As pessoas são a espinha dorsal da indústria da moda. São as pessoas que pensam, que criam, que traduzem sentimentos, que comunicam discursos e têm vislumbres de genialidade. São as pessoas que aplaudem, que vibram e desejam as criações a cada vez que estas são iluminadas pela luz dos holofotes. São as pessoas que compram, que consomem através de todos os sentidos. Como tal, e como pessoas que são, os consumidores são mutáveis, volúveis, inconstantes. Adaptam-se e alteram-se consoante os contextos, amam e odeiam ao sabor do vento e tornam os seus desejos em ordens. Estes são os ‘millenials’.
Se, por um lado, os media sociais são uma poderosa ferramenta de comunicação para as marcas de moda, por outro lado também os consumidores expõem as suas vontades, as tendências que querem seguir, as celebridades que influenciam as suas decisões. Esta exposição pública e mediática oferece às marcas uma visão holística e detalhada dos seus consumidores. Para além disto, esta comunicação entre as marcas e os consumidores constroem um processo democrático, participatório, de criação e desenvolvimento das coleções. As tendências passam a ser ditadas, não apenas por algumas figuras de elite, mas pelos próprios consumidores. Existe um envolvimento claro e crescente dos consumidores com as marcas, os ‘millenials’ são visionários, esteticamente complexos e exigentes, são curadores das marcas e dos seus produtos.
Os ‘millenials’ são os consumidores du jour. Assunto do momento, pessoas a conquistar, terreno movediço a estabilizar. Apresentam-se como um desafio para as marcas pelo seu caráter exigente, conhecedor e influenciador de opinião para várias gerações. Estes consumidores estão numa fase etária compreendida entre os 15 e os 35 anos e são, agora, o maior e mais promissor segmento do mercado da moda. A conquista deste segmento é mais complexa relativamente a outros segmentos pois este tipo de consumidores não se rege pelas regras convencionais da indústria como a conhecemos até agora. Os ‘millenials’ são o símbolo do poder do consumidor. No passado, a palavra final era dos consumidores. O que é que mudou? Hoje, todas as palavras são do consumidor. São reis e rainhas do reino da autoridade, do respeito, da revolução. A ditadura da indústria da moda está a desvanecer com as exigências destes consumidores, as regras estão a ser quebradas, os cânones submersos no esquecimento.
Estes jovens têm formação superior e são altamente informados e educados, apostam em carreiras promissoras e estão constantemente ligados aos media sociais. Como são conhecedores e, muitas vezes, especialistas em determinado tipo de produtos, sentem-se apenas arrebatados por aqueles que são de alta qualidade e correspondem às suas expetativas: a autenticidade da marca e dos seus produtos é fulcral. É por este motivo que a identidade e os valores das marcas são extremamente importantes para os ‘millenials’.
A publicidade aparece como elemento de comunicação essencial e, embora percebam o seu papel relativamente à marca e aos consumidores, não se deixam influenciar por este discurso. Os ‘millenials’ são ávidos consumidores de blogues e seguidores frenéticos de redes sociais e é nestas plataformas que se apoiam para tomar decisões de compra. É, assim, muito importante criar compromisso e relação entre os consumidores e as marcas nas redes sociais. É importante fazer estes consumidores sentirem-se parte do processo, sentirem que a opinião deles conta e que é imprescindível. Estes consumidores compram e usam, porque desejam as peças, criam auras de magia em volta das mesmas. Não querem comprar nas lojas peças de roupa que não possam ser usadas imediatamente. A falta de sincronização entre o calendário da moda e o momento em que as peças vão para as lojas está a deixar os consumidores irrequietos e insatisfeitos. Ver, desejar, comprar. É isto. Este é o desejo, as marcas terão que cumprir.
Os ‘millennials’ ditam as regras. A autoridade está do lado destes consumidores. Não chega manter a estabilidade, a coerência de calendários, a espera inesgotável pelas peças após a apresentação nos desfiles. Com as redes sociais e influência é esmagadora. A forma como as marcas e os produtos são julgados chega a ser violenta e amoral. O que os novos consumidores querem é ser conquistados, sugados numa espiral de emoção, desfeitos em lágrimas e batimentos cardíacos próprios de arritmias. Os ‘millenials’ são os consumidores du jour. O que os ‘millenials’ querem não é roupa, é um universo inequalificável de entertenimento.