado no hospital em que estava internado, após ser atacado em seu sítio, em Eldorado dos Carajás. Cinco homens armados entraram na UTI e atiraram em Waldomiro. Ele era casado e tinha cinco filhos.
Etevaldo Soares Costa
Etevaldo Soares Costa, foi executado no dia 04 de maio de 2017, na fazenda Serra Norte, em Eldorado dos Carajás. Ele era trabalhador rural e segundo testemunhas, teria sido vítima de uma emboscada. Durante a perícia, marcas de torturas foram encontradas em seu corpo, entre elas perfurações de espingarda e amputação de seus dedos feitos com instrumento cortante. Após sua morte, os números de vítimas em conflitos aumentaram em menos de uma semana.
Kátia Martins
Kátia Martins, presidente da Associação dos Trabalhadores de Assentamento em Castanhal, Pará, foi assassinada no dia 04 de maio de 2017. A trabalhadora e líder rural, de 43 anos, foi morta por dois homens quando chegava em sua casa e estava acompanhada de seu neto quando foi surpreendida por cinco tiros. O neto da vítima que presenciou a cena era uma criança de apenas 8 anos.
Rosenildo Pereira de Almeida
No dia 07 de julho de 2017, Rosenildo Pereira de Almeida, foi assassinado saindo de uma igreja em Rio Maria, Pará. Defensor dos direitos humanos, Rosenildo havia fugido do assentamento Santa Lúcia, após perceber que estava sendo perseguido. Infelizmente, não conseguiu escapar dos agressores e sua história acabou por ser mais uma que teve um fim trágico.
Valdemir Resplandes
Valdemir Resplandes foi assassinado a tiros em 09 de janeiro de 2018. Trabalhador rural e defensor dos direitos humanos, foi mais uma vítima a sofrer terríveis ataques por sair em defesa do nosso ambiente. De acordo com Valdemir, em uma entrevista feita ao programa Caminhos da Reportagem da TV Brasil, antes de sua morte, ele conta que já vinha sofrendo ameaças há um bom tempo. Conta também que já havia recorrido às autoridades, mas como na grande maioria dos casos, nunca foi ouvido. Valdemir Resplandes foi assassinado na cidade de Anapu, no estado do Pará, a mesma cidade em que Dorothy Stang foi brutalmente assassinada.
Carlos Antônio da Silva
Carlos Antonio da Silva, conhecido como “Carlão”, era líder comunitário na região de Paranatinga, Mato Grosso, quando foi assassinado. O ocorrido aconteceu no dia 07 de fevereiro de 2018 e ele já havia feito denúncias sobre ameaças que vinha sofrendo, mas nada foi feito a respeito. Deixando a filha e a esposa para trás, Carlos foi mais uma vítima que entrou para a lista.
Paulo Sérgio Almeida Nascimento
Um dos líderes comunitários da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia, Paulo Sérgio Almeida Nascimento, foi morto a tiros no dia 12 de março de 2018. Paulo era um dos diretores da associação, que fazia denúncias sobre crimes ambientais na região. Ele foi assassinado na porta da sua casa durante a madrugada, certamente por pessoas que eram alvo das suas denúncias.
Edemar Rodrigues da Silva
Edemar Rodrigues da Silva, foi assassinado no dia 04 de abril de 2018, em Ouro Preto, Roraima. Ele era um líder comunitário e pretendia voltar ao acampamento Nova Esperança, quando foi morto. Conhecido como "Galego ou Lalaco”, ele teria tido o corpo retalhado por uma faca, após ter sido alvejado por tiros.
Nazildo dos Santos Brito
Nazildo dos Santos Brito, líder de quilombolas na comunidade Turé III, no estado do Pará, foi assassinado no dia 14 de abril de 2018. Ele estava sendo ameaçado de morte por denunciar crimes ambientais na região. Nazildo pediu ajuda, mas ninguém lhe estendeu a mão. E sem proteção por parte das autoridades, Nazildo foi mais uma vítima assassinada.
Leoci Resplandes de Souza
Leoci Resplandes de Souza, sobrinho de Valdemir Resplandes, foi assassinado no dia 03 de junho de 2018, em Anapu, Pará. Ele tinha um filho de 11 anos e foi morto na frente de sua mulher, enquanto estava sentado no alpendre de sua casa. Anapu, tem virado um cenário de grande violência e assassinatos, ainda mais decorrentes após o assassinato da freira Dorothy Stang.
Lucas Lima Batista
No dia 8 de julho de 2018, um camponês chamado Lucas Lima Batista, foi assassinado a tiros por um bando de pistoleiros armados, que haviam invadido o acampamento Jhone Santos. Eles queimaram seus pertences, barracos e torturaram ao menos uma mulher e um jovem. Lucas de apenas 21 anos, lutava por um pedaço de terra, a fim de conseguir um lote para viver com dignidade, mas infelizmente teve sua vida interrompida por mais um crime cometido em ato de crueldade.
Ismauro Fatimo dos Santos
Ismauro Fatimo dos Santos, de 49 anos, foi mais um camponês assassinado. No dia 22 de julho de 2018, enquanto se deslocava de carro para o acampamento Enilson Ribeiro em Seringueiras, ao lado da filha, foi surpreendido por pistoleiros que o atacaram na estrada com tiros na cabeça. Esses grupos e outros, têm sido os responsáveis pelas mortes de camponeses e líderes de luta pela terra.
Juvenil Martins Rodrigues
Juvenil Martins Rodrigues, conhecido como Foguinho, era um dos líderes da ocupação da Fazenda Pontal, em Santa Maria das Barreiras, município do Pará. Ele foi assassinado a tiros no dia 01 de agosto de 2018. Trabalhador rural, ele tinha 59 anos e vinha sendo ameaçado por pistoleiros, que provavelmente foram os responsáveis por colocarem fim à sua vida.
Jorge Guajajara
Jorge Guajajara foi mais um cacique vítima de assassinato na região do Maranhão, que pega a Amazônia. De acordo com os policiais, o cacique teria morrido afogado acidentalmente, porém lideranças locais afirmam ter sido homicídio provocado por interessados em explorar reserva indígena. Morto no dia 12 de agosto de 2018, Jorginho como era chamado, lutava contra madeireiros e caçadores, que tentavam acessar áreas onde a caça para fins comerciais era proibida.
Katison de Souza
Katison de Souza era um camponês e Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores no estado do Pará. Ele foi assassinado no dia 13 de agosto de 2018, aos 39 anos, por conta do seu ativismo e lutas por disputas de terra na região. Como todos os outros, Katison também sofria ameaças, até que um dia, teve seu corpo encontrado em uma estrada.
Haroldo Betcel
Haroldo Betcel, morador do Quilombo Tiningu, no município de Santarém, Pará, foi morto no dia 29 de setembro de 2018. Segundo informações, ele teria sido assassinado pelo caseiro do empresário Silvio Tadeu dos Santos e seu filho, Silvio Tadeu Coimbra dos Santos. Haroldo havia o confrontado, devido a constantes ameaças que os quilombolas vinham sofrendo. E ainda de acordo com os moradores, o empresário e o caseiro, vinham desligando o microssistema de abastecimento de água na comunidade e jogando agrotóxicos na plantação de quilombolas, destruindo suas lavouras. O assassinato ocorrido foi mais um ato de violência e falta de fiscalização na região.
Aluísio Sampaio dos Santos
Aluísio Sampaio dos Santos, presidente regional do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, foi assassinado junto da BR-163, em Altamira, no sudeste do Pará. Aluísio era um ativista e lutava pela defesa de terras na região. Ameaçado de morte por grileiros, ele foi morto com vários tiros na cabeça no dia 11 de outubro de 2018.
Gilson Maria Temponi
Gilson Maria Temponi, foi mais uma vítima de assassinato que ocorreu no dia 15 de dezembro de 2018, no estado do Pará. Gilson era presidente da Associação dos Agricultores e líder de assentamentos na região. Como muitos, ele também era alvo de ameaças por pistoleiros, mas como nada foi feito, Gilson foi mais uma vítima de toda essa crueldade.
Francisco Pereira
Cacique da etnia Tukuno, Francisco Pereira de 53 anos, foi assassinado a tiros na comunidade Urukia, em Manaus, onde morava. Ele tinha muito envolvimento com aldeias indígenas e atuava como líder em 42 delas. Francisco Pereira foi morto no dia 27 de fevereiro de 2019, na frente de sua esposa e sua filha de apenas 11 anos.
Dilma Ferreira da Silva
Dilma Ferreira da Silva, era uma ativista amazônica que vinha lutando por direitos das pessoas atingidas por barragens e denunciando atos de violações. Nascida no dia 11 de fevereiro de 1972, Dilma teve o seu assassinato no dia 22 de março de 2019. Ela, o marido Claudionor Costa da Silva e o amigo do casal Hilton Lopes, tiveram um fim brutal dentro de sua própria casa. Os dois homens foram mortos primeiro, enquanto Dilma teve sua garganta cortada.
Nemis Machado de Oliveira
Nemis Machado de Oliveira, de 50 anos, foi morto no dia 30 de março de 2019, durante uma invasão de pistoleiros no seringal no Amazonas. Eles teriam atirado nos trabalhadores e queimado suas casas. Líder dos seringueiros, Nemis teve parte do seu corpo queimado e foi mais uma vítima de um ataque brutal localizado na região.
Enyra Wajãpi
Assassinado no dia 22 de julho de 2019 em uma região de sua aldeia, o cacique Enyra Wajãpi de 68 anos, teve o seu corpo encontrado pelos indígenas e sua esposa em um rio, com grandes sinais de violência. Segundo informações, ele teria sido morto a facadas em meio a uma emboscada. As terras indígenas estavam sendo invadidas por garimpeiros que ameaçavam e agrediam os moradores, o que provavelmente teria resultado no assassinato de Enyra.
Maxciel Pereira dos Santos
Trabalhador da Funai, Maxciel Pereira dos Santos, morto no dia 06 de setembro de 2019, atuava em defesa dos indígenas na Terra no Vale do Javari, na Amazônia. Maxciel de 34 anos, morava no município de Atalaia do Norte e trabalhava nas operações de combate ao garimpo, à exploração ilegal de madeira, à caça e à pesca ilegais. A região em que foi morto, foi a mesma em que o jornalista britânico Dom Phillips e o servidor Bruno Araújo Pereira desapareceram no dia 05 de junho de 2022.
Paulo Paulino Guajajara
Paulo Paulino Guajajara, de nome indigena Kwahu Tenetehar, foi assassinado no dia 1 de novembro de 2019. Paulo fazia parte de um grupo de agentes florestais indígenas que era chamado “Guardiões da Floresta”. No dia do seu assassinato, ele estava acompanhado de outro guardião que ficou gravemente ferido. Segundo informações, eles foram atacados dentro de seus próprios territórios, onde infelizmente foi colocado fim à vida de mais um defensor.
Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benício Guajajara
Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benício Guajajara, foram mortos a tiros no dia 07 de dezembro de 2019, após participarem de uma reunião a respeito de impactos ambientais de obras de linha de transmissão que existem dentro do território. Segundo informações, o assassinato havia sido planejado, Firmino e Benício eram caciques de suas tribos e suas mortes causaram grande revolta entre os indígenas.
Humberto Peixoto
Humberto Peixoto, indigenista de 37 anos do povo Tuiuca, morreu no dia 07 de dezembro de 2019, após ser espancado por pauladas. Ele era defensor de causas indígenas e membro da Copime, o que segundo a Coordenação, atribuiu a ele um crime de ódio.
Francisco Sales Costa Sousa
Francisco Sales Costa Sousa, de 60 anos, era um líder comunitário no estado do Maranhão, que foi vítima de um assassinato no dia 18 de dezembro de 2019, com dois tiros na cabeça. Ele foi morto enquanto tomava café dentro do barraco de terra batida, onde vivia. Francisco, entre tantos outros, foi apenas mais um que teve de perder a vida devido a falta de fiscalização na região.
Zezico Guajajara
Zezico Guajajara era professor e diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru, na aldeia Zutiwa. Ele atuava na defesa do território Guajajara e lutava contra a derrubada da floresta, denunciando a presença de invasores e roubo de madeira na TI Araribóia. Assim como muitos, ele já havia recebido ameaças de morte e comunicado às autoridades públicas, mas como de costume nada foi feito a respeito. Seu assassinato aconteceu no dia 31 de março de 2020, foi encontrado com tiros na Terra Indígena Arariboia.
Kwaxipuhu Ka’apor
Kwaxipuhu Ka’apor de origem indígena, foi espancado até a morte no dia 03 de julho de 2020 no povoado Nadir, onde morava com a família. Fruto de uma emboscada, ele e os demais guardiões da floresta, como é chamado pelos indígenas, lutavam contra as invasões em suas terras, feitas por madeireiros e traficantes em meio a ações clandestinas.
José Francisco Lopes Rodrigues
José Francisco Lopes Rodrigues, de 55 anos, foi mais um camponês assassinado em Arari, na baixada maranhense. Chamado de Quiqui, ele estava ao lado de sua neta de 10 anos que também foi baleada. O tiro foi feito no dia 03 de janeiro de 2022, mas ele foi levado a óbito cinco dias depois, 08 de janeiro de 2022. A baixada em que vivia com a família, era marcada por conflitos com grileiros, no qual infelizmente resultou no fim da vida de mais uma pessoa.
Família de ambientalista assassinada no Pará
No dia 09 de janeiro de 2022, José Gomes, Marcia Nunes Lisboa e a filha do casal, Joene, foram encontrados mortos na Ilha da Cachoeira do Mucura. Eles eram conhecidos pelo projeto de preservação de tartarugas e tracajás (quelônios) e outras atividades de proteção ambiental. Levando em consideração os fatos, tudo indica ser mais um assassinato encomendado pelos pistoleiros.
Bruno Pereira e Dom Phillips
O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, desapareceram no dia 05 de junho de 2022 na região do Vale do Javari, na Amazônia. Pereira e Phillips haviam partido da Comunidade São Rafael em direção a Atalaia do Norte, onde encontrariam alguns indígenas, porém foram perseguidos a caminho do local. Amarildo da Costa Oliveira e Oseney da Costa de Oliveira, teriam sido os responsáveis. Em depoimento à polícia, confessaram terem atirado, esquartejado e incendiado os corpos, além de os terem enterrado. O motivo do crime, segundo informações, teria ocorrido devido a Bruno e Phillips, serem bastante ativos na região contra crimes na floresta, o que provocou grande revolta aos transgressores, entre eles madeireiros, garimpeiros e pescadores, que já vinham os ameaçando fazia um tempo.
Nossas terras e nossos rios têm a marca do sangue e do suor de todas essas pessoas e, junto às famílias, choramos a perda de tanta gente importante e especial, que era sinônimo de luta e proteção dos que ficam e da Amazônia. Nós, que aqui estamos, temos que conhecer e falar sobre esse assunto, precisamos manter viva a esperança, viver nossa floresta para encontrar a mesma energia desses heróis e continuar a batalha por um mundo mais justo e sustentável.
O livro Amazônias, que será lançado pela editora Hummano, apresentará 20 ecossistemas florestais como o Pantanal, o Bornéu, o Serengeti, a própria Amazônia, os desafios das comunidades tradicionais que vivem nesses locais e as oportunidades que eles oferecem. O conhecimento se faz necessário para aprendermos a preservar nosso habitat, usá-lo sem prejudicá-lo e assim voltarmos a respirar o ar puro e o cheiro verde da natureza.