O caminho para o desenvolvimento da percepção de uma nova consciência coletiva em educação começa com uma nova construção social. Este é o projeto do professor José Pacheco, que promove solidariedade, respeito e autonomia, baseando-se no cuidado e na prototipagem de projetos nas comunidades de aprendizagem.
Esta nova construção social atravessa tradições e culturas populares, unindo sentimentos e virtudes na busca por professores e estudiosos dispostos a disseminar pelo mundo uma nova abordagem social na educação, beneficiando não apenas a sustentabilidade, mas também as convivências nas relações sociais. As novas gerações chegam com talentos e precisam compreender o mundo em busca de uma melhor convivência e consciência. Não estamos aqui apenas para viver de lucros, mas para construir uma nova consciência a partir de uma construção social focada nas convivências.
É de bom tom, ou melhor, recomendável também se preocupar com a vida. As novas gerações devem compreender a sabedoria da vida. O filósofo Arthur Schopenhauer disse que não é na riqueza, mas na sabedoria que está o caminho. Portanto, criar condições para o caminho da sabedoria da vida é revelar o caminho das coisas boas da vida. Baruch Spinoza relata que quando o espírito vê as coisas sob seu aspecto eterno, participa da eternidade (Diderot, 1959, p. 314). O caminho envolve a arte, que contorna e alivia os males da vida, exibindo o eterno, o universal, o atemporal por meio do sentimento de cada artista. Assim, construímos a moral. Apesar de complexo, é pela arte e pela cultura que se forma o coletivo. A cultura traz o refinamento humano, conforme afirma Roy Wagner. Portanto, precisamos estudar a nova moral e conduta a partir das novas tecnologias, da inteligência artificial e de outros conteúdos. Herbert Spencer dizia que a melhor conduta é a que leva à maior extensão, amplitude e plenitude da vida. As variações e adaptações da vida devem considerar a noção de bem. Para uma reflexão mais profunda, o professor José Pacheco criou o Dicionário de Valores, um livro repleto de humanidades. Devemos também buscar educadores que acreditem nas crianças. Acreditar é transformar.
Por exemplo, como diz o astrofísico baiano Alan Alves Brito, O que proponho é olharmos para culturas que vão além da cosmovisão e que nos trazem ensinamentos sobre ciência, tecnologia e filosofia por meio de cânticos, batuques, esculturas, cestaria e diferentes formas de expressão. Trazer sentimentos para a ciência pode ser a fórmula para futuros novos. Mas, o que isso significa? Pode significar muitos universos. Pois estudar é um verbo que caminha. Portanto, precisamos sempre estudar. Estudar requer sabedoria entre a essência e a existência. Todo ser humano possui uma singularidade. Então, precisamos ensinar sobre essência e existência, do simbólico ao real. A existência de incertezas pode ser um bom ponto de partida. De maneira assertiva, podemos encontrar formas de mostrar o mundo às nossas crianças. Outro estudo poderia ser sobre o silêncio. Onde reside o silêncio? No silêncio, brotam hipóteses e curiosidades. O silêncio, essa pausa que não interrompe o pensamento, recarrega o imaginário. Nesse contexto, devemos consultar a sutileza do poeta Manoel de Barros, a lucidez da escritora Cecília Meireles, ou ainda o refinamento do poeta Carlos Drummond de Andrade... Talvez o sentido de comunidade esteja mais presente no mundo virtual, assim precisamos mostrar às crianças as convivências e a construção social por meio de pensamentos com as mesmas afinidades. Quem sabe a sociocracia possa abraçar essa nova construção social.
Para este conceito, devo utilizar a palavra Sociocracia. Tal conceito teria pouco valor se nunca tivesse sido testado na prática. Mas sua validade tem sido sucessivamente demonstrada ao longo dos anos. Qualquer pessoa que conheça a Inglaterra ou a América terá ouvido falar dos Quakers, a Sociedade dos Amigos. Eles têm exercido muita influência nesses países e são bem conhecidos por seu trabalho social prático. Por mais de trezentos anos, os Quakers têm utilizado um método de auto-governo que rejeita o voto pela maioria, sendo que a ação do grupo só é possível quando se alcança a unanimidade. Eu também descobri, ao testar esse método na minha escola, que ele realmente funciona, desde que haja um reconhecimento de que os interesses dos outros são tão reais ou importantes quanto os próprios. Se começarmos com essa ideia fundamental, um espírito de boa vontade é criado e podemos juntar pessoas de todos os níveis da sociedade e com os mais diversos pontos de vista. Isto é algo que minha escola, com seus trezentos a quatrocentos membros, mostrou claramente.
(Democracia como ela pode ser; primeira publicação em Maio de 1945 por Kees Boeke, Sociocracia por Kees Boeke)
Para isso, é preciso ter cuidado para não perdermos o foco. As crianças precisam de sabedoria em suas escolhas sem perder os sonhos. Uma criança que compreende sua maneira de viver com assertividade provavelmente será um adulto que utilizará o discernimento e a lucidez.
Vocês podem perguntar, mas tudo isso garante um bom ensinamento? Quem pode explicar, senão pela essência das incertezas? Temos que tentar, não acham?
Olhe em cada caminho com cuidado e atenção. Então faça a si mesmo uma pergunta. Este caminho possui um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui nenhum significado.
(Carlos Castaneda - Dicionário de Valores, José Pacheco, 2012, p.30)