Esta exposição-ensaio tem apenas um assunto: Ana Hatherly e o Barroco. No entanto, não nos centramos apenas na influência do Barroco nas obras da artista, mas em como a investigação e experimentação de Ana Hatherly revalorizou esse denegrido período histórico e modificou a nossa conceção do passado – afinal, a tradição é um território inexplorado de aventura e de contínuo espanto.
Deste modo, juntando objetos, obras e documentos de períodos históricos distintos, que Ana Hatherly analisou ou indicou nos seus ensaios, organizamos um percurso expositivo a partir de categorias essenciais do Barroco: o Mundo como Labirinto; a importância do Lúdico; a Vida como Nada diante da Morte; a Alegoria e a folia da Interpretação; o Diálogo oblíquo entre pintura e poesia; e a Metalinguagem da obra de arte que se reflete a si mesma.
São muitas as portas de entrada neste edifício, pois também foram variadas as declinações da obra de Ana Hatherly: nos ensaios e investigação académica; na poesia e na prosa; nos desenhos, nas re-colagens, nas performances, nos filmes, nos programas televisivos… Um labirinto onde tudo gira à volta da escrita, como afirmou. Esse jardim feito de tinta, onde a artista reinventa o mundo caminhando por entre signos, é o lugar enigmático do jogo – e desta exposição como jogo.