Ninguém nos preparou para depois dos 30... É socialmente aceite ter 40? A sociedade dita que nascemos, crescemos, estudamos, vamos para a faculdade, arranjamos um emprego, saímos de casa dos pais, casamos, temos filhos e depois… (vácuo)
Regra geral, cumprimos o que a sociedade espera de nós até aos 40 anos e depois? De acordo com a Pordata, em 2019 a esperança média de vida em Portugal era de 81 anos. Se os teus planos acabam aos 40, o que vais fazer durante os outros 40, 50, 60 anos?
É demasiado tempo para só cuidar dos filhos, dos netos, da casa e da carreira, à espera de ter energia para começar a viver a sério quase aos 70. Setenta anos de cérebro adormecido pela rotina sem propósito é muito tempo! Quem é que consegue aproveitar a vida nessa altura? Tão poucos… Que desperdício. Não me conformo!
É demasiado tempo para não criar algo que deixe uma marca positiva no mundo, para não fazeres algo que te mova, não porque “tem de ser”, mas porque é importante.
Já deves ter percebido, com certeza, que, teres um emprego como única fonte de rendimentos é tão seguro como teres todas as tuas poupanças contigo na carteira. A qualquer momento pode passar alguém mal intencionado, vir um vento mais forte e, oops, lá se foi. O pior é que, à medida que vais entrando nos “entas”, já é quase impossível arranjar emprego ou mudar de carreira. Qualquer percalço profissional tem o potencial de destruir vidas. Apesar de apenas termos trabalhado cerca de 17-22 anos e de ainda termos mais 26 anos (para já), até à reforma, são poucos os empregadores que estão dispostos a valorizar os trabalhadores mais experientes.
Queres mesmo estar nessa situação? Ou será melhor começares já a criar as tuas próprias oportunidades, mesmo que em paralelo. Quanto mais cedo começares a construir o teu negócio, o teu legado, mais seguro ficas. Mesmo que falhes, (e é muito provável que vás falhar várias vezes até acertares), mais fácil é recuares e mudares de direção, sem pores o teu futuro financeiro em risco. Tens mais tempo para repor algum investimento que percas, assim como tens mais tempo para transformar o teu negócio numa coisa realmente grande.
Porém, se deixaste o tempo passar e não começaste mais cedo, sabe que vais a tempo. A vida não acaba aos 40, e a vontade de fazer melhor, de fazer a diferença, não tem de acabar também. Se assim fosse, hoje não teríamos marcas tão populares como Marvel, Mary Kay, Coca-Cola, KFC, McDonald’s e Nestlé. Todos estes empreendedores continuaram a lutar pelos seus sonhos e fizeram acontecer até terem sucesso, fosse aos 40, 50, 60 ou depois.
No caso de Mary Kay Ash, nos anos 60, divorciada do primeiro marido e viúva do segundo logo após um mês do casamento, mãe de três filhos, foi aos 45 anos que teve forças para romper com o padrão. Após ver mais um dos homens que tinha formado no seu emprego a ser promovido em sua vez, decidiu despedir-se e começar o seu próprio negócio. Negócio esse que veio a transformar-se num império, graças a tudo o que aprendera durante aqueles 45 anos. À sua capacidade de vendas e à sua vontade de colocar as outras mulheres numa posição de poder, começando pelas suas colaboradoras.
Mary Kay acreditava que a sua missão era “fazer as pessoas sentirem-se importantes” e foi assim que conseguiu encorajar tantas mulheres a tomarem o futuro nas mãos, mesmo num mundo dominado pelos homens, especialmente ao nível dos negócios. Para Mary Kay Ash, construir o seu negócio era “muito mais importante do que apenas vender cosméticos; estavam a mudar vidas.” (tradução livre da autora)
Eu tenho 36 anos, e ver os 40 a chegarem mais perto, continua a ser estranho. Mas sei o que vou continuar a fazer depois, sei que vou ser capaz de fazê-lo e exemplos como os de Mary Kay Ash, ajudam-me a ver a importância de continuar a lutar para fazer a diferença. Porque em maior ou menor escala, sempre que decidimos levar a cabo a nossa missão, romper com os padrões estabelecidos e acreditar na nossa capacidade de contribuir para um mundo melhor, inspiramos alguém.
Por aqui, vou continuar a lutar para apoiar outras pessoas a começarem a empreender com método e consistência, acompanhá-las na criação dos seus legados, para que aumentem as suas hipóteses de sucesso. Isso motiva-me e tranquiliza-me ao mesmo tempo. E tu, quando vais começar a construir o teu legado e a inspirar os que te rodeiam?