Yan Leite Chaparro
Colabora no Meer desde março de 2024
Yan Leite Chaparro

Morador de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, um território envolvido pelas ruínas da Mata Atlântica, do Cerrado e do Pantanal. Psicólogo e pesquisador de birra, porque ser intelectual onde a brutalidade fala mais fácil não é uma ação simples.

Daquele que não só acredita, mas trabalha com o sensível, a sensibilidade e a subjetividade todos os dias, com o objetivo de produzir transformações sociais, e compreende que o afeto é público, e jamais privado. Um pouco artista, às vezes mais e às vezes menos, e sempre uma pessoa que caminha.

Como diz Milton Nascimento: “eu sou da América do Sul, eu sei, vocês não vão saber”, assim me instalo também no mundo, produzindo caminhos por entre a psicologia, o psicodrama, a pesquisa, a filosofia e a antropologia. Hoje, do lugar da clínica, penso os mundos que existem, de alguma forma trafego por muitos.

Há tempos escrevi dois livros: “O que resta do depois” e “Os cuidados com os mundos”, ambos pela editora Terra Sem Amos, na tentativa de abrir meus olhos e de outros para a realidade do Antropoceno e a potência, no sentido Espinosiano, de produzir novas formas de vidas humanas e não-humanas. Por isso, na prática, encontrei o Psicodrama, que me leva para os grupos, para o coletivo afetivo, para transformar junto aos grupos.

Hoje, escrevo basicamente sobre o Psicodrama e o Antropoceno, mergulhado em sempre buscar saídas das ruínas que estavam antes do Covid-19 e hoje aceleram cada vez mais.

Gosto de autores como Latour, Deleuze, Guattari, Moreno, Espinosa, Preciado, Viveiros de Castro, Davi Kopenawa, Eliel Benites, Izaque João, Diego Sztulwark e muitos outros. Gosto do cinema produzido por Béla Tarr, Andrei Tarkovsky, Kleber Mendonça Filho, Ascuri e muitos outros.

Gosto da literatura de Jorge Luis Borges, José Saramago, Carolina Maria de Jesus, Franz Kafka, Fiódor Dostoiévski e outros. Gosto da arte produzida por Denilson Baniwa, Jean-Michel Basquiat e outros. Gosto da música de Júlio Borba, Ivan Cruz, Yamandu Costa, Naná Vasconcelos e outros.

Sempre me pergunto qual o objetivo de escrever e, igual a muitos, respondo que é uma forma de botar pra fora os pensamentos antes que eles explodam. Por isso, escrevo, na tentativa de poder indiretamente também conversar com várias pessoas que desejam mundos delineados pela justiça social e ecológica.

Hoje, trabalho praticamente todo meu tempo no território clínico, no campo psicoterápico com psicodrama individual e de grupo, no consultório e em outros territórios. O que muito escrevo hoje está selado pelo caminhar nesses territórios. Recentemente, iniciamos um grupo de estudos e supervisão chamado Psicodrama: clínica, arte e política, para produzir uma clínica atenta ao que antes quase não existia.

Quando convidado para escrever para a Revista Meer, aceitei o convite com o objetivo de poder produzir textos a partir do meu campo de trabalho e pesquisa, e também sobre questões cotidianas que precisamos pensar, às vezes perto de nós, às vezes longe. Escrevo com o objetivo de fazer pensar e conversar com muitas outras pessoas, porque sempre que lemos algo, de alguma forma, estamos conversando com as pessoas que escrevem.

Meu objetivo aqui na Revista Meer é conversar a partir dos textos com pessoas de diferentes lugares do Brasil, da América do Sul e do mundo. Sei que ultimamente conversar parece uma atividade difícil, principalmente com o aumento político da extrema direita, do neoliberalismo e do populismo. Mesmo assim, busco conversar a partir dos textos com pessoas que buscam atravessar as ruínas.

Por fim, espero realmente que os textos que escrevo façam sentido e possam de alguma forma ajudar a pensar sobre a realidade vivida.

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