No dia 3 de novembro do ano passado, o jornal The Intercept publicou uma matéria sobre o caso ocorrido em Santa Catarina, no Brasil, onde o título da matéria era que: jovem foi absolvido após decisão judicial por estupro culposo. Ou seja, que um homem tinha sido inocentado de um crime porque ele violou uma mulher sem ter a intenção de violar.
Antes de começar qualquer avaliação sobre o assunto, eu não tenho como deixar de fazer uma observação, que por algum motivo de força maior, tudo que chega no Brasil, chega corrompido e distorcido. E o conceito do jornal Intercept não foi diferente. O Intercept nasceu em Nova Iorque, através da empresa First Look Media, com a intenção de ser uma mídia alternativa e incorruptível. Um espaço onde verdadeiros pensadores pudessem através de investigações independentes expor as farsas da mídia convencional. Mas pelo visto no Brasil não. Com uma matéria destas, fica claro que o Intercept no Brasil apenas segue a regra das tradicionais mídias vinculadas a grandes empresas, e assim como estas, somente serve para “jornalistas” utilizarem como palanque político e ideológico.
Agora vamos analisar o que aconteceu. O jornal Intercept (Brasil) publicou uma matéria alegando que um jovem, conhecido como Aranha, teria violado uma jovem, conhecida como Mariana Ferrer, e supostamente teria sido inocentado porque o juiz teria decretado “estupro culposo”, ou seja, sem a intenção de vioilar.
A repercussão da matéria perante a revolta geral da população nacional foi tanta, que o juiz do caso teve que retirar o sigilo de todo processo, e inclusive das imagens do julgamento, para provar que em nenhum momento a justiça decretou o que estava sendo alegado pelo Intercept. Em nenhum momento de todo processo alguém menciona, ou escreve, ou decreta, tampouco sugere, a palavra e conceito, estupro culposo.
E creio que o mais absurdo de tudo, é que mesmo depois da justiça decretar que o Intercept deveria se retratar, eles continuaram insistindo no erro, e alegando que o que criaram foi um conceito para explicar em uma linguagem mais popular para o público leigo a decisão da justiça em relação ao processo.
Bem, realmente tem que ser muito leigo e muito popular mesmo, para não ficar evidenciado de que isso nada mais foi do que uma tentativa de proteger o “jornalista” responsável pela matéria, assim como o editor. Porque caso ainda não tenha ficado claro qual foi o problema aqui, então eu vou explicar.
O problema é que o jornalismo não pode de jeito nenhum passar por cima da justiça e promover uma sentença popular. Se for assim, então nós vamos voltar aos tempos do linchamento em praça pública.
A matéria foi publicada com a intenção de manipular a opinião pública de que neste caso, houve uma injustiça contra a garota, e que o rapaz teria saído ileso. Quando na verdade, deveria se ater aos fatos. E os fatos são: o rapaz e ela estiveram sozinhos por uns quinze minutos dentro de uma sala sem câmeras. Ele diz que não aconteceu nada. Ela diz que foi violada. Fim. É a palavra de um contra o outro. Não existem evidências para sustentar nem a afirmação de um, tampouco a afirmação do outro. Sendo assim, não existe como você condenar alguém.
Porém, o jornal Intercept Brasil simplesmente pensou ser digno de passar por cima de uma decisão judicial e anunciar que o jovem foi inocentado por não ter tido a intenção de cometer o crime, quando na verdade, ele foi inocentado por falta de evidências.
Por mais difícil que seja, o verdadeiro jornalismo tem que ser imparcial, independente de política e/ou ideologia. O verdadeiro jornalismo não pode simplesmente tomar partido, promover julgamentos ou manipular opiniões. Caso contrário, deixa de ser jornalismo e passa a ser veículo de mídia. E o Intercept com essa matéria, apenas provou o que já é evidente, e que hoje em dia, infelizmente, não existe mais mídia independente da forma como acreditávamos existir.
E o mais perigoso de tudo, é que com uma experiência social como esta que ocorreu no Brasil, eu paro para me questionar, até que ponto vai a liberdade de expressão? Porque uma coisa é uma pessoa manifestar sua opinião, enquanto outra totalmente diferente é a manipulação de toda uma nação. E torna compreensível, que foi exatamente por atitudes desta como a do jornal Intercept Brasil, que diversas vezes na história mundial um líder veio a censurar todos os veículos de comunicação do seu país.