Um dos grandes compositores da história da música teve que lidar com uma terrível sentença: a surdez iminente. Mas seu poder de superação foi tão excepcional, que hoje temos a oportunidade de apreciar as mais belas composições da música clássica já existentes. Ludwig van Beethoven foi esse homem. Conheça agora um pouco da sua vida.
Considerado um dos maiores compositores de seu tempo, Ludwig van Beethoven era um inovador. Mas apesar de ser um gênio da música, Beethoven era um homem solitário e foi infeliz em grande parte de sua vida adulta. Tinha o pavio curto, era distraído, ganancioso e desconfiado ao ponto de ser paranóico. Por estas e muitas outras questões, como ser extremamente tímido e nada atraente, Beethoven nunca se casou ou teve filhos. Entretanto, foi perdidamente apaixonado por uma mulher chamada Antonie Bretano, a mesma que inspirou a história do filme “Minha Amada Imortal”.
Sua história com a música começa ainda muito cedo, quando o pai, um homem rígido e severo passou a ensinar-lhe em casa. Conta-se que os vizinhos ouviam o pobre menino ser açoitado a cada erro ou hesitação durante as aulas. Apesar de e/ou por causa dos métodos de seu pai, Beethoven desdes os primeiros tempos já demonstrava a imaginação criativa que faria dele um dos grandes compositores da história da música clássica.
Se na música ele era um gênio, na escola não passava de um aluno mediano. Como ele dizia a si mesmo “A música me vem mais facilmente que as palavras”. Aos 10 anos, Beethoven abandonou a escola para estudar música integralmente com Christian Gottlob Neefe, que lhe introduziu Bach. Com 12 anos, publicou sua primeira composição.
Em 1787, Beethoven foi enviado para aperfeiçoar-se estudando com ninguém menos que Mozart. Mas teve que abandonar as aulas por conta da doença grave de sua mãe, que acabou falecendo. Em 1792, Beethoven mudou-se para Viena. Mozart havia falecido um ano antes e por isso, Beethoven passou a estudar música com Joseph Haydn. À medida que o século avançava, Beethoven continuava a compor e a se tornar mais maduro com relação a música.
Ao mesmo tempo que ele compunha estas e mais outras obras grandiosas, Beethoven começou a lidar com a fase mais obscura de sua vida. Algo que irremediavelmente tentou esconder de todos: ele estava perdendo a audição. Em uma comovente confissão por carta, feita ao amigo Franz Wegeler em 1801, Beethoven escreveu “Devo confessar que estou levando uma vida miserável. Durante quase dois anos tenho me privado da vida social, apenas porque acho impossível dizer as pessoas: eu estou surdo”.
Para sua profissão, a surdez iminente era uma terrível desvantagem. Mas apesar disso, Beethoven nos mostrou que quando você ama o que faz, nada é realmente impossível. Prova disso é que nos anos mais obscuros de sua vida, quando a surdez o dominava totalmente, ele continuou a produzir em um ritmo incrível. Entre 1803-1812, ele compôs nada menos que: uma ópera, seis sinfonias, quatro concertos solo, cinco quartetos de cordas, seis sonatas para cordas, sete sonatas para piano, cinco conjuntos de variações para piano, quatro trios, dois sextetos e setenta e duas músicas. Os mais famosos entre eles são: Sinfonias nº3-8, Sonata ao Luar, o “Kreutzer” e Fidelio, a única ópera. Este foi um período na vida de Beethoven que é inigualável a vida de qualquer outro compositor.
Em seus últimos anos, Beethoven conseguiu produzir as melhores obras de sua carreira. “Missa Solemnis”, “Quarteto de cordas nº14” e “Sinfonia nº9” são algumas das obras de grande sucesso do fim da sua vida.
Beethoven morreu aos 56 anos em 29 de março de 1827. Na autópsia foi determinada uma cirrose-hepática do fígado como causa da morte. E também, uma possível causa para sua surdez: um Tifo contraído por ele em 1796.
Ludwig van Beethoven foi uma figura de transição fundamental que liga as eras clássicas e românticas da música ocidental. Em uma simples comparação, Beethoven foi para a música o que Shakespeare foi para a literatura: mostrou que é possível explorar os limites de exteriorização da capacidade humana. E o mais emocionante em sua história é perceber que ele foi capaz de elaborar suas mais belas composições em um completo estado de surdez, demonstrando que o ser humano é capaz de muito mais do que conseguimos imaginar. Beethoven nunca foi tão bom com as palavras quanto foi com a música, mas o que ele deixou para a humanidade vai além do que qualquer palavra consegue explicar.