Há algumas semanas, na cidade onde moro, aconteceu o Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia. O evento ocorreu do dia 21 a 25 de fevereiro de 2024, e eu estive presente no dia 24 ao final do dia.

Cheguei para as quartas de finais, assisti aos dois últimos jogos feminino e masculino. O local estava cheio, muitas famílias e grupos de amigos. Eu fui sozinha e ao chegar ao local, fiquei observando as pessoas ao meu redor. A arquibancada estava lotada, então resolvi ficar em pé atrás da área vip, me posicionei de uma maneira que foi possível ver a quadra toda, afinal fui lá para assistir aos jogos!

O primeiro jogo foi o feminino. Enquanto a partida estava acontecendo, percebi que as pessoas ao meu redor estavam comentando as jogadas, às vezes empolgadas, às vezes indignadas, e eu aos poucos fui me soltando. Há muitos anos não assistia a um jogo de vôlei ao vivo, ainda mais de uma etapa profissional. Percebi que com o passar do tempo fui me permitindo ser torcedora, a torcedora que eu já fui anos atrás.

A empolgação das pessoas ao meu redor me contagiou, e quando percebi, eu já estava vibrando com os pontos ganhos e triste com os que não aconteciam. Eu não estava torcendo para uma dupla específica, então eu vibrava e ficava chateada com tudo o que acontecia com as duas duplas, provavelmente uma cena estranha para as pessoas ao meu redor, elas pareciam estar com sua torcida direcionada a uma dupla.

O jogo masculino iniciou e minha animação aumentou, havia um campeão olímpico em quadra. Achei incrível! Mas, apesar da empolgação, continuei torcendo para os dois times.

Quando o jogo acabou, me percebi ali, parada, observando as pessoas indo embora enquanto os jogadores tiravam fotos com a torcida que estava na arquibancada. E eu fui ficando. Comecei a me perguntar por que eu permanecia ali, por que eu não vou embora? Entendi que eu queria falar com os jogadores também, tirar uma foto, algo assim.

Fui falar com o segurança da área vip para perguntar se eu poderia entrar para tentar tirar uma foto com os jogadores. Ele não permitiu, mas me disse que eles sairiam em breve e me mostrou por onde eles passavam, pedindo para aguardar no local:

— Eles atendem todos que ficam ali, é só aguardar que você consegue!

Agradeci e me dirigi ao local indicado. No caminho, uma empolgação se apossou de mim, e pensei: Quero um autógrafo!

É óbvio que eu não tinha papel e caneta, né? Afinal, eu não achei que seria tão fácil assim chegar perto dos jogadores. Resolvi ir até o estande onde eram vendidos souvenirs e perguntei aos vendedores se teriam como me arrumar papel e caneta, não tinham. Fiquei decepcionada em ter que pedir apenas uma foto, mas fui para o local onde os jogadores sairiam.

Chegando lá, reconheci algumas pessoas, conhecidos meus e da minha família da cidade onde meus pais moram. Ficamos conversando sobre os jogos que acabávamos de assistir, e resolvi perguntar se algum deles tinha um papel e uma caneta para me arrumar.

— Mas por quê?
— Eu queria pedir um autógrafo.
— Um autógrafo?
— Sim! Eu não achei que daria para falar com os jogadores, nem pensei em trazer.

Os jogadores que estavam tirando fotos com os torcedores eram a dupla Igor Borges e Alison Mamute. Alison foi um dos ganhadores do vôlei de praia dos Jogos Olímpicos de 2016 que aconteceram no Rio de Janeiro. Fiquei surpresa com a simpatia dele com os torcedores, atendeu a todos que estavam por lá esperando por ele.

Igor Borges foi quem veio primeiro. Tirei uma foto, e foi só depois que eu consegui um papel e uma caneta (é sempre só depois, né? rs). Ele já havia se afastado, mas eu pedi um autógrafo, na verdade eu gritei porque ele já estava meio longe. Após meu grito, ele voltou meio surpreso, mas fez o autógrafo para mim.

Alguns minutos depois o Alison chegou e disse que tiraria foto com todos, só nos pediu para descermos as escadas e irmos até ele. Quando chegou minha vez, eu disse:

— Eu também queria um autógrafo.
— Um autógrafo? Um autógrafo?
— Sim, acho autógrafo super legal, pode ser?
— Claro! É que hoje tá todo mundo só querendo foto, selfie, e você pedindo autógrafo.
— Sou das antigas, gosto do autógrafo.
— Qual seu nome?
— Mariana.
— Escreve normal?
— Sim.
— Estou tremendo, vai sair meio tremido.
— Não tem problema, muito obrigada!

Esse diálogo ocorreu em segundos, e eu estava eufórica!

A surpresa em meu desejo de pedir um autógrafo não foi só dos atletas, mas também dos meus colegas. Tanto que após a primeira foto, uma delas resolveu revirar a bolsa e acabou achando uma caneta e um pedaço de papel. E preciso confessar, fiquei muito mais feliz com o autógrafo do que com a foto!

Voltei para casa ainda eufórica, sorrindo à toa enquanto dirigia. Acho até que acabei passando acima do limite de velocidade em um radar, provavelmente vem multa aí! Enquanto eu dirigia e furava o radar, lembrei-me da minha adolescência. Eu amava vôlei, treinei alguns anos, joguei pelo time da escola e até da cidade. Cheguei a viajar algumas vezes para jogar. Confesso que em algum momento deste período até fantasiei em ser atleta profissional, mas enfim, meus desejos foram mudando e hoje minha rotina não tem nada da adolescente que fui.

A adolescente que um dia fantasiou em ser atleta profissional deu piruetas em assistir e depois poder estar ao lado de um atleta olímpico! Ahhh que alegria!

Nem eu me lembrava o quanto este ambiente de jogos me faz tão bem! Mas fiquei pensativa quanto ao autógrafo, no quanto as pessoas ficaram surpresas com meu pedido. Com meu desejo com a escrita!

Ao fazer meu autógrafo, Alison me perguntou meu nome, ele também é das antigas! Não escreveu apenas o nome dele, ele quis saber para quem seria endereçado aquele pedaço de papel. "Um beijo, Mariana, ass.: Alison" é isso o que está escrito.

A escrita também tem uma ligação com minha adolescência. O ato de escrever me agradava. Às vezes eu escrevia coisas que me vinham à cabeça, mas na maioria do tempo eu copiava pequenos textos. Alguns eu dava para minhas amigas, outros eu guardava, mas enfim, a escrita está há bastante tempo em minha vida, de maneiras diversas, mas agora voltando a ser presente.

O tempo da escrita, a atenção para a realização do ato da escrita, o tempo dedicado. Olha que significativo!

Agora, por que diacho as pessoas estão tão ligadas simplesmente em fotos e vídeos? Estou aqui me questionando sobre isso. Na verdade, venho pensando em coisas semelhantes há tempos! Venho pensando sobre o quanto o online está cada vez mais presente, e com isso me vejo cada vez mais desejando o presencial.