Em 2017, a Galeria 3+1 Arte Contemporânea celebra 10 anos de existência. Para comemorar este facto decidimos mudar de localização, para um espaço maior (mais de 400 m2) com três salas de exposição, dois espaços de acervo e um escritório. A exposição que inaugura a nova galeria, a 19 de Janeiro de 2017 das 19h às 22h, é A Circuit do artista australiano residente em Londres, Sam Smith (n.1980, Sydney), que apresenta uma série recente de esculturas e filmes.
A Circuit apresenta um grupo de trabalhos interligados que giram à volta de duas vilas modernistas construídas nos anos 1920: Villa Le Lac (1923-24) de Le Corbusier e E.1027 (1926-29) de Eileen Gray. Os trabalhos em vídeo e escultura dissecam componentes da arquitectura de ambas as casas em zonas ribeirinhas, utilizando as suas plantas como meio de revelar similitudes no design e a história de conflito entre os dois criadores.
A vila de Gray foi construída como uma afirmação da união com o seu amante da altura Jean Badovici, mas esta harmonia foi destruída quando Le Corbusier (um amigo próximo de Badovici) pintou uma série de murais não solicitados nas paredes brancas da casa. As obras em 3D em exposição transformam as plantas da E. 1027 numa série de móveis/esculturas abstractas – um gesto que tenta restaurar a pureza original da arquitectura. O maior destes objectos detém uma fonte de água infinita que marca a progressão do tempo e a proximidade da casa ao mar mediterrâneo onde Le Corbuisier morreu.
Villa Le Lac foi encomendada pelos pais de Le Corbusier e é um diálogo entre duas aberturas: uma longa janela panorâmica sobre o lago, criando uma vista como se se tratasse de película cinematográfica; e uma moldura mais quadrada em vidro limpo recortada na parede exterior do jardim. Reflectindo isto, The Horizontal Window (2016) é filmado em dois formatos e projectado num ecrã tridimensional construído a partir da geometria da sua intersecção: 1.33:1, o formato cinematográfico original sem som do 35mm; e 2.35:1, o formato anamórfico do CinemaScope do 35mm. O vídeo abraça a mudança do século XX no que diz respeito aos enquadramentos horizontais como se fossem janelas para a arquitectura e a moldura da película cinematográfica, ambas alargadas.
Por entre os trabalhos mostrados, camadas de história e narrativa interligam-se para explorar as associações entre as duas vilas e a linguagem cinematográfica. Smith combina factos históricos com ficção, de maneira a abrir novas perspectivas de possíveis futuros.
Sam Smith vive e trabalha actualmente em Londres e tem um MFA in Fine Art da Goldsmiths, em Londres (2015). Selecção de exposições individuais E.1027, Whitechapel Gallery, Londres; The Horizontal Window, The Telfer Gallery for Glasgow International (2016); Slow Form, CAV - Centro de Artes Visuais, Coimbra, Portugal; Slow Fragmentation, Screen Space, Melbourne; NOTES, Australian Centre for Moving Image, Melbourne (2015); The Performative Minute, KW Institute for Contemporary Art, Berlim; Notes on the Apparatus, selected by Vdrome for the Artists' Film Biennial, Institute of Contemporary Arts, Londres; Frames of Reference, The Royal Standard as part of their Liverpool Biennial 2014 programme; e Form Variations, Künstlerhaus Bethanien, Berlim (2014). Selecção de exposições colectivas: Assembly Point, Londres; Ways of Looking, Gallery of Contemporary Art, E-WERK, Freiburg; Objects from the Temperate Palm House, Bargain Spot, Edinburgo (2016); Your Time Is Not My Time, De Appel Arts Centre, Amsterdão; TOMROM, Sandefjord Kunstforening e Larvik Kunstforening, Noruega; this place is really nowhere at Jupiter Woods, Londres; Framework 6: parallelisms, insitu, Berlim; and How far is here, MAGO, Noruega (2015). Em 2017, Sam Smith fará uma residência no Baltic Art Center, na Suécia.