A tenista Maria Sharapova é exemplo de esportista bem-sucedida da atual geração. Queridinha do público e dona de uma beleza que se encaixa no padrão atual da sociedade, a russa já conquistou importantes títulos na modalidade que pratica, além de fechar contratos milionários com algumas das marcas de maior prestígio do mundo. Por isso, é a esportista mais bem paga do planeta. Ou melhor, era. Todo o reinado conquistado na vitoriosa carreira como tenista (e modelo) pode ir por água abaixo graças ao teste positivo para Meldonium no exame antidoping em que caiu no mês de março.
Até os mais inocentes fãs do esporte sabem que o uso de substâncias proibidas é um problema crônico no esporte de alto rendimento. Embora os casos mais famosos de grandes campeões pegos no antidoping datem de umas décadas atrás (o canadense Ben Johnson perdeu a medalha de ouro no 100m rasos de Seul-88, por exemplo), a recente onda de atletas flagrados coloca em xeque a credibilidade de diversas modalidades.
Além do caso no tênis com a musa Sharapova, a Rússia está novamente em maus lençóis no atletismo e corre até o risco de não poder mandar atletas para as Olimpíadas deste ano. Isso porque a confederação russa está suspensa de qualquer competição oficial por ter supostamente acobertado vários escândalos de doping no decorrer dos últimos anos, quando 28 esportistas do país foram flagrados em exames. Medalhistas olímpicos em Londres-2012 como Sergey Kirdyapkin e Olga Krasnikina, na marcha atlética, e Yulyia Zaripova, nos 3 mil metros com obstáculos, devem ter suas conquistas cassadas nos próximos meses.
Caso a Federação Internacional não retire o banimento a tempo, nomes como Yelena Isinbayeva, do salto com vara, e os atuais campeões olímpicos Ivan Ukhov e Anna Chicherova, ambos do salto em altura, não poderão competir no Rio de Janeiro. Quem também não deve vir ao Brasil em agosto é a nadadora Yulia Efimova, quatro vezes campeã mundial. O vilão é novamente o Melonium. Como a jovem de 23 anos é reincidente (já havia sido suspensa por 1 anos e 4 meses da primeira vez), ela pode ser excluída do esporte para sempre.
Infelizmente, não é apenas na Rússia que competidores de alto nível têm sido flagrados utilizando substâncias ilícitas para melhorarem o rendimento. Aqui mesmo no Brasil, duas atletas que já estavam confirmadas na próxima Olimpíada foram pegas: a velocista Ana Claudia Lemos e a maratonista Sueli Pereira da Silva. Ambas estão temporariamente suspensas de qualquer competição e, se a contraprova não indicar que houve erro nos exames que indicaram a irregularidade, não poderão competir nos Jogos Olímpicos deste ano.
Em meio a tantos escândalos, os organizadores do Rio-2016 prometem fazer uma força-tarefa para evitar que atletas que tenham ingerido substâncias proibidas se tornem a atração principal do megaevento - e sequer participem dele. O governo federal até instituiu um novo Código Brasileiro Antidopagem, que inclui a criação de um tribunal exclusivo para julgar os casos de doping. As federações de todos os esportes - principalmente do atletismo - já estão mais do que preparadas para lidar com eventuais testes positivos durante os Jogos. Bom mesmo será se as drogas, de fato, ficarem de fora da festa.