Estava aqui pensando num caminho para começar esse texto e me veio na cabeça a música do Gonzaguinha, com seu refrão: “E a vida? E a vida o que é, diga lá meu irmão...”. Sou uma pessoa de metáforas, adoro me expressar com elas, acho que facilitam o entendimento e amo música... E não há texto melhor desenhado de metáforas do que as letras das músicas. E nada mais surgiu de inspiração, além desse refrão, por alguns dias! Então se é isso, vamos tentar ponderar sobre as possíveis respostas: E a vida, o que é afinal?
Continuando na linha do que me inspirou, sigo com as frases do Gonzaguinha!
“Há quem fale que é um divino mistério profundo, é o sopro do criador numa atitude repleta de amor.”
Sem entrar em questões de religião ou crenças, sejam elas quais forem, no meu entender é de que a vida é uma passagem, um período que temos para crescer, aprender, sonhar, realizar, dar e receber, trocar e cumprir um destino, cair e levantar, sorrir e chorar. Muitos acreditam que vivemos uma só vez e acabou, outros acreditam que podemos reencarnar quantas vezes precisarmos para evoluir, outros acreditam em céu e inferno depois da morte, e sei lá mais quantas crenças existem por aí. Mas numa coisa acho que há unanimidade, pelo menos é isso que entendo: essa vida que estamos tendo hoje é única. É preciosa e não pode ser desperdiçada.
“Você diz que é luta e prazer, ele diz que a vida é viver, ela diz que melhor é morrer, pois amada não é, e o verbo é sofrer.”
E é mais ou menos assim que a vida se dá, horas de tristeza e lamento. Momentos de profunda alegria e diversão. Tempo de se aprender, tempo de ensinar. Estação de se abrir e outras de ficar quieto consigo mesmo. Ganhar e perder, acertar e errar, e errar de novo por diferentes caminhos e aprender como trilhar aquela estrada. Dividir e somar.
Ninguém, por mais pessimista que seja vive só de perdas e nem os mais otimistas vivem só de ganhos. E esse é o jogo, isso é a mola que nos impulsiona a seguir em frente nesse caminho desconhecido, sempre nos perguntando: qual será o próximo desafio? O que vou encontrar na próxima esquina? Ninguém sabe...A vida, essa danada, sempre nos surpreende.
Claro que planos são feitos, tentamos traçar os melhores caminhos, prospectar o futuro de maneira que hoje, nos parece o mais sensato, baseados na informação que temos em mãos, que, na verdade, são formadas pelo que vivemos (passado), pela situação de hoje (presente) e no que esperamos que aconteça (futuro), mas esse terceiro elemento não existe... ainda.
“Somos nós que fazemos a vida, como der, ou puder, ou quiser...”
E por mais que coloquemos esforços para que tudo dê certo, para que as peças se encaixem, algumas (muitas) vezes, temos que parar e redirecionar nosso destino. Pode ser uma perda ou um ganho, vai depender da maneira de cada um para encarar a sua situação.
E isso acontece porque, como já escrevi, a vida se assemelha a um jogo. E nós, indivíduos, fazemos cada um nossos próprios planos, traçamos nossas estratégias. Só que os fatos, para seguirem o curso traçado, não dependem somente da nossa vontade. Tem outros indivíduos que também fizeram seus planos, que estão tocando a sua vida. E quando não temos a ‘sorte’ de que a nossa rota se encaixe perfeitamente na rota do outro que, de alguma forma, vai cruzar nosso caminho, somos surpreendidos pelo ‘não deu certo’ ou ‘perdi’, ‘não era isso que eu queria’ etc etc.
Nesse ponto da encruzilhada, temos duas opções:
• se lamentar pela perda, se sentir derrotado ou contrariado, injustiçado e estagnar ou • se lamentar pela perda (afinal ninguém gosta de ter que mudar algo que parecia a melhor solução, o caminho perfeito), mas buscar identificar o que fez a rota mudar e seguir pelo novo caminho (que na hora pode nem parecer o melhor, mais seguro).
“Ninguém quer a morte, só saúde e sorte. E a pergunta roda, e a cabeça agita.”
Para as duas opções a vida vai continuar, seguindo seu rumo. Vai abrir outras tantas portas, fechar centenas. Agilizar num momento, colocar uma pedra no meio da estarda no outro.
Só que quem fez a segunda opção, de sempre seguir em frente, se adaptando, cada vez mais terá leveza e conseguirá superar as dificuldades com menor sofrimento. E a cada desviada que a vida obrigar a tomar, vai ficando mais maleável e aprendendo a lidar com isso de uma maneira mais produtiva. Quem vê de fora, pensa: ‘mas essa pessoa já teve que mudar tanto, refazer tanta coisa, mas para ela sempre dá certo.’
Sim, dá certo, porque ela, por mais triste ou frustrada que tenha ficado no primeiro momento, não se deixa abater e segue em frente, faz com que a energia do impacto (ruim) se dissipe, circule e tudo volta a seguir o percurso. Não sem alguns atropelos, mas sem parar.
As pessoas mais rígidas, que relutam em perceber e entender que a vida é um fluxo de energia, estagnam e com isso, tudo que vem atrás vai caindo por cima, como num desenho animado, numa freada brusca. E, parece que tudo, mas tudo mesmo dá errado sempre. Quem não conhece alguém em que tudo de ruim sempre acontece com essa pessoa? O fato é que quanto mais vitimizada e estagnada a pessoa fica, menos energia flui, e tudo vai parando ali...
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será...”
Tudo isso nos faz refletir sobre o ponto de que a vida segue, com ou sem nossa aprovação, e cabe a nós fazermos a opção de ser feliz com o que temos nas mãos ou sofrer pelo que nem sequer aconteceu. Rir dos nossos próprios erros e aprender com eles ou chorar pelas consequências dos nossos atos e culpar o mundo (e a própria vida) pelos nossos infortúnios.
Pensar que a vida é um castigo, uma penitência ou um maravilhoso caminho de aprendizado. Achar que tudo sempre será cinza e apagado ou que poderemos ter momentos coloridos e surpreendentes.
Para os mais pessimistas, aviso: eu não posso reclamar da minha vida (mas sou muito otimista), só que nem sempre pensei com a clareza e da maneira tão simples como relatei aqui. Mas a própria vida me mostrou que quanto mais retiscente eu fosse para aceitar o que não queria aceitar (ou o que EU achava que seria ruim para mim), mais difícil era superar o obstáculo.
Dificuldades, altos e baixos, momentos delicados, todos temos. Mas garanto que fica bem mais fácil superá-los por esse caminho.
“Fico com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita!”
E, obrigada Gonzaguinha, por me dar inspiração!
Quem quiser pode ouvir a música e seguir a letra.
Até a próxima!