“Portugal em Flagrante” é uma exposição de caráter semipermanente da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian que oferece uma introdução à história da arte e da cultura em Portugal no século XX, e constitui a primeira apresentação abrangente desta coleção em mais de 25 anos.
Esta mostra integra uma seleção representativa de obras de artistas portugueses, realizadas em Portugal e no estrangeiro, ao lado de diversas peças de artistas internacionais. A exposição estende-se pelas três principais galerias do edifício, e em cada piso há uma progressão cronológica, desde o início do século XX até aos nossos dias. Cada um dos pisos é ainda dedicado a uma linguagem artística específica: papel no piso 01, pintura no piso 1 e escultura no piso principal. Tal como o título sugere – Portugal em Flagrante – dá-se agora a conhecer mais sobre Portugal e a sua história em relação com a Coleção.
Desenvolvida ao longo dos últimos meses e construída em 3 momentos diferentes, esta apresentação é completada em março de 2017 com a inauguração da Operação 3. Este terceiro momento ocupa a nave principal do edifício da Coleção Moderna com um significativo conjunto de trabalhos de escultura, instalação, filme e algumas obras bidimensionais. A apresentação cronológica será dinamizada por diferenças de escala e linguagem plástica bastante acentuadas, por um percurso tornado fluido e entrecruzado num espaço tendencialmente aberto, e por relações pontualmente pertinentes entre as duas e as três dimensões. Entre os artistas representados encontramos obras de Leopoldo de Almeida, Francisco Franco, Canto da Maya, Marcelino Vespeira, Hein Semke, Jorge Vieira, José Pedro Croft ou Miguel Palma.
Operação 2 abriu ao público em novembro de 2017, acrescentando uma seleção de obras de pintura distribuídas pelo piso superior do edifício. Seis grandes momentos marcam a progressão cronológica de Operação 2: um olhar sobre as primeiras três décadas a partir da Exposição dos Independentes em 1930; diversas experiências surrealistas; a nova figuração/abstração da década de 1960; a exposição Alternativa Zero e as propostas da década de 1970; a exposição internacional Diálogo e os eufóricos anos da década de 1980; a última década do século XX e os primeiros dez anos do novo milénio. Os artistas portugueses procuraram frequentemente sair do país para os grandes centros – primeiro Paris, mais tarde Londres e, finalmente, Berlim e Nova Iorque –, com bolsas frequentemente atribuídas pela Fundação Calouste Gulbenkian a partir de 1957, regressando em seguida a Portugal e/ou desenvolvendo carreiras internacionais. Desse movimento constante resultaram acontecimentos, experiências e obras marcantes, cujas facetas interna («Em Casa») e externa («Lá Fora») são evocadas por uma cadência de textos e imagens. De Amadeo de Souza-Cardoso, José de Almada Negreiros, Mário Eloy e Eduardo Viana a Gil Heitor Cortesão, João Louro ou Isabel Simões, passando por Mário Cesariny, Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego, Lourdes Castro, António Areal, António Dacosta, Álvaro Lapa ou Julião Sarmento, entre tantos outros, Operação 2 enquadra a pintura dos séculos XX e XXI da coleção no contexto alargado dessa permanente migração e interseção cultural, o que explica também a presença de alguns artistas estrangeiros.
No piso inferior do edifício apresenta-se a Operação 1 constituída por obras realizadas sobre papel da coleção, complementadas por documentação proveniente da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian. Neste espaço, e na publicação que o acompanha, enuncia-se a espinha dorsal de toda a mostra com a apresentação mais aprofundada de algumas questões de âmbito político, social, cultural e artístico que permitem uma melhor compreensão do século XX e dos primeiros anos do século XXI em Portugal. A uma preocupação cronológica de base são associados dispositivos de informação que permitem uma compreensão alargada da criação artística enquanto motor e caixa-de-ressonância da história de Portugal desde 1900.