Desde que me lembro, sempre fiquei intrigada e fascinada pela questão do que significa ser humano e como alguém vive uma vida plena. Comecei muito cedo, dentro da tradição dos meus pais, a procurar respostas na sabedoria religiosa, nas tempestades da minha rebeldia, depois no niilismo da minha dor. Ao longo da minha jornada encontrei e perdi, encontrei o desespero e encontrei a cura. Tornei-me professora, psicanalista e psicóloga trabalhando nessa lacuna entre saúde mental e saúde física desde 2010.
Conheci pessoas maravilhosas, sobreviventes de abuso sexual, doenças crônicas, traumas, ansiedade, depressão, transtorno de ajustamento, luto, transição de vida, e câncer. Todos os meus anos de conexão com esses indivíduos me ensinaram que o sofrimento humano exige ser testemunhado e ouvido - só então ele pode passar de sobrevivência para a vivência.
Minha escrita visa desvendar a dor mental reprimida e ignorada, falar sobre os mecanismos pelos quais se evita a dor emocional. Exploro também como a dor psicológica se inscreve no corpo, como forma de evitar o confronto ou de lidar com ele. Minha escrita tenta entender a saúde mental em sua relação com o ambiente social e a cultura, criando um diálogo educativo, compassivo, atencioso e sem julgamento.
Eu experimentei em primeira mão o que é 'desprender-se', mudar, adaptar-se a novas circunstâncias e ambientes. Eu me reconstruí, pacifiquei traumas de infância, transformei meus padrões de pensamento limitantes e emoções limitadoras em energia positiva, que me ajuda a me esforçar e sentir autenticidade. Minha escrita compartilha o que aprendi, que o sofrimento pode ser transformado em uma força propulsora para o crescimento. Embora o sofrimento seja uma parte inevitável da vida, não precisamos ser consumidos por ele.
Eu encontro inspiração em tudo. Gosto de conectar meus pensamentos e experiências com filmes, música e tudo o que a criatividade traz para a esfera social, manifestações do potencial humano, envolto por amor e ódio que geralmente estão além de sua compreensão – a vida é um acontecimento é desorganizado, caótico, controverso, uma criação lindamente organizada com suas próprias linguagens e fractais. Nossa experiência de vida, entretanto é uma busca de sentido e organização temporal encapsulada por uma narrativa única.
Espero inspirar, oferecer uma oportunidade para contrariar o que pode parecer um sistema de mão única, um beco sem saída, preto e branco. Perguntar a mim e aos meus leitores se existe um porquê, um onde e um quando que nos permita estar em contato com a experiência crua dos nossos corpos e emoções que ultrapassem uma receita já feita de como se deve responder à experiência única de estar vivo.