A exposição nasce de uma experiência pessoal forte que levou a artista a questionar-se sobre si mesma: como identidade singular, com um corpo próprio, e como parte de um todo.
Sara Bichão relata a experiência de pânico que viveu num lago vulcânico, a meio da travessia da cratera, a nado e sozinha, quando se apercebeu estar no centro da mesma. Nesse momento sentiu-se desligada de si e as coordenadas que dão sentido ao corpo deixaram de fazer sentido – não havia indícios de terra em nenhuma direção e pensou então que corria o risco de se tornar uma partícula menor, sem importância nem memória, cuja história se revelaria impotente diante da força maior de dissolução da natureza. Do centro da cratera e portanto do centro da Terra, uma força invisível terá desencadeado, na artista, a emoção expressa pelo título.
Embora essencialmente escultórica, esta proposta está intimamente ligada ao desenho: através da compreensão do espaço que elabora e do modo manual de produção das obras.