Foi depois que li um artigo compartilhado por um colega jornalista (obrigada Sylvio Micelli), que falava sobre cidades que curam que decidi escrever um artigo sobre uma cidade que é minha louCURA: Londres.
Vamos lá, sou carioca, sim, da gema! Nasci no Hospital Ordem do Carmo, ali logo atrás dos arcos da Lapa carioca, zona boêmia do Rio, enfim, não tenho como não ser mais carioca. O coração bate forte num compasso único quando vou na apoteose, a passarela do samba mexe comigo, mesmo eu sendo ruim do pé, nao sei sambar, mas já fiz muitos sambarem.
O Rio de Janeiro mexe comigo, desperta meus maiores sentimentos: amor e ira. Apesar de tamanha beleza (o Rio de Janeiro é sim uma das cidades mais lindas do mundo), o colorido do Rio que anda desbotado mesmo com todas as cores olímpicas, não me cura, mas sim o cinza de Londres, ah esses zilhões de tons de cinza da terra da rainha...
As highlights de Londres me curam até das doenças que nem sei que existiam dentro de mim.
Fiquei dois anos longe das highlights que dão sinal verde para poucos.
Anos difíceis, o corpo num país que quero, desejo, luto para que ele seja e tenha tudo de bom, que ache seu caminho e seja feliz. Sou eternamente grata ao Brasil, não nego ser tupinambá, mas como aborigene-portuguesa-brasileira-britânica e jornalista, tambem serei sempre inconformada por ele tratar tão mal os filhos de uma mãe de uma pátria nem sempre gentil, nem sempre educadora.
Fiz, faço e sempre farei minha parte, meu discurso não é hipócrita, muito menos minha orAção diária pela terra onde meus antepassados portugueses aportaram. Um deles ficou tão encantado pela terra de Cabral que acabou roubando uma aborigene de uma tribo! Sim meu bisavô português roubou minha bisavó tupinambá! Mas esse é outro artigo que em breve escreverei para vocês.
Longe das highlights de Londres eu sobrevivo, com elas: eu vivo!
Como diria o poeta: "o coração bate feliz quando te vê". Como bate! E a alma que não é pequena, faz tudo, mas tudo mesmo valer a pena!
"Quem se cansa de Londres, se cansa da vida", já dizia Samuel Johnson. Não me canso pelo contrário: rejuvenesço. Aos 42 anos desse segundo tempo não me canso da vida, a alma cresce e realmente um coração alegre faz o rosto ficar mais bonito.
Dia desses minha mãe disparou depois de ver uma foto: "tua pele está boa!". E ela nem imaginava que eu estava voltando para casa depois de 15 horas de trabalho!
Amor que cura e que impulsiona a querer mais e mais, a vida passa a "ser" e não apenas querer e ter. O que seria do céu azul de brigadeiro sem as nuvens?!
É... A cidade cura. louCura.
Sou muito melhor sob e sobre as Highlights dessa cidade. Preciso do Mind the Gap, dos ratinhos e do "bafo" das plataformas do underground, de correr para pegar o trem que raramente sai do trilho, do melhor fish and chip de Londres, no All Bar One de Waterloo aos pés da namorada do meu Big Ben, a London Eye.
Onde embriagar a alma com um vinho que vem do céu? Ali, na Tottenham Court Road, no Dominion Theatre aos Domingos.
Flanar até Covent Garden e adentrar na história de uma cidade dentro de um dos restaurantes mais antigos do mundo: Rules.
Inaugurado há mais de 200 anos, a ida ao Rules não é simplesmente uma viagem gastrônomica à "real" culinária british: é uma experiência histórica!
O local até hoje é frequentado por atores, jornalistas e no passado
Charles Dickens, John Le Carreh, Clark Gable, Charlies Chaplin, frequentavam o bar e o restaurante.
Os "remédios" dessa cidade que me cura são incontáveis.
Sim, acredito que no futuro os médicos farão os diagnósticos e receitarão uma cidade, bem, pelo menos o meu médico acertou na medicação: volte para
Londres o mais rápido possível.
Obedeci.
insPira-me, oh Highlight!