No ano em que se comemoram 150 anos do nascimento de Calouste Gulbenkian, esta exposição tenta compreender o crescente fascínio do colecionador e dos seus contemporâneos pelo orientalismo a partir de obras-primas do núcleo de arte islâmica da Coleção do Fundador e de outras importantes coleções internacionais.
Oriundo de uma família arménia, Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955) nasceu no Império Otomano e foi educado na Europa. Ao longo da sua vida adulta, Gulbenkian conviveu com diferentes culturas, do Oriente e do Ocidente, tanto no papel que desempenhou na indústria petrolífera, como na sua ação filantrópica ou na construção da sua coleção.
O Médio Oriente ocupou um lugar central no percurso profissional de Gulbenkian. Esta exposição analisa o núcleo da sua coleção proveniente desta região, não só através da sua história de vida, mas também à luz da situação geopolítica em mudança: o declínio do Império Otomano, o colonialismo e as duas Guerras Mundiais.
O conceito de «Arte Islâmica» ganhou forma nesta época, estimulando a criação de novos estilos artísticos e de novas formas de arte na Europa. O interesse de Gulbenkian por arte persa, síria e turca reflete a paixão – e rivalidade – de outros colecionadores, como Jean Paul Getty and John D. Rockefeller, que também faziam a sua fortuna na extração petrolífera.
A partir das coleções de arte, dos livros e dos arquivos de Calouste Gulbenkian, bem como de alguns empréstimos-chave de coleções internacionais como o Musée du Louvre, o Metropolitan Museum of Art e o Victoria & Albert Museum, esta exposição pretende aprofundar a nossa compreensão acerca das relações entre o colecionismo e a Realpolitik, identificando as notáveis sinergias entre as atividades colecionistas de Gulbenkian entre 1900 e 1930 e os desenvolvimentos paralelos no campo da «Arte Islâmica».