A nova exposiçăo de Leda Catunda no Galpăo Fortes Vilaça apresenta pinturas, gravuras, aquarelas, colagens e esculturas, além de um papel de parede estampado desenvolvido especialmente para a mostra. Com o título Leda Catunda e o gosto dos outros, a artista traz para o corpo de suas obras um apanhado de referęncias pop em que questiona conceitos de beleza, exotismo, o bom e o mau gosto.
Catunda frequentemente analisa o poder exercido pela cultura pop de converter imagens e objetos em signos de status social e pertencimento. Debruca - se, portanto, sobre o gosto das pessoas e suas relaçőes com conforto, identificaçăo e consumo. Ela se apropria de objetos do cotidiano (em geral toalhas, cobertores e roupas), separando - os por temas ou semelhanças, e entăo realiza interferęncias que lhes atribuem novas cores, volumes e texturas. Năo escapam ao seu olhar a morbidade das camisetas de rock (presentes nas pinturas Botăo I e Botăo II), a objetificaçăo da mulher na publicidade (em MG - Mulheres Gostosas), a profusăo das selfies de férias (em Indonésia), os locais exóticos idealizados pelo universo do surfe (na série Ásia).
Os conceitos de bom gosto e de belo, tăo rígidos outrora, săo assumidos pela artista como parâmetros dinâmicos na sociedade contemporânea, diluídos em valores que eventualmente englobam o kitsch e o cafona. Leda Catunda, sensível a essas mutaçőes, procura reconhecer esse novo belo presente no gosto dos outros e assim identificar a ânsia desenfreada do indivíduo de ver - se representado em uma imagem.
Todas as obras da exposiçăo foram realizadas tomando por base a estrutura dos desenhos no papel de parede. Săo padrőes que, na prática da artista, geralmente surgem nas aquarelas, multiplicam - se nas gravuras e ganham corpo em pinturas e esculturas. O papel de parede, por sua vez, age como síntese do seu vocabulário particular, marcado por contornos arredondados e macios. A exposiçăo contempla todos esses suportes, sendo possível observar, por exemplo, a gravura Drops transfigurar - se nas pinturas da série Borboleta. Com esse diálogo, Catunda explicita o sentido de unidade entre as diversas linguagens desenvolvidas ao longo de sua trajetória.
Leda Catunda nasceu em Săo Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposiçőes individuais, destaca - se a mostra Pinturas Recentes, no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013) e que itinerou também para o MAM Rio (Rio de Janeiro, 2013); além de Leda Catunda: 1983 - 2008, mostra retrospectiva realizada na Estaçăo Pinacoteca (Săo Paulo, 2009). Uma das expoentes da chamada Geraçăo 80, a artista esteve nas antológicas Como Vai Vocę, Geraçăo 80?, Parque Lage (Rio de Janeiro, 1984); e Pintura como Meio, MAC - USP (Săo Paulo, 1983). Sua carreira inclui ainda participaçőes em tręs Bienais de Săo Paulo (1994, 1985 e 1983), além da Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2001) e da Bienal de Havana (Cuba, 1984). Sua obra está presente em diversas coleçőes públicas, como: Instituto Inhotim (Brumadinho); MAM Rio de Janeiro; Fundaçăo ARCO (Madrid, Espanha); Stedelijk Museum (Amsterdă, Holanda); além de Pinacoteca do Estado, MAC - USP, MASP, MAM (todas de Săo Paulo).