Em paralelo à exposição Interior Design de Simon Evans, a Galeria Fortes Vilaça apresenta no segundo andar o curta-metragem ‘Cutaways’, da artista polonesa Agnieszka Kurant. Realizado em parceria com o premiado editor de cinema Walter Murch (‘Apocalypse Now’, ‘O Poderoso Chefão’), o trabalho traz à tela o universo invisível de personagens que, apesar de concebidos e filmados para certas produções cinematográficas, foram completamente excluídos na edição final. Em seu filme, a artista escolhe três desses coadjuvantes omitidos para lhes dar sobrevida, extraídos de obras cultuadas de Kubrick, Tarantino e Sarafian.
O trabalho conceitual de Kurant trata de conceitos complexos como capital virtual e trabalho imaterial para explorar como fenômenos abstratos geram impactos concretos na política, na economia e na cultura. Em Cutaways (2013; 23 minutos), ela aborda os personagens fantasmas que, considerados supérfluos ou redundantes pelos editores, deixaram de existir em suas próprias narrativas. Eles não deixam nenhum vestígio nas histórias, apesar de estranhamente ainda pertencerem a elas.
‘Cutaways’ retrata o encontro de personagens de produções distintas, como se tivessem ganhado vida autônoma e passassem a compartilhar o mesmo limbo narrativo. O enredo toma como base os roteiros originais de cada filme, aproveitando inclusive algumas das falas. Três atores aceitaram reprisar seus papéis depois de anos da trama original: Charlotte Rampling como a moça pedindo carona de ‘Vanishing Point’ (de Richard C. Sarafian, 1971, lançado no Brasil como ‘Corrida contra o Destino’); Abe Vigoda como o advogado e melhor amigo do protagonista em ‘The Conversation’ (de Francis Ford Coppola, 1974, lançado no Brasil como ‘A Conversação’); e Dick Miller como o dono do ferro-velho de ‘Pulp Fiction’ (de Quentin Tarantino, 1994).
Uma sequência de nomes hollywoodianos encerra a projeção, informando que vários outros atores também interpretaram personagens fantasmas em suas carreiras. A tipografia de cada nome é baseada naquela usada nos cartazes de seus respectivos filmes, como se a artista propusesse um jogo de descobrir de quais títulos eles foram excluídos.
Agnieszka Kurant nasceu em 1978 em Lodz, na Polônia, e atualmente vive e trabalha em Nova York. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: exformation, Sculpture Center (Nova York, 2013) e Stroom den Haag (Haia, Holanda, 2013); 88.2 MHz, Objectif Exhibitions (Antuérpia, Bélgica, 2012), Theory of Everything, Museum of Modern Art (Varsóvia, Polônia, 2012). Já participou da diversas mostras importantes como a Bienal Performa de Nova York (2013 e 2009), Bienal de Arquitetura de Veneza (2010), Bienal de Bucareste (2008), Bienal de Moscou (2007), além de diversas outras coletivas em instituições como Guggenheim (Nova York, 2015), MoMA PS1 (Long Island, 2013), Witte de With (Roterdã, 2011), Tate Modern (Londres, 2006), Palais de Tokyo (Paris, 2004), entre outros.