Brasileiro, do interior de Santa Catarina, observador e curioso desde criança, o meu interesse pelas palavras escritas começou logo cedo. Por volta dos 6 anos, em fase de alfabetização, me angustiava o fato de ainda não saber ler e, logo que aprendi, com a mesma idade, toda a frustração se transformou em entusiasmo por livros e histórias. Naquela época e por alguns dos anos seguintes, as narrativas de fantasia foram as únicas a ocuparem as estantes do meu quarto. Ainda me lembro da sensação de acompanhar as aventuras épicas dos meus personagens favoritos como se as tivesse vivendo ao lado deles.
Naturalmente, nos anos escolares, as minhas aulas favoritas eram aquelas em que os objetos de estudo eram as próprias palavras e os seus diferentes usos. Literatura, gramática e outras línguas prendiam a minha atenção como nenhuma outra. Mas, foram as aulas de redação que me permitiram usar tudo o que eu aprendia em casa com os livros. Quando ainda éramos crianças, os professores nos davam a liberdade de escrever sobre o que queríamos e eu adorava escrever contos.
Mais tarde, já no Ensino Médio, o interesse pela escrita continuou, mas neste período os textos passaram de contos a artigos sobre assuntos sérios, com argumentos, pontos de vista e precisavam, obrigatoriamente, como os professores adoravam enfatizar, fugir do senso comum. Foi quando eu percebi que as palavras podiam muito mais do que contar histórias e descrever personagens e cenários, elas podiam também expressar e formar opiniões.
Eu fui criança no início dos anos 2000 e vi os DVDs substituírem as fitas de VHS nas populares locadoras que eu frequentava quase todo final de semana. Não via o tempo passar enquanto escolhia os filmes que assistiria repetidas vezes antes de devolvê-los. Assim como os livros, as histórias contadas na tela me deram um senso de propósito e entendimento da vida.
Já na adolescência, naquele período de angústia para escolher qual carreira seguir, a minha primeira opção foi o Jornalismo, antes de perceber que, talvez, era um caminho muito sério para mim, alguém que sempre gostou mais das palavras que criam novos mundos do que aquelas que descrevem o mundo real em que vivemos.
Escolhi, então, estudar Cinema. Certo da minha decisão, aproveitei o período entre o fim da escola e o início da faculdade para fazer o meu primeiro intercâmbio. Los Angeles me parecia a escolha perfeita para os meus novos objetivos. Então, durante um mês, enquanto estudava inglês durante as manhãs na cidade de Santa Mônica, aproveitava as tardes para explorar Hollywood e fazer visitas guiadas pelos principais estúdios de cinema da região.
Mas, como a vida não segue o roteiro de um filme, a faculdade de Cinema acabou não funcionando para mim. Por isso, optei por ingressar no curso de Publicidade e Propaganda, o qual agrupou dois dos meus principais interesses: a escrita e a produção audiovisual.
Seguindo a tradição de comemorar uma formatura com uma viagem, ao término da faculdade, embarquei para o meu segundo intercâmbio. Dessa vez queria viver uma experiência mais completa, então passei 7 meses estudando inglês e trabalhando em Dublin, na Irlanda. Foi nessa época que percebi que, mais do que apenas ler sobre o mundo, eu queria descobri-lo com os meus próprios olhos.
Ao retornar para o Brasil, dei continuidade na minha carreira e comecei a trabalhar como Redator de Conteúdo para um grupo de Turismo. Ao longo de quatro anos, o meu portfólio de escritor tomou forma com artigos sobre viagens, destinos brasileiros e internacionais, entre outros assuntos como tecnologia para o turismo, gestão e marketing para empresas do setor.
Neste período, resgatei também o meu gosto pela escrita criativa com narrações pessoais e experimentos com textos de ficção e não ficção. Hoje, a escrita para mim é uma forma de resgatar as memórias da infância, descrever as belezas do presente e explorar os cantos de um mundo tão diverso. Por isso, aqui na revista Meer contribuirei com artigos sobre viagens, destinos, entretenimento e algumas narrações pessoais.