A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta, de 7 de dezembro de 2019 a 2 de março de 2020, a exposição Jorge Pardo: Flamboyant, que ocupa o Octógono do edifício Pina Luz. Com curadoria de Jochen Volz, diretor-geral do museu, a mostra apresenta uma instalação interativa inédita composta de 14 peças que convida o público a experimentar um momento de fruição e de contemplação. Considerado um dos mais importantes artistas da atualidade, o cubano vem utilizando-se das linguagens do desenho e da escultura a fim de explorar os limites entre a arte, o design e os espaços de convivência.
A tática de Pardo tem sido a de inverter a desmaterialização conceitualista inicial do objeto de arte para homenagear as coisas imaginadas no plano material. Assim, sua trajetória criativa, que ganhou grande destaque nos anos 1990 como parte do movimento de estética relacional – termo cunhado pelo crítico francês Nicolas Bourriaud –, inclui tanto mostras individuais em instituições renomadas internacionalmente e participações nas grandes exposições coletivas, como a 57ª Bienal de Veneza, como a decoração de hotéis, a exemplo do recém-inaugurado L´Arlatan, residência artística e hotel situado em Arles (França), e a ambientação de restaurantes, como o do Hammer Museum, em Los Angeles, e o do parlamento do governo federal alemão, em Berlim.
“Estou interessado em perguntar: onde a arte supostamente deve parar? É quase impossível controlar onde o movimento começa e onde termina”, afirmou o artista em abril de 2019, em entrevista a uma revista norte-americana. Para o Octógono da Pinacoteca, Pardo desenvolve um “espaço de estar” composto de um tapete redondo listrado de amarelo, de cobre e de laranja, treze luminárias e de sete cadeiras de balanço, todos desenhados e fabricados por ele. O conjunto propõe evocar uma experiência familiar à do descanso sob o pé de uma árvore, convidando o visitante a desfrutar das frondosas peças que, assim como o flamboyant, exalam uma beleza transitória.
A obra dialoga ainda com a arquitetura e a história do edifício da Pinacoteca que, até 1911, sediou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. “A relação entre as belas-artes e as artes aplicadas foi fundamental na origem da Pinacoteca. É interessante que Pardo retome a discussão um século depois. A instalação de luminárias faz claramente uma referência ao grande chandelier instalado no Belvedere, antiga entrada principal do museu, cujo acesso era realizado pela Avenida Tiradentes” explica Jochen Volz.
Concebidas digitalmente, compostas de centenas de pedaços de plástico reciclado, de aço e de alumínio, cortadas a laser e finalizadas à mão pelo estúdio do artista, as luminárias estão penduradas em uma malha de cabos de aço rebaixada no espaço do Octógono. Seus efeitos são sempre revelados somente no espaço. "Gosto de trabalhar dessa maneira", comenta Pardo a respeito da técnica digital que permite criar arranjos complexos. "Você não sabe como será até acender a luz."
A composição do ambiente homenageia a pintura The Painter´s Studio [O ateliê do pintor], 1855, de Gustave Courbet. Tal como o artista francês concebeu aquela obra como espécie de alegoria de seu tempo e em referência a diversos signos de seu universo de influências (figuras da sociedade, a modelo nua como referência à academia, entre outras), o cubano presta sua própria homenagem ao celebrado pintor realista, transformando algumas das figuras de sua obra em ornamentos para as cadeiras. “Essa imagem de Courbet me chamou atenção porque evidencia uma negligência organizacional na qual a profundidade de campo é inexistente, revelando um ar de inacabado. O que me inspira a criar uma atmosfera na qual há um balançar em uma boa cadeira sob uma bela luz”, reflete o artista.
A exposição tem patrocínio da Tiffany&Co e Alexandre Birman e sua realização só foi possível graças ao apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e ao PROAC ICMS.