A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar a nova exposição de Lucia Laguna. Esta é a segunda individual da artista na Galeria, e sua primeira exposição após Vizinhança, mostra panorâmica dedicada à sua obra no MASP em 2018. Neste novo conjunto de pinturas, Lucia dá continuidade à divisão entre as séries de Jardins, Paisagens e Estúdios que norteia sua produção desde o início. Tal divisão aponta para a indissociabilidade que há entre o processo artístico de Laguna e o espaço de seu ateliê, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. É a partir dele – e da observação de seu entorno, que vai de seu jardim até o Morro da Mangueira – que a artista compõe paisagens híbridas, mesclando arquitetura e vegetação, planos geométricos e elementos figurativos.
Paisagem n. 121 evidencia bem o método da artista. De início, Lucia permite que seus assistentes comecem o processo, delimitando linhas sobre a superfície da tela e inserindo desenhos e outros sinais gráficos. Quando a artista assume o comando da obra, dá-se início a desconstrução do que ali já estava, para que então se construam novos cenários por cima de sobreposições que acumulam dezenas de camadas até o resultado final.
Um peculiar cruzamento entre abstração e figuração, em jogo em sua produção, torna-se evidente no díptico Paisagem n. 118. Ao passo em que a pintura à esquerda revela uma paisagem dissolvida, quase líquida – portanto, mais abstrata –, à direita vemos uma composição mais fincada na figuração, com a presença de elementos como pássaros e um semáforo de trânsito. Este convívio entre registros pictóricos de naturezas distintas também está em Paisagem n. 120 , obra em que a artista experimenta com o formato vertical, pouco usual em sua produção.
Já em Jardim n. 44, destaca-se uma outra característica da metodologia de Laguna: a tela, em formato quadrado, que é virada de ponta-cabeça diversas vezes durante sua feitura. Assim, a profusão de cores e figuras que desabrocham do centro da pintura pode assumir aparências ambíguas, ora evocando um buquê de flores, ora um galo, dependendo da direção em que é vista.
Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes (RJ) em 1941. Formou-se em Letras em 1971, passando a lecionar Língua Portuguesa. Em meados dos anos 1990, começou a frequentar cursos de Pintura e História da Arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e realizou sua primeira individual em 1998. Ganhou em 2006 o Prêmio Marcantônio Vilaça do CNI SESI. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: Vizinhança, MASP (São Paulo, 2018); e Enquanto bebo a água, a água me bebe, MAR (Rio de Janeiro, 2016). Suas principais coletivas incluem participações em: 30ª Bienal de São Paulo (2012), 32º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (2011), Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005–2006). Em abril deste ano, a artista estará na 12ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como MASP, MAM-SP, MAM-RJ, MAR, entre outras.