Em sua nova exposição no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, Luiz Zerbini expõe gravuras pela primeira vez em sua longa carreira. Monotipias é o resultado da imersão do artista nesse universo com o impressor João Sánchez. Os dois saíram do Rio de Janeiro rumo a Inhotim em um caminhão levando uma prensa. Chegando lá, foram em busca das espécies raras do Jardim Botânico que serviriam de matrizes para estas obras.
Em incursões passadas pela gravura, Zerbini nunca se satisfazia com os trabalhos. As gravuras lhe pareciam adaptações de suas pinturas e essa falta de autonomia o incomodava. Durante o desenvolvimento do livro de artista Minhas Impressões (UQ! Editions, 2016), porém, sua relação com a técnica mudou. As monotipias com plantas apareceram como uma subversão da técnica, uma impressão direta em que as espécies são utilizadas como matrizes para as próprias imagens.
As composições privilegiam contornos e texturas de cada espécie em uma paleta reduzida de marrons, verdes e pretos. As espécies ocupam o papel – sempre do mesmo formato vertical – em movimentos distintos. A singular Costela de Adão se mostra inteira, frontal, como num retrato em close-up. Já o Ipê é desfeito em fragmentos positivos e negativos que se sobrepõem numa nuvem cinza. Outros trabalhos flertam com imagens da história da arte. A Embaúba, em corte seco e alto contraste, nos faz pensar nas flores de Andy Warhol, assim como o Jardim Japonês, que aspira a outras épocas e também a outros estados de contemplação. Se a técnica aparece como uma novidade, a flora tropical largamente conhecida de suas pinturas reaparece como a musa central. Os trabalhos revelam um tipo de simplicidade que só um longo tempo de observação proporciona. Há uma troca evidente e incessante entre o olhar do artista e essas plantas.
Luiz Zerbini nasceu em 1959, em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1982. Entre suas exposições recentes, destacam-se as individuais: amor lugar comum, Inhotim (Brumadinho, 2013 – atual); Pinturas, Casa Daros (Rio de Janeiro, 2014); Amor, MAM (Rio de Janeiro, 2012). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: Inhotim (Brumadinho), Instituto Itaú Cultural (São Paulo), MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, entre outras.