Na fase da adolescência e juventude, ocorrem muitas mudanças e aprendizados, sendo o momento em que a pessoa começa a se conhecer melhor e a compreender sua importância na sociedade em que vive. Sendo assim, a vida em grupos, seja representativa, como grêmios estudantis, ou por afinidade, como grupos que se reúnem para praticar algum esporte específico, é fundamental para o crescimento social, emocional e intelectual nessa fase da vida.

As comunidades sociais, vividas em encontros periódicos, sejam elas formadas por conhecidos, companheiros de estudo, equipes esportivas ou associações de hobbies, desempenham uma função essencial no cotidiano dos jovens. Elas promovem, de certa forma, a inclusão e o reconhecimento, aspectos que são fundamentais para o desenvolvimento da autoconfiança, garantindo qualidade de vida e cuidado com a saúde mental.

Participar de atividades em grupo, muitas vezes em espaços coletivos (privados ou públicos), também auxilia os adolescentes e jovens a aprimorarem competências sociais essenciais, como empatia, trabalho em equipe e a capacidade de lidar com possíveis conflitos (sejam de interesses ou de ideias e opiniões). Essas competências são de extrema importância para a construção de relacionamentos saudáveis e positivos, além da integração na sociedade. Além disso, a participação em grupos oferece espaço para os jovens assumirem papéis de liderança e responsabilidade, o que é crucial para o crescimento de sua independência e autoestima.

Estar em grupo também se torna um momento propício de ensino e evolução, envolvendo as diversas dimensões da vida (intelectual, social, espiritual etc.). Eles possibilitam que os indivíduos sejam apresentados a variadas ideias, culturas, princípios e tradições, o que amplia sua percepção de mundo e promove o pensamento analítico, a capacidade de desenvolver a criticidade sobre diversas situações cotidianas. Complementarmente, os grupos podem proporcionar auxílio acadêmico, por meio da partilha de saberes e da execução de projetos em conjunto.

Por outro lado, é de suma importância ressaltar que a qualidade das relações vivenciadas em grupos é tão crucial quanto a quantidade. Grupos que incentivam a diversidade, o respeito e a valorização das singularidades são fundamentais para o crescimento saudável do caráter dos participantes, bem como para a aquisição de valores e virtudes essenciais para a vida em sociedade. Em contrapartida, grupos que estimulam condutas perigosas ou que perpetuam estereótipos e preconceitos podem acarretar consequências prejudiciais.

Além disso, é fundamental que os jovens tenham a oportunidade de participar de diferentes grupos e interagir com pessoas de diferentes idades e contextos. Isso ajuda a prevenir a formação de bolhas sociais e aumenta a aceitação e a compreensão da diversidade.

Na experiência da vida em grupo, alguns elementos educativos se sobressaem, como o conhecimento de si, a descoberta do outro, o incentivo ao protagonismo e o exercício da liderança.

Conhecer a si mesmo é um aspecto fundamental para o amadurecimento da própria identidade. É o primeiro degrau para ter uma aceitação positiva de si e motivar-se na realização de ideais e projetos. Existem muitas formas de se conhecer e elaborar um conceito de si mesmo, que pode dar-se através do perceber-se, do refletir sobre o próprio modo de ser e através do relacionamento com os outros. Nesse sentido, o grupo é um espaço privilegiado para ajudar a pessoa a conhecer-se.

Muitas vezes, o grupo revela talentos, qualidades e potencialidades que a própria pessoa desconhecia e, outras vezes, evidencia os limites que o jovem só é capaz de superar quando se torna consciente deles. Além disso, o grupo favorece o crescimento no exercício da capacidade de amar, ajuda na vivência de relações de comunicação, possibilita respostas às necessidades de superar a insegurança, estimula a prática da fidelidade e da confiança, proporciona a afirmação da personalidade e incentiva a busca da autenticidade. Enfim, quando o jovem confronta o conhecimento que tem de si mesmo com a opinião dos outros, dá um passo fundamental para assumir responsavelmente a própria vida.

O contato com o outro, a experiência de “estar com” e a convivência grupal ajudam o jovem a desenvolver a capacidade de perceber e viver em profundidade o valor do outro e da comunidade. O jovem compreende que não está sozinho e que seus desejos, suas vontades, sua liberdade, enfim, sua própria pessoa, não são os únicos referenciais da sua vida e que, portanto, é preciso estruturar suas relações percebendo também o outro. É comum acontecer entre as pessoas o processo de identificação: eu me vejo no outro, eu me percebo vivendo ou sentindo as mesmas coisas que ele, ao mesmo tempo em que o outro também se defronta com as mesmas situações que eu. Isso é um conforto para ambos, pois se constata que os conflitos humanos são muitos parecidos e que é normal experienciar algumas realidades.

Descobrir o outro significa também contato com o diferente, com a alteridade. Na experiência grupal, o jovem tem a oportunidade de perceber e se relacionar com as diferenças pessoais, com as diversas maneiras de ser e de atuar dos diferentes membros do grupo. Nessa convivência, vai descobrindo não só o valor dos outros para consigo, mas também o valor de si para com os outros.

A partir de pequenos atos e gestos, aparentemente insignificantes, o jovem vai, pouco a pouco, amadurecendo sua disponibilidade e interesse para a participação. É próprio do jovem o desejo e o gosto de participar. Quando o grupo lhe dá oportunidades, oferece-lhe chances de transformar esses desejos em realidade.

O jovem não só exercita suas qualidades de liderança, como também descobre e desenvolve aptidões até então adormecidas. O grupo lhe confere e lhe cobra responsabilidades que o ajudam a perceber o valor e a necessidade de uma intervenção ativa no próprio ambiente. Ele sente que o mundo não está pronto e que pode, com sua participação, contribuir para transformá-lo. O grupo é um ambiente onde se desenvolve e se experimenta o protagonismo1.

Além disso, é importante que os jovens tenham oportunidades de participar em diferentes grupos e interagir com pessoas de diferentes idades e origens. Isto ajuda a prevenir a formação de bolhas sociais e aumenta a aceitação e a compreensão da diversidade.

Por fim, é importante lembrar que os jovens devem optar por participar de grupos. Ou seja, todo o grupo deve ser um espaço aberto à liberdade e à individualidade de quem quiser participar. Os jovens devem ser livres de explorar uma variedade de grupos e manter-se afastados daqueles que são prejudiciais ao seu crescimento e bem-estar. Resumindo, a participação em grupo é vital para a vida de um adolescente. Os grupos ajudam a desenvolver habilidades sociais e emocionais e proporcionam um espaço para pertencer, aprender e crescer. Mas é importante que estes grupos sejam inclusivos, respeitosos e positivos, e que os jovens sejam livres de escolher a que grupos querem aderir.

Notas

1 Princípios norteadores da articulação das juventudes. Brasília/DF. Edebê, 2016, p. 37.