Qual é o objetivo da universidade? Diria que deveria ser a aquisição de cultura, conhecimento geral. A riqueza da universidade está na pluralidade. O que torna uma escola especialmente relevante e notável é – ou deveria ser - a diversidade de visões, não são os estilos nem os formalismos, cada aluno deve encontrar e conceber o seu mundo. Uma das características básicas de um intelectual é manter-se um “open minded”, estar constantemente interessado em adquirir conhecimento através de uma mente desobstruída. A universidade, como o próprio nome o indica, é universal, variada, um lugar de encontros e visões diferentes, complementares e até opostas. Qualquer universitário deve ter interesses gerais e particulares, nos quais os anos de formação são sensivelmente definitivos: adquirem-se hábitos que perduram toda a vida.
As universidades de arquitetura, ao serem tão rigorosas, impedem que o estudante desenvolva um programa complementar que o ajude na sua formação humanística. Os alunos terminam os estudos com uma elevada formação técnica, sem dúvida, mas falta-lhes a base imprescindível para a sua vida intelectual. A exigência dos estudos impede que os alunos tenham o necessário e o devido tempo para remediar essa carência. Os hábitos de leitura, por exemplo, foram abolidos das escolas de arquitetura. Os estudantes não leem, nem sabem ler. Na melhor das hipóteses, folheiam revistas e isso é algo preocupante. A perda do sentido de leitura é a maior debilidade, é uma inversão de prioridades, para ser arquiteto não é necessário desenharmos excelentemente mas sim ter a cultura e sentido crítico necessário para o desempenho da profissão. O sentido do desenho consiste em ter a mão educada, para se ser capaz de expressar ideias com suficiente habilidade. Em contrapartida, sem cultura não há nada para expressar.
A educação e os valores que esta transmite são extremamente importantes sendo que a grande lacuna está no facto de os alunos terminarem os estudos com uma formação técnica muito boa, mas sem ideias, sem bases, sem capacidade crítica. Não têm crédito. Este é o problema. O que é que um professor, para além da capacidade de gerar entusiasmo, deve transmitir aos seus alunos? Crédito. Capacidade de decidir e assumir: isto está bem ou isto está mal sendo que o critério vem da formação. É uma atitude que permite analisar, criticar, clarificar e metabolizar aquilo que realmente é interessante e rejeitar aquilo que não é.
Ser arquiteto é a profissão mais bonita do mundo. Não podemos negar que o caminho é árduo, requer um esforço permanente e continuo, mas a recompensa vale tudo. Não pode haver nada mais satisfatório que os sorrisos dos outros, a felicidade alheia derivada dos edifícios por nós concebidos. Temos que nos dedicar a esta profissão partindo de um otimismo quase utópico, uma vez que a mesma não se coaduna com o negativismo. Ser otimista significa acreditar que podemos resolver problemas de uma forma correta, significa acreditar nos valores da beleza, bondade e verdade.
A arquitetura é complexa, diversificada e ramificada. Um dia alguém nos disse que só existem dois tipos de arquitetura: a boa e a má. Assim sendo, devemos admirar profundamente toda a boa arquitetura, seja ela qual for. Isto permite-nos multiplicar o grau de disfrute. O encanto de um mundo como o nosso é a convivência de aproximações díspares, a oferta simultânea de opções distintas. O que é atualmente o melhor da arquitetura? Sem dúvida, a sua diversidade.