Para abrir o calendário de 2017, a Galeria Raquel Arnaud apresenta uma grande exposição individual de Tuneu que marca seus 50 anos de carreira. O artista escolheu o título Hexacordo, termo que vem da música e define uma série diatônica de seis tons consecutivos da escala fundamental, para a mostra que traz seus trabalhos mais recentes e ainda inéditos do público. Com curadoria de Caroline Menezes a exposição conta com cerca de 20 pinturas sobre tela e papel, além de objetos escultóricos, suporte com o qual o artista não trabalhava desde o início da década de 70. Todas as obras emergem da figura do hexágono e podem ser compreendidas como um desdobramento do que Tuneu vinha produzindo ao longo dos últimos anos, que é a busca pela síntese da forma.
No caso dos desenhos, as figuras hexagonais são fechadas na cor, sem os brancos inseridos no meio, como nos trabalhos apresentados em sua última exposição na galeria, em 2013, quando optou pela aquarela aplicada sobre o papel Arches, criando espaços internos vazios, sobrepondo finas camadas aguadas de cores. A quebra aqui só acontece quando surgem linhas brancas inseridas nos blocos de cor, que ora seguem o desenho, ora quebram o padrão hexagonal. Segundo o artista, essa nova série se aproxima mais da pintura do que do desenho, principalmente pela potência cromática imposta pela tinta acrílica.
Para os objetos produzidos em aço corten, na sua cor original, Tuneu usa um recurso que vem da tradição construtiva dos anos 50, o corte e dobra, que tem Luiz Sacilotto e Amilcar de Castro como mestres. O artista realizou inúmeros estudos dessa técnica com o hexágono até alcançar as quatro esculturas agora apresentadas.
Professor, pintor e desenhista, Tuneu (Antonio Carlos Rodrigues – São Paulo, 1948) estudou com Tarsila do Amaral entre 1960 e 1966 e recebeu influência de Wesley Duke Lee. Foi assistente de Willys de Castro e Hércules Barsotti durante vários anos. Entre as exposições de que participou, destacam-se: Salão de Arte Contemporânea de Campinas (várias edições entre 1966 e 1974, Prêmio Viagem à Europa, 1970, e Prêmio Aquisição, 1974); 16º e 17º Salão Paulista de Arte Moderna (São Paulo, 1967 e 1968); Bienal Internacional de São Paulo (várias edições entre 1967 e 1975), Prêmio Aquisição Itamaraty, 1971 e 1975; Panorama da Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (várias edições entre 1971 e 1989); 3º e 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Museu de Arte de São Paulo (1971 e 1975); Arte na Rua 2 (São Paulo, 1984); Off Bienal, no Museu Brasileiro de Escultura (São Paulo, 1996). Apresentou uma exposição individual na Galeria Raquel Arnaud, em 2008, e em 2010 na Casa de Cultura de Paraty (Rio de Janeiro). A editora BEI organiza um amplo catálogo sobre a trajetória e a obra do artista. A Galeria Raquel Arnaud o representa desde 2008.
Caroline Menezes, nascida no Rio de Janeiro, é curadora e crítica de arte, vive atualmente entre Inglaterra e Alemanha, onde desenvolve o projeto Die Brücken: Network for Art and Technology que iniciou em 2016, no ZKM | Zentrum für Kunst und Medien Karlsruhe. É coeditora do livro The Permanence of the Transient: Precariousness in Art e tem artigos em catálogos como o 30 X Bienal: Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição. Faz parte do time permanente de críticos da revista inglesa Studio International desde 2006. Realizou exposições na Inglaterra, Espanha, Portugal e Brasil. Em território nacional, assinou curadorias no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu Nacional de Brasília e seu mais recente projeto curatorial foi o Festival Mais Performance, em setembro de 2016, com performances ao vivo e duas exposições, incluindo uma retrospectiva do artista austríaco Peter Weibel, no Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro.