Mais do que uma catedral, um monumento emblemático de Paris que enobrece sua paisagem e testemunha sua história há mais de 800 anos. O incêndio que a atingiu em abril de 2019 causou enorme comoção em todo o mundo, mas, após 5 anos de trabalho intenso, em dezembro de 2024 ela voltou a abrir suas portas para todos. Mais uma data histórica que marca sua existência.

A história de Notre-Dame começou no ano de 1163, quando Maurice de Sully, eleito bispo de Paris determinou a construção de uma catedral mais ampla para a cidade, nomeando-a em homenagem a Nossa Senhora. O início de sua construção foi marcado pelo evento de lançamento de sua “pedra fundamental” que contou com a presença do papa Alexandre III e do rei Luís VII.

O projeto era audacioso e os detalhes minuciosos demandados pela catedral que por volta de 1220 adotou o estilo gótico, levaram muitas décadas para serem executados e milhares de pessoas durante o decorrer dos anos trabalharam em sua construção. A beleza em cada detalhe a faz esplendorosa e fica nítida tanto no seu interior quanto exterior.

Contudo, sua conclusão se deu apenas em 1345, quase 200 anos depois. Ela se distinguia por suas dimensões excepcionais para a época e foi considerada o maior edifício religioso da França até meados do Séc. XIII. No início do Séc. XIX, foi palco da consagração de Napoleão como imperador da França na presença do Papa Pio VII, em uma cerimônia que durou mais de 5 horas e que ficou consagrada pela pintura de Jacques-Louis David, nomeada Sacre de Napoléon.

No entanto, poucos anos após a Revolução Francesa, uma enorme onda de saques e destruição atingiu a maioria dos monumentos religiosos e castelos da França. Notre-Dame a esta época estava em ruínas e completamente esquecida, quase a ponto de ser demolida.

Contudo, a partir do romance Notre-Dame de Paris, intitulado posteriormente em sua tradução para o inglês de O Corcunda de Notre Dame, publicado em 1831 por Victor Hugo, as atenções se voltaram novamente à ela. O cenário escolhido pelo romancista para sua obra se deu por conta de sua grande admiração pelo local. Dizem, ainda, que sua intenção era exatamente chamar a atenção da sociedade novamente para a catedral, buscando, assim, conservá-la. Sendo de fato este o seu intuito, ele certamente saiu vitorioso. O estrondoso sucesso de sua obra percorreu o mundo e graças a Hugo, deu-se início a uma consciência nacional sobre o patrimônio e de uma política a favor da restauração dos monumentos históricos franceses. E assim, em 1844, com o forte apoio do escritor, as obras de restauração na catedral tiveram início.

Já no decorrer dos séculos XX e XXI a catedral testemunhou as duas Grandes Guerras Mundiais, sendo que no final da Segunda Guerra, apesar de quase ter sido totalmente destruída por ordens diretas de Adolf Hitler, foi salva por um general alemão que ousou desobedecer as ordens do grande líder nazista, e preservar a cidade que tinha um grande valor histórico e arquitetônico. E, assim, Notre-Dame passou por estes anos de caos e destruição sem sofrer graves desgastes. No entanto, durante todo este período temeroso e incerto, seus sinos foram silenciados.

Em 26 de agosto de 1944 após a capitulação das tropas alemãs em Paris, o General de Gaulle marchou triunfante pelas ruas desde Champs-Élysées, seguido por mais de 2 milhões de parisienses, até Notre-Dame de Paris, tornando-a um marco histórico da vitória. Foi uma marcha alegre que representava a esperança de dias melhores ao povo da França após os 4 anos de ocupação nazista.

Anos mais tarde, em 1991, a catedral foi considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO, reconhecida como Obra-Prima da Arquitetura.

Por toda sua importância histórica e emblemática, quando em 2019, logo após completar 850 anos de existência, foi tomada por um incêndio de proporções catastróficas, Paris e boa parte do mundo se viu em lágrimas! Durante trabalhos de revitalização de seus telhados o fogo se alastrou em velocidade alarmante enfraquecendo sua estrutura e suas abóbodas. Centenas de bombeiros foram mobilizados para extinguir as chamas, e graças ao intenso trabalho para conter o incêndio, foi salvo o edifício e suas duas torres, além de mais de 1.300 obras.

Após este triste evento o mundo se juntou para angariar fundos para sua reconstrução e mais de 846 milhões de euros foram arrecadados.

Foram 5 anos de muito esforço e trabalho. Profissionais especializados de toda parte do mundo foram chamados e milhares de trabalhadores se juntaram para fazer renascer àquela que é considerada a Catedral mais importante da França.

Em 07 de dezembro de 2024, novamente suas portas foram reabertas ao público, resquícios do incêndio ainda podem ser observados, mas a luz, atualmente ainda mais presente em seu interior, reflete seu renascimento e dá continuidade aos seus mais de oito séculos de história.