A execução adequada dos aspectos estilísticos do repertório de violino, em conformidade com a época e o lugar, pode aumentar significativamente as chances de um candidato em um processo seletivo para músicos. Sendo assim, é importante que o programa de graduação para o ensino de violino prepare os alunos da melhor forma possível para situações de apresentação ou de prova. Para isso, o programa de ensino universitário precisa estar alinhado com editais de orquestras, festivais de música, programas de pós-graduação e possíveis oportunidades acadêmicas ou profissionais que os alunos possam pleitear.
Vale considerar que as habilidades ligadas ao gerenciamento de carreira, empreendedorismo e profissionalização da música também devem ser uma parte importante desses programas. O mundo do trabalho tradicional em orquestras e grupos estáveis tem se transformado com a massificação de projetos sociais, utilização de ferramentas digitais em vendas de serviços e a autogestão de carreiras de artistas profissionais, tornando necessário o domínio de habilidades como a confecção e administração de editais artísticos e culturais para a manutenção profissional das carreiras de jovens músicos e mesmo músicos mais experientes.
A evolução ou transformação do violino ao longo dos períodos da história da música ocorreu em aspectos físicos, técnicos e musicais. As práticas interpretativas acompanharam esses fatores sob a orientação de documentos históricos, tratados e da própria performance que foi transmitida entre professores e alunos ao longo da história. Documentos como The Art of Playing on the Violin (1751) de Francesco Geminiani, A Treatise on the Fundamental Principles of Violin Playing (1756) de Leopold Mozart, L’Art du Violon (1834) de Pierre Baillot e Principle of Violin Playing and Teaching (1962) de Ivan Galamian são registros da transformação do violino em sua progressão histórica. Esses livros auxiliam músicos a explorar abordagens didáticas e estilísticas no violino, guiando os caminhos para uma performance baseada em aspectos técnicos e musicais mais sólidos de acordo com cada época. Contudo, o professor deve se atentar para uma contextualização pedagógica e utilização de novos materiais de complementação para um ensino mais completo.
Os excertos orquestrais são frequentemente exigidos em audições de orquestras, festivais de música e até mesmo para a admissão em programas universitários no exterior. A preferência das orquestras pela escolha dos excertos como método de avaliação se justifica pela combinação compacta entre habilidade técnica e elementos musicais complexos. Os excertos ainda não fazem parte significativa do currículo musical das instituições formais de ensino do instrumento no Brasil. Esse repertório desafia os violinistas por ter curta duração e, na maioria das vezes, um alto nível de proficiência técnica e complexidade musical, sendo, assim, um excelente material pedagógico para ser trabalhado nas aulas de violino.
Livros como Using Orchestral Excerpts As Study Material for Violin (1966) de James E. Smith e String Players' Guide to the Orchestra: Orchestral Repertoire Excerpts, Scales, and Studies for String Orchestra and Individual Study (for Violin) (2008) de Susan Brown são alguns dos poucos documentos que se debruçam sobre a abordagem didática dos excertos orquestrais, com exercícios complementares e explicações adicionais. Em 1953, o grande violinista e pedagogo Josef Gingold publicou três livros intitulados Orchestral Excerpts From the Symphonic Repertoire for Violin com uma extensa literatura do repertório sinfônico para violino. Este livro, diferente dos dois citados anteriormente, é uma edição dos excertos compilada e editada pelo próprio pedagogo, sem explicações adicionais. Ele reúne uma coletânea vasta de excertos com um enfoque em expandir o conhecimento da literatura sinfônica para violinistas, visto que, do ponto de vista da didática e do mercado musical, os excertos têm se tornado fundamentais no processo de aprendizado dos violinistas.
Do ponto de vista da didática e do mercado musical, os violinistas precisam estar preparados para conhecer o máximo de vertentes possível, estando aptos para se adaptar de acordo com a necessidade. Como músico e professor, percebo que o espectro estético para a execução do repertório de violino é muito maior e mais complexo do que apenas a teorização simplista do estilo e da técnica. O mais importante é levar em consideração as experiências musicais de cada aluno na construção de um bom resultado de performance musical. Faz-se necessário estimular a pesquisa, investigação e criação de um processo musical significativo para que o violinista também possa estar bem preparado tecnicamente para os desafios de sua carreira, aumentando assim suas chances de sucesso como músico profissional. Aos professores cabe encontrar equilíbrio na prática docente, respeitando a individualidade de cada aluno no desenvolvimento de suas potencialidades naturais em sua jornada musical.