Ao longo da década de 1970, a artista austríaca (radicada em NY) Kiki Kogelnik desenvolveu a série Woman, na qual formulava críticas sobre a imagem feminina tal qual era retratada na publicidade da época - ora frágil, ora sexualizada - em trabalhos discretamente feministas, irônicos e com forte carga imagética Pop.
Reconhecendo a arte como veículo de significação e comunicação visual, Frauenpower - expressão alemã que significa Poder Feminino - nasce de uma pesquisa sobre a produção desta artista, no intuito de investigar a figura da mulher e a influência da mídia na construção de um imaginário do corpo feminino.
A Galeria Houssein Jarouche exibe, desde 18 de Setembro, a exposição Frauenpower com obras representativas da Pop Art mundial. Com a curadoria de Paulo Azeco, a mostra aborda questões sobre a figura da mulher e a construção de padrões estéticos impostos pela mídia através de 32 obras de diversos artistas que estão relacionados ao universo da Pop Art, como Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Claudio Tozzi, Ivan Serpa, Marina Abramović, Nelson Leirner, entre outros.
O ideal de beleza e perfeição feminina surge como referência para a construção dos processos de auto-imagem e consequente afirmação e negação. Este conceito é visto nos trabalhos de Marina Abramović, Sandra Gamarra e Lenora de Barros, os quais depositam, na figura da musa, seu contraponto. Além da imagem, o consumo também é abordado, no que se refere à objetivação dos corpos, sexualização e misoginia, além da influência imagética feminina sobre a figura masculina, levando à transcendência de limitações de gênero - como se observa também nas obras de Vânia Toledo, Nan Goldin e Carlos Vergara.
A mostra busca resgatar um percurso histórico das representações visuais da mulher, a partir das vanguardas da década de 1960, e discutir a idealização do corpo feminino, a criação de padrões estéticos, considerando os aspectos sociais e antropológicos dessas imagens.
Nas palavras do curador Paulo Azeco: «Por fim, não se trata de uma mostra com cunho feminista, e sim uma celebração da força visual da mulher. Entender o encantamento que fez dessa figuração um dos principais temas de toda a História da Arte, analisando um espectro mais profundo que apenas a beleza do retrato».