Realizada especialmente para a exposição, a grande instalação da artista Elisa Bracher, em chumbo e aço, ocupa o salão monumental do MAM. O trabalho segue a escala monumental das últimas obras da artista, dialogando e desafiando o espaço arquitetônico do museu. 15 de outubro de 2011 a 15 de janeiro de 2012.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a exposição "Ponto final sem pausas", que ocupará o Espaço Monumental do MAM com a grande instalação homônima da escultora paulistana Elisa Bracher. O trabalho segue a escala monumental das últimas obras da artista e dialoga com o espaço arquitetônico do museu. "Elisa Bracher é uma das mais contundentes escultoras e gravadoras cuja trajetória iniciou-se nos últimos vinte anos", afirma o curador Luiz Camillo
Osorio.

A grande instalação, criada especialmente para a primeira exposição da artista no l Rio, é composta por uma grande esfera de 1,10 metro de diâmetro, pesando oito toneladas, que ficará a cerca de dois metros do chão e “flutuará no salão monumental do l”, suspensa por dois cabos de aço. Fazem parte da instalação, ainda, três grandes placas de chumbo – chamadas de lençóis pela artista – que ficarão próximas à parede do museu. Os “lençóis”, colocados vertical e horizontalmente, medem 8m x 10m cada. “São grandes placas de chumbo sobre chumbo, com diferentes nuances de cinza, inspirados nos trabalhos de Mark Rothko, na Capela Rothko, em Houston, EUA”, explica Elisa Bracher. Um engenheiro calculista realizou estudos prévios para garantir a colocação da obra, que necessitará de cerca de 20 dias de montagem.

Para que a esfera possa entrar no Espaço Monumental, serão retiradas as esquadrias das janelas do local. “Faço estudos mentalmente. Tenho uma capacidade intuitiva de encontrar o ponto de equilíbrio. Depois que a obra pronta, chamo um engenheiro para fazer os cálculos e comprovar a estabilidade da mesma”, afirma Elisa Bracher. “Não gosto da arte isolada, como algo excepcional, que está em um lugar inalcançável. A relação com a indústria me atrai e a física e a mecânica me fascinam. Gosto dessa mistura”. Seguindo a ideia de que a arte deve estar próxima do público e não em um patamar inalcançável, Elisa Bracher informa que as obras poderão ser tocadas.

A grande bola estará presa por dois cabos de aço, permitindo que seu peso seja distribuído sem sobrecarregar nenhum dos cabos de sustentação, o que produz o equilíbrio que a artista busca em seu trabalho. “Com um fio, há infinitas possibilidades de equilíbrio. Com dois fios, há somente um ponto de equilíbrio”, observa a artista. “Nesta instalação estão presentes de maneira mais direta os dois elementos centrais de meu trabalho: peso e equilíbrio”.

O nome da exposição, “Ponto Final Sem Pausas”, vem da “ideia de querer terminar, de uma tentativa de prorrogar algo que não se finaliza”, explica a artista, que começou a trabalhar com gravuras em grande escala, em materiais como madeira, metal e chumbo, antes de realizar instalações. “Na obra, havia sempre uma massa contundente preta e linhas. A instalação segue essa ideia, também há linhas – os cabos de aço – e a massa – os lençóis”.

A artista participa do Clube de Colecionadores 4 do MAM.

Sobre a artista
Elisa Bracher (São Paulo, 1965. Vive e trabalha em São Paulo). Formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, em 1989. Fez curso de gravura em metal com Evandro Carlos Jardim, 1988-1989. Há obras suas no acervo da Fundação Cultural de Curitiba, no Museu Nacional de Belo Horizonte, na UNESCO, na Universidade Federal de Ouro Preto Minas Gerais, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da Bahia. Suas obras estão nos seguintes espaços públicos: Parque Villa Lobos, Eneas Martin Nogueira Square e Av. Nove de Julho (Yazgy), em São Paulo;no Espaço Rio Branco, no Rio de Janeiro e no Essex Museum, na Inglaterra. Recebeu os seguintes prêmios: Prêmio Aquisição no 3º Salão de Arte contemporânea da Bahia, em 1996; Prêmio Aquisição, Mostra América de Gravura da Cidade de Curitiba, em 1992; Prêmio Brasília de Artes Plásticas/XII Salão Nacional de Artes Plásticas, Medalha Miró/Picasso, concedida pela Unesco no Prêmio Brasília/XI, Prêmio Aquisição, Salão Nacional de Belo Horizonte, ambos em 1991, e Prêmio Aquisição, VIII Mostra de Gravura da Cidade de Curitiba, em 1990.

Dentre suas principais exposições individuais estão “A Cidade e suas Margens”, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, em 2008; “Gravuras Recentes”, na Estação Pinacoteca, em São Paulo, em 2006; exposição no Centro Cultural Maria Antonia, em 2000; exposição individual Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, em 1995; individual no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 1995 e individuais simultâneas no Centro Cultural São Paulo e no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, em 1991.

Dentre as principais exposições coletivas estão: “Um olhar sobre a paisagem contemporânea”, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo, em 2009; VII Biennale De la\ Gravure De La Ile De Frannce, em 2005 ; Expo 2000, em Hannover, com esculturas monumentais no pavilhão brasileiro, em 2000; Esculturas no Parque Pinacoteca do Estado, São Paulo, em 2000 e Entre o Desenho e a Escultura, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1995.

Elisa Bracher é fundadora e diretora do Instituto Acaia, uma organização não governamental, criada em 1997, que recebe crianças e adolescentes carentes, de 6 a 18 anos, que participam de diversas oficinas. Atualmente, dirige o documentário “Que Língua Você Fala?”, um projeto que trata da investigação e documentação do processo de passagem de uma cultura tradicional para uma cultura contemporânea.