O artista apresenta o desenvolvimento do seu trabalho recente a partir das formas das raízes do mangue. Produz instalações especialmente feitas para a mostra, que incorporam elementos vegetais e elementos metálicos. Um conjunto de desenhos é igualmente exposto contribuindo para o adensamento poético da mostra. Curadoria de Luiz Camillo Osorio. 10 de novembro de 2011 a 22 de janeiro de 2012.
Afonso Tostes vai mostrar a grande instalação “Raiz”, composta por cerca de 20 peças esculpidas em madeira, 40 galhos de árvores folheados a ouro, além de outros naturais. As peças são ligadas através de tubos de cobre. Nas três paredes do espaço de 300 metros quadrados estarão 80 xilogravuras, com imagens de galhos, sobre fundo vermelho, da série “Reino”, de 2011.
O artista comenta que “Raiz” é “uma grande floresta impenetrável”, com esculturas em madeira “imitando e sugestionando articulações ósseas, galhos de árvores folheados em ouro. Numa primeira visada o espectador se deslumbra com a beleza. Mas um olhar mais calmo e crítico amplia o entendimento”. Sobre a série “Reino”, ele diz que há “imagens individuais e imagens que se complementam”. “Algumas imagens de galhos que estão em uma xilogravura se conectam com a que está ao lado”, explica.
As esculturas que compõem a instalação “Raiz” são feitas em madeiras recuperadas de demolições e canteiro de obras pela cidade, material pesquisado há anos pelo artista, que desde o ano passado trabalha o formato de árvore. “A atmosfera barroca neste trabalho é clara”, afirma. “Os títulos e as imagens indicam também a presença da cultura negra constitutiva do barroco brasileiro”. “A vontade de aproximar paradoxos é uma das motivações deste projeto”, diz.
Afonso Tostes tem uma produção irrequieta, suas esculturas assim como pinturas e desenhos nunca se acomodam no lugar comum, o artista imprime a velocidade do mundo em que vive; a observação daquilo que a princípio passaria despercebido, para ele é matéria prima e fundamental.
Afonso Tostes nasceu em 1965, em Belo Horizonte, e vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1989. Começou a estudar artes em Belo Horizonte na Escola Guignard, e ao se transferir-se para o Rio deu continuidade aos estudos na EAV do Parque Laje. Realizou a primeira exposição coletiva na própria instituição em 1993, de onde se desligou como aluno e voltou anos mais tarde para lecionar. Desde então vem apresentando seu trabalho em diversas instituições e galerias brasileiras e estrangeiras. Seu trabalho consta das mais importantes coleções de arte do Brasil. Sua pesquisa se estende do desenho à escultura passando pela pintura e fotografia.