Existe alguma coisa melhor do que chegar ao lugar mais alto do pódio em uma Olimpíada? Existe: ver um compatriota seu logo no degrau abaixo. Em potências de determinados esportes, como a Jamaica no atletismo ou a China no tênis de mesa, isso acontece o tempo todo. Os chineses levaram ouro e prata nas competições individuais masculina e feminina dos dois últimos Jogos. Nos 100 e 200 metros rasos em Londres-2012, o fenômeno Usain Bolt teve a companhia de Johan Blake, outro jamaicano, na segunda colocação. Com o Brasil, porém, a situação é mais rara.
Das 25 medalhas de ouro conquistadas pelas delegações olímpicas brasileiras até agora, em apenas uma oportunidade a prata também veio para o Brasil. A dupla de vôlei de praia Jackie Silva e Sandra Pires, logo na primeira aparição da modalidade nas Olimpíadas, conquistou o título em cima das também brasileiras Mônica e Adriana Samuel em Atlanta-96. Agora em 2016, as possibilidades dos atletas conseguirem a chamada "dobradinha" cresceram. Confira:
Favorita: Vôlei de praia feminino - Larissa/Talita e Agatha/Barbara
Se há uma competição em que a dobradinha é esperada, é o vôlei de praia feminino - novamente. Campeã do World Tour Finals em 2015, a dupla Larissa/Talita é a grande favorita ao título e chegou a ficar incríveis 61 partidas sem perder ano passado. O único senão foi o Campeonato Mundial, em que as atletas foram eliminadas nas oitavas de final para as também brasileiras Juliana/Maria Elisa, que não conseguiram classificação para o Rio.
As campeãs do torneio mais importante do ano passado foram as conterrâneas Agatha/Barbara, a outra parceria que representará o Brasil em agosto. Líderes do ranking mundial, a paranaense e a carioca foram derrotadas pelas alemãs Ludwig/Walkenhorst na semifinal do Finals, mas ainda estão cotadíssimas para uma vaga na final olímpica.
A atual tricampeã na modalidade, Kerri Walsh, está machucada e corre o risco de não se recuperar a tempo de conseguir a classificação. As duplas europeias estão crescendo, mas conseguir um lugar na semifinal já estará de ótimo tamanho para alemãs, holandesas e italianas.
Provável: Vôlei de praia masculino – Bruno Schmidt/Alison e Evandro/Pedro Solberg
Maior potência do vôlei de praia atual, o Brasil pode repetir a dobradinha também entre os homens. Todas as fichas estão no carioca Bruno Schmidt e no capixaba Alison, vencedores dos três campeonatos mais importantes de 2015. Depois de um início de temporada lento, os brasileiros engataram uma sequência de cinco conquistas seguidas de etapas do Circuito Mundial.
Não muito atrás aparecem Evandro e Pedro Solberg, com quatro pódios em 2015, incluindo as medalhas de bronze no Mundial e no Finals. Em ambas as oportunidades, os brasileiros foram derrotados nas semifinais por fortes candidatos ao pódio no Rio - os holandeses Nummerdor e Varenhorst e os norte-americanos Lucena e Dalhausser, respectivamente. Quem sabe nos Jogos não é a vez de Evandro/Pedro Solberg se vingarem?
Possível: Maratona Aquática - Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto
Eleita pela segunda vez a melhor atleta da maratona aquática feminina, Ana Marcela Cunha é uma das candidatas ao ouro no Rio - tanto que a empresa Infostrada, que faz previsões sobre o pódio em todas as modalidades da olimpíada, lhe dá a primeira posição nas águas abertas. A baiana de 23 anos é bicampeã mundial, porém na prova de 25 km (em Jogos Olímpicos, só há disputa nos 10 km). Mesmo assim, a nadadora tem boas chances, já que possui duas medalhas em mundiais passados nessa distância: prata em Barcelona-13 e bronze em Kazan-15.
Uma possível companheira de Ana no pódio é a experiente Poliana Okimoto, de 32 anos. A paulista conseguiu a classificação para as Olimpíadas ao chegar em sexto lugar na disputa dos 10 km do último Mundial. Mas não duvide dela: Poliana conquistou nada menos que três medalhas em Barcelona-13, incluindo o ouro justamente na medida olímpica de 10 km.
Improvável: 50m livre - Bruno Fratus e Cesar Cielo
Campeão olímpico na prova mais rápida da natação em Pequim-08, Cesar Cielo é uma grande dúvida para os Jogos do Rio porque ele simplesmente ainda não está classificado. Na primeira chance que os nadadores daqui tiveram de se garantirem nos Jogos, em dezembro do ano passado em Palhoça (SC), Cesão decidiu deixar a competição após um decepcionante 11° lugar nos 100m livre, antes mesmo de disputar sua principal prova, os 50m. Agora, não tem jeito: precisa fazer o índice olímpico na seletiva de abril e ainda conseguir melhor marca que pelo menos cinco dos seis brasileiros que já superaram o índice da prova mais rápida da natação, uma vez que o limite é de dois nadadores por país por prova.
Quem fez bonito em Santa Catarina, por outro lado, foi o (quase) garantido Bruno Fratus. Medalha de bronze em Kazan com 21s55, Bruno foi o mais rápido e cravou 21s50 - a marca exigida para o Rio-16 é 22s27. Quem tem mais chances de estragar uma possível festa brasileira na Olimpíada é o francês Florent Manaudou. Atual campeão olímpico, o atleta de 25 anos também levou o ouro no último mundial, com o forte tempo de 21s17. Vencê-lo no Rio não será tarefa fácil.