Hoje eu acordei com meus parentes brigando no grupo da família: “Dilma foi pior presidente desde os anos 2000”. Minha tia revidou e disse que: “o pior foi o Bolsonaro, aquele milico otário”. Meu primo falou na ironia: “bom mesmo era o Temer, que vai fazer todo mundo trabalhar mais por causa da Reforma da Previdência”.

A partir disso, comecei a pensar sobre os três últimos governos e qual era a “régua” de análise que eles estavam usando para falar qual presidente era bom ou ruim. Fiz isso tudo tomando minha xícara de cappuccino e com meu cachorro querendo um pedaço do meu pão com queijo.

É obvio que para respondermos essas perguntas não vamos utilizar mensagens dos grupos obscuros do Telegram ou das páginas do Twitter. Aqui nós vamos analisar sob aspectos científicos, com método e dados.

Não me venha dizer que todo cientista é de esquerda. Isso não é verdade, Mané! Antes de ser alienado, abra sua mente, amor!

Enfim, os governos Dilma, Temer e Bolsonaro marcaram períodos distintos na história recente do Brasil, cada um apresentando uma série de aspectos sociais, políticos e econômicos que influenciaram o país de maneiras diversas.

Nesta análise, examinaremos tanto os aspectos positivos quanto os negativos de cada governo, destacando seus impactos na sociedade brasileira. A economia, os aspectos sociais e políticos serão analisados em cada um dos governos.

Governo Dilma: aspectos sociais

No governo Dilma Rousseff, foram implementadas políticas sociais significativas, como o a ampliação do programa Bolsa Família, que já existia, que contribuíram para a redução da desigualdade social e da pobreza no país (Souza1).

Além disso, houve um aumento do acesso à educação e à saúde para camadas mais vulneráveis da população. Essas eram heranças dos governos do petista Luís Inácio Lula da Silva.

Foram apenas prosseguimentos de pautas ligadas ao partido. Eles diziam: “Brasil, Pátria Educadora”. Será que foi mesmo?

Aspectos políticos

No âmbito político, o governo Dilma enfrentou desafios significativos, incluindo crises de governabilidade e escândalos de corrupção que abalaram a confiança da população nas instituições democráticas (Arantes2).

A polarização política também se intensificou durante seu mandato, prejudicando o diálogo e a cooperação entre diferentes grupos políticos. Mais para frente, em 2016, ela sofre im processo de Impeachment. Lembro-me das plaquinhas escrito: “Tchau, querida”.

Aspectos econômicos

Economicamente, o governo Dilma enfrentou dificuldades, com um período de recessão e instabilidade econômica que resultou em altos índices de desemprego e inflação (Bacha3). Políticas intervencionistas e falta de controle fiscal também contribuíram para o agravamento da crise econômica.

Lembra da galera gritando “Vem para rua ou O Brasil acordou?” Foi durante o processo de Impeachment. Sai Dilma, entra Temer. Após ser criticado em rede nacional, o presidente da Câmara Eduardo Cunha decide abrir as portas do inferno no Brasil e abrir o processo de Impeachment de Dilma Roussef.

Há quem diga que isso foi arquitetado. Talvez. Mas uma coisa é: não era pra tirar toda chapa Dilma-Temer? Por que só ela foi retirada (ainda recebendo todas as regalias políticas) e Michel Temer, nosso conte Drácula dos trópicos, chegou ao poder?

Esqueci-me de comentar: alguém lembra do “estocar vento”? E vocês já saudaram a mandioca? “Ninguém deve chegar na meta, pois quando chegarmos na meta, vamos dobrar a meta”.

Enfim, seguimos.

Governo Temer: aspectos sociais

Sob o lema “Brasil para todos”, Temer tentou governar para todos os brasileiros. Se deu certo, é outra história...

Odiado pelas esquerdas e não muito amigável pelas direitas, o candidato do então PMDB, que virou MDB para apagar a memória negativa da corrupção, vira o líder nacional.

Aspectos sociais

O governo Temer foi marcado por medidas de austeridade fiscal e cortes em programas sociais, o que teve impactos negativos sobre os mais vulneráveis da sociedade, aumentando os índices de pobreza e desigualdade social (Fleischer4). Os cortes na educação e na saúde também foram criticados por limitar o acesso a serviços essenciais. Quantas vezes me lembro de passar na Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte, e ver embaixo do viaduto um “Fora Temer” ou “Temer, Golpista”.

Aspectos políticos

Politicamente, o governo Temer enfrentou desafios semelhantes aos de sua antecessora Dilma, incluindo crises de governabilidade e escândalos de corrupção que abalaram sua legitimidade (Mendonça5).

A falta de apoio popular e a baixa aprovação contribuíram para uma gestão marcada por instabilidade e fragilidade política.

Cara, foram dois anos que demoraram 5 pra passar. Estranho, mas seguimos.

Aspectos econômicos

Economicamente, o governo Temer implementou políticas de ajuste fiscal e reformas estruturais que buscavam recuperar a estabilidade econômica do país (Baumman6).

No entanto, essas medidas foram amplamente criticadas por seu impacto social negativo e por beneficiar setores privilegiados da sociedade em detrimento dos mais pobres. Era disso que meu primo estava falando sobre a Reforma da Previdência.

Chegamos em 2018. Caos social, Telegram, WhatsApp, frases de “Minha Bandeira não será Vermelha circulavam nas redes sociais”, “Brasil acima de Tudo e Deus acima de Todos”,”Deus, Pátria e Família”, Luíz Inácio Lula da Silva estava preso e Fernando Haddad concorre às eleições. O capitão da reserva Jair Messias Bolsonaro é eleito o novo presidente do Brasil com mais de 50 milhões de votos.

Essa resposta nas urnas seria a cereja do bolo (a retirada dos governos de esquerda do poder). Detalhe que a Dilma saiu em 2016 e o Temer era do centrão. Sabemos que na prática, a luta contra esquerda era uma narrativa que deu certo. Enfim, complicado.

Desde 2014 houve um crescimento das pautas conservadoras e elas ganharam força total nas eleições de 2018. Logo, a esquerda já teria saído do poder, estaria extinta do país. Foi isso que disseram na época.

Governo Bolsonaro: aspectos sociais

No governo Bolsonaro, observou-se uma retórica conservadora e polarizadora que gerou divisões na sociedade brasileira, especialmente em questões relacionadas à diversidade e aos direitos humanos (Silva7).

O enfraquecimento de políticas de proteção ambiental também levantou preocupações sobre o impacto social das decisões governamentais. Passaram a boiada, como disse Ricardo Salles.

Aspectos políticos

Politicamente, o governo Bolsonaro enfrentou críticas por sua abordagem autoritária e polarizadora, que minou a democracia e as instituições republicanas (Martins8).

A falta de diálogo e o confronto constante com outros poderes dificultaram a governabilidade e a implementação de políticas eficazes.

Cara, para qualquer pessoa governar é necessário apoio do Congresso e da Câmara dos Deputados. Não existe isso de governar sozinho, irmão.

Aspectos econômicos

Economicamente, o governo Bolsonaro implementou medidas de liberalização econômica e reformas estruturais que buscavam estimular o crescimento e a competitividade do país (Pereira9).

entanto, a pandemia de COVID-19 e a falta de uma resposta coordenada exacerbaram os desafios econômicos, resultando em recessão e aumento do desemprego (Santos10).

Foi uma “brigaiada” sobre abrir comércio, fechar comércio e o uso de máscaras. Não quero nem me lembrar disso.

Eu poderia tecer diversos comentários sobre os governos Dilma, Temer e Bolsonaro, mas não tenho tempo ou espaço para isso. A questão é que todos apresentaram uma série de aspectos sociais, políticos e econômicos que influenciaram o Brasil de maneiras distintas.

Enquanto alguns aspectos foram positivos, como avanços sociais e econômicos durante o governo Dilma, outros foram negativos, como crises políticas e econômicas durante os governos Temer e Bolsonaro.

Eu até queria contar isso tudo para meus tios e primo, mas eles não parariam para me ouvir. Eu seria o comunista ou o fascista da família.

Até falar que o ChatGPT com informações que os confrontam é socialista, eles disseram.

Ah,mas você não falou sobre o mandato atual do Lula. Sim, não falei. Precisamos esperar acabar para fazer um panorama geral.

A questão é: sempre se pergunte e pesquise sobre o lado bom e ruim do seu governante de estimação.

Outra, não tenha governante de estimação.

Notas

1 Souza, Carlos Eduardo. "O Bolsa Família e a redução da desigualdade no Brasil." Novos estudos-CEBRAP 36, no. 3 (2017): 507-523.
2 Arantes, Paulo. Dilma, a inteligência e o poder: um estudo sobre a crise brasileira. Boitempo Editorial, 2016.
3 Bacha, Edmar Lisboa. "Brasil pós-2014: estagnação e crise fiscal." Revista de Economia Política 38, no. 3 (2018): 409-429.
4 Fleischer, David. "Temer, o retrocesso e o futuro do Brasil." Revista de Sociologia e Política 25, no. 58 (2017): 11-32.
5 Mendonça, Rosângela. "Temer: crise de governo, impeachment e reformas." Lua Nova: Revista de Cultura e Política 103 (2018): 61-89.
6 Baumann, Renato. "A economia brasileira nos governos Dilma e Temer: do milagre ao milagreiro." Tempo Social 31, no. 3 (2019): 221-245.
7 Silva, Beatriz Dantas. "Bolsonaro e as questões de gênero: tensionamentos, resistências e narrativas." Revista Crítica de Ciências Sociais 122 (2020): 41-60.
8 Martins, Luiz Henrique. "Bolsonaro, a destruição da democracia e o neoliberalismo." Revista Crítica de Ciências Sociais 122 (2021): 119-136.
9 Pereira, Carlos. "O liberalismo econômico como projeto de país: o programa econômico de Jair Bolsonaro." Cadernos CRH 33, no. 86 (2020): 341-356.
10 Santos, Boaventura de Sousa. "Bolsonaro e a destruição do Brasil." Revista Crítica de Ciências Sociais 122 (2021): 13-40.