A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir do sábado, 20 de maio de 2017, a primeira individual do artista chileno radicado em New York Felipe Mujica no Brasil. O título da mostra, Sombras Imaginarias vienen por el Camino Imaginario, toma emprestado um trecho do poema “El Hombre Imaginário”, do poeta e matemático chileno Nicanor Parra - auto-descrito um “anti-poeta, para exibir um conjunto de novas cortinas, uma grande instalação de parede criada com serigrafias e um livro de artista sobre suas ações colaborativas escultóricas.
As cortinas apresentadas aqui dão continuidade ao projeto do artista exibido na 32ª Bienal de São Paulo, em 2016. Os painéis de tecido são exibidos em forma de instalações móveis e interativas, criados em parceria com o grupo Bordadeiras do Jardim Conceição - formado por cerca de quarenta moradoras desse bairro na cidade de Osasco. Também chamadas de bandeiras e de banners, as peças carregam expectativas e discussões políticas pela maneira como são criadas e pela utilização de técnicas que se aproximam mais do trabalho artesanal e caseiro, que de trabalhos criados com técnicas acadêmicas. Para o artista, ações como cortar, dobrar, costurar e bordar tecidos manualmente são humildes atos de resistência. Os painéis trazem desenhos baseados na abstração geométrica, sua história e sua transformação, desde seu surgimento na Rússia, no início do século XX até seu desenvolvimento em movimentos artísticos da América Latina, suas possibilidades formais, sociais e políticas. Esses desenhos também se inspiram em criações visuais de povos indígenas das Américas, adicionando outra possível camada de associações ao trabalho. Penduradas no espaço, as cortinas de Mujica flutuam e movem-se, funcionando como arquiteturas funcionais flexíveis, organizadores de espaço e paredes temporárias que canalizam a percepção do público para o espaço e para a circulação.
Uma grande instalação de parede é criada com uma série de serigrafias de imagens apropriadas. Cartazes políticos, imagens psicodélicas, design gráfico japonês e capas de publicações de ficção científicas, realizados entre as décadas de 1950 e 1970, são modificados, reorganizados e reimpressos pelo artista, tendo como objetivo principal a investigação da cultura simbólica e seu estatuto social – regras de organização, funcionalidade e compreensão coletiva. As imagens são unidas por uma linguagem visual formal e universal ligada aos sistemas de produção do seu tempo. Entre as décadas de 1950 e 1970, floresceram em todo o mundo movimentos comunitários, coletivos e feministas, pedagogias experimentais e contracultura.
A exposição se completa com o livro de artista intitulado “Linea de Hormigas”, composto por imagens de uma série de esculturas homônimas, realizadas entre 2007 e 2015. Muitas dessas obras representadas na publicação foram realizadas em colaboração com outras pessoas, que seguiram as instruções do artista.
Sempre usando os mesmos materiais - varetas de madeira e fita isolante, tem se o resultado de esculturas efêmeras com aparência modernista. O livro, que tem 92 páginas e tamanho de 28 x 20 cm, sintetiza as experiências do artista em aproximar educação e arte, tendo como aspecto fundamental deste método a abertura da criação da obra de arte e o diálogo com outros artistas, com o público e com comunidades.
Produzidas com materiais e técnicas distintas, suas cortinas, suas serigrafias e suas peças escultóricas costuram saberes pessoais formados por diferentes repertórios e experiências, unidos como lados complementares de uma mesma realidade: o trabalho criativo coletivo.