M . A . G . N . E . T é o título do mais recente filme de Basim Magdy (Egito, 1977), uma encomenda para o Video Room do MAAT. O filme é uma metaficção historiográfica que produz um curto-circuito entre o presente, o passado e o futuro numa narrativa ficcional repleta de ambiguidade e mistério. O enredo relata a forma como diversas pessoas e comunidades de todo o mundo recebem a notícia do aumento da gravidade da Terra — uma das quatro forças fundamentais da natureza —, descrevendo de modo poético, mas realista, uma série de situações e acontecimentos inesperados que têm lugar em diferentes lugares e contextos.
Servindo-se de variados efeitos e recursos cinematográficos, Magdy transporta-nos para uma série de lugares inóspitos e aparentemente abandonados, proporcionando uma experiência sensorial imersiva e inquietante. Peça central de um projeto que se desdobra em vários formatos que ocupam e interagem com a arquitectura do Video Room, o filme foi gravado ao longo de um período de quase dois anos em diferentes locais da Europa, entre os quais se incluem uma cratera vulcânica na ilha grega de Nisyros, um laboratório de robótica em Manchester, o Parque Arqueológico do Vale do Côa e o Dino Parque da Lourinhã, lugares que, retirados dos seus contextos históricos e geográficos, são apresentados enquanto cenários puramente ficcionais (e disruptivos) que servem a narrativa.
Artista multidisciplinar com uma ampla e consagrada produção no campo da imagem em movimento, Basim Magdy cria narrativas transversais e complexas entre a ficção e a realidade sobrepondo camadas de significados e sentidos, sejam eles de ordem social, ambiental, política ou económica. Neste projeto, o artista convida-nos a refletir sobre o impacto das alterações climáticas e do aquecimento global no mundo, a pensar no potencial destes fenómenos para desencadear inúmeras catástrofes e acidentes ambientais que podem transformar a Terra num lugar inabitável para o ser humano.
M . A . G . N . E . T é uma reflexão sobre a situação atual que nos projeta num cenário futuro e hipotético. Uma metáfora oracular que nos alerta para uma catástrofe anunciada e iminente ou o ciclo natural da revolução da Terra?