O consumo não alcança a verdadeira felicidade?! Entretanto não deixa de ser, muitas vezes a fonte de satisfações para o “hiper” consumidor. Desta forma, é criada uma situação à qual o autor nomeou de “felicidade paradoxal”, sendo esta efémera, que se finda ao término do próprio consumo, ou seja, o “hiper” consumidor nunca estará satisfeito.
A sociedade, a par do hiperconsumo está estruturada e baseada na compra dos mais diversos produtos, desde aquisições de aparelhos modernos tecnológicos, componentes automóveis e mecânicos, itens sofisticados até utensílios simples que pouco a pouco tornam-se essenciais para o dia a dia e rotina diária.
Acontece que os consumidores não procuram apenas o produto, mas sim possíveis sensações, emoções e experiências, tendo o consumo como uma forma de prazer exacerbada facilmente confundida com a felicidade. Evidentemente que o perfil que nos coloca à reflexão persente a plenitude, a satisfação e os equilíbrios que as faculdades absorvem ao longo da sensação ou do estado de prazer segundo o pensamento antigo do saber aristotélico pela prática do bem.
É importante esclarecer que a hipermodernidade é um conceito sociológico que descreve uma fase da modernidade caracterizada pela intensificação e radicalização das características modernas. Esta fase é vista como uma evolução ou aumento significativo da modernidade clássica, em que os processos de racionalização, individualização, consumismo e globalização são levados para níveis mais extremos.
Gilles Lipovetsky, argumenta que a hipermodernidade é marcada por paradoxos e intensificações em vários aspetos da vida social, económica e cultural. Não obstante e no decorrer da linha orientadora que urge o hiperconsumo, conceito marcado e associado à hipermodernidade e referindo-se a um padrão de consumo exagerado e desproporcional, no qual os indivíduos compram, utilizam bens e serviços em volumes muito além do necessário para satisfazer necessidades básicas.
De facto, o fenómeno é impulsionado por diversas forças sociais, culturais e económicas, e está profundamente enraizado na sociedade contemporânea. O fundamento e consequente pressuposto do hiperconsumo surge como um fenómeno complexo e multifacetado que reflete as dinâmicas da hipermodernidade.
Embora possa conter e abarcar certos benefícios económicos e de conveniência, os possíveis impactos negativos são significativos e exigem aproximações conscientes e sustentáveis para mitigar hipotéticos efeitos prejudiciais. A ilusão numa hipermodernidade que dá lugar ao consumo massivo e em constante abundância argumentando que a sociedade moderna cria uma cultura na qual o consumo é visto como o caminho principal para alcançar a felicidade. No entanto, essa felicidade é frequentemente fugaz e ilusória. A satisfação proporcionada por novos bens e serviços pode ser temporária, podendo ser criado um ciclo contínuo de desejo e frustração dependendo de cada caso.
Paradoxalmente arriscar com regozijo que a felicidade é um momento de bem-estar que oscila como um sismógrafo quando a terra sofre um abalo? Lipovetsky explora o paradoxo de que, embora tenhamos mais acesso a bens de consumo do que nunca, necessariamente não nos torna mais felizes. Pelo contrário, o excesso de opções e a pressão para consumir podem possibilitar ansiedade e insatisfação na hipermodernidade que acentua o individualismo, e o consumo torna-se numa forma de expressão pessoal. No entanto, a individualização extrema pode levar ao isolamento social e a um sentimento de vazio existencial.
Adotar um consumo consciente, ponderado e sustentável, no qual as pessoas possam fazer as suas escolhas informadas sobre o que compram, tendo como base impactos sociais e ambientais na valorização de experiências e de relacionamentos humanos do que com os bens materiais. Cultivando e promovendo um equilíbrio saudável entre trabalho e lazer, onde as pessoas possam lograr do tempo livre sem a pressão constante de consumir.
A sociedade do hiperconsumo, destaca os paradoxos e as insatisfações que ela reproduz. Refletimos sobre as nossas prioridades, possíveis soluções e formas de vida que tendam e promovam uma felicidade mais genuína, justificável e sustentável, além de questionar o papel do consumo nas nossas vidas e nas sociedades contemporâneas.
A interação e a reflexão entre teorias da cultura e a hipermodernidade coloca uma dinâmica complexa e multifacetada que define a sociedade contemporânea. A hipermodernidade em suma é caracterizada pela intensificação dos aspetos da modernidade, que agrega o consumismo exacerbado, o individualismo, a aceleração do tempo e a omnipresença da tecnologia. Ao mesmo tempo, as teorias da cultura fornecem competências e visões aprofundadas, capacidades críticas e conceptuais para entender como as mudanças moldam e são moldadas pelas práticas culturais e pelas problematizações associadas.
A cultura é consumida? A cultura pode ser consumida, neste processo existe uma característica marcante da sociedade contemporânea, especialmente na era da hipermodernidade. O conceito de "consumo cultural" refere-se à maneira como os produtos e as experiências culturais são adquiridos, utilizados e apreciados pelos indivíduos. Outros teóricos não se revêm no consumo aplicado à cultura. As formas que nos soam fulcrais e passíveis de consumo, são a moda, o turismo, as indústrias culturais e criativas e o entretenimento.
A cultura, a vir a ser consumida, pode desempenhar um papel central na vida das pessoas, moldando identidades, ideias, valores e comportamentos. No contexto da hipermodernidade, o consumo cultural é facilitado pela tecnologia e pela globalização, permitindo acessos sem precedentes à diversidade de produtos culturais. No entanto, é importante equilibrar o consumo cultural com a valorização e a preservação das tradições, normas e significados culturais, garantindo que a profundidade e a autenticidade não sejam perdidas no processo dos fenómenos transformados em mercadorias vendáveis.