A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Paisagem, a nova exposição de Damián Ortega. O artista mexicano emprega o isopor em dois novos trabalhos de grande escala. As instalações são um desenvolvimento do seu recente trabalho junto de escultores do carnaval carioca, no MAM do Rio de Janeiro. De um lado, o material de caráter efêmero se solidifica numa alusão à arquitetura modernista de São Paulo. De outro, ele se transforma numa paisagem abstrata onde sobras e desperdício desempenham papel central e revelam a ênfase dada ao processo.
Na obra Abertura, instalada no alto do saguão da Galeria, Ortega recria em isopor e gesso uma secção do teto do terraço do Edifício Bretagne. Esse prédio, construído em 1959 e projetado por João Artacho Jurado, é considerado um marco da arquitetura paulistana. Os característicos círculos vazados do seu teto, que no prédio modernista permitem a passagem de luz e chuva, ecoam o desejo do artista de criar canais que conectem interior e exterior, como se sua obra fosse um exercício de abrir janelas.
Essa relação é explorada também em Paisagem, a instalação que dá nome à mostra. Ortega furou um cubo de isopor de 2,5 m a partir de seu centro, deixando que todo o pó do material se espalhasse pelo térreo da Galeria. A “casca” do cubo permanece no espaço e age como a memória de sua forma, agora fragmentada em inúmeras partículas. Há aí uma certa ironia em fazer uma paisagem nevada para São Paulo, mas também o interessante jogo de trazer o interior do cubo para fora, que por sua vez está dentro de outro cubo, que é a Galeria. Ortega enfatiza a experiência e o processo, evocando o interminável ciclo de transformação da matéria.
Damián Ortega nasceu na Cidade do México em 1967, e atualmente vive e trabalha entre sua cidade natal e Berlim. Entre suas exposições individuais, destacam-‐se: Casino, Hangar Bicocca (Milão, 2015); O Fim da Matéria, MAM (Rio de Janeiro, 2015); Cosmogonia Doméstica, Museo Jumex (Cidade do México, 2014); Apestraction, The Freud Museum (Londres, 2013); Do it yourself, Institute of Contemporary Art (Boston, 2009); Champ de Vision, Centre Pompidou (Paris, 2008); The Uncertainty Principle, Tate Modern (Londres, 2005); Cosmic Thing, Institute of Contemporary Art (Filadélfia, 2002). Destacam-‐se ainda suas participações nas Bienais de Sharjah (2015), de Veneza (2013 e 2003), de Havana (2012), de São Paulo (2006), de Berlim (2006), de Sydney (2006) e de Gwangju (2002). Sua obra está presente em diversas coleções públicas ao redor do mundo, como MOMA (Nova York), MOCA (Los Angeles), CIFO (Miami), Centre Pompidou (Paris), Fundación Jumex (México) e Inhotim (Brumadinho), entre outras. Serviço Damián Ortega | Paisagem