Leitor, sabe aquele conductor que lhe buzina bastante? Era eu. Possivelmente por culpa sua - por uma rotunda feita pela direita, por marcar passo na faixa da esquerda e por ter os piscas, como deve ser, ao centro. Sim, era eu. Calma, eu disse “era”, já não sou essa pessoa. Escrever tem sido, nos últimos anos, a minha nova forma de buzinar - sempre que a ira me invade, descarrego na folha em branco e, no fim, se estiver minimamente soberbo, dar-lhe-ei a imensurável honra (sublinhando “imensurável”) de ler as minhas rabugices.

Espero que o meu leitor seja suficientemente sofisticado para perceber tamanhas irritações. Exemplificando, a rábula francamente genial supra “da rotunda, da faixa e dos piscas” quer na realidade dizer: qualquer pessoa - politicamente à direita, à esquerda, ou ao centro - pode produzir erro. Inclusive, quem lhes escreve. Esta “coluna” mensal ao dia 17 servirá para eu discorrer sobre um qualquer tema que me esteja a causar um qualquer tipo de desconforto. Sem demagogias, sem uma moral. Servirá (se servir) para pensarmos em conjunto. Não vamos celebrar o erro, nem vamos cancelar quem erra. Proponho antes que desmontemos o erro.

Bem sei que isto não é uma apresentação tradicional. Poderia tê-la feito? Ora veja: “Sou Rúben Ribeiro de Sousa, nasci em Lisboa durante o ano de 2001 e sou o único filho de Bruno Miguel da Silva Gonçalves de Sousa e de Rute Sofia Vilela Ribeiro. Sou de esquerda, sou ateu, sou Benfiquista… No Secundário, escolhi a vertente de Ciências e Tecnologias, porque, desde que me lembro, sempre quis ser Médico. Tive tempo suficiente para descobrir a minha grande paixão - as letras, as palavras e as páginas cheias delas. Em 2020, ingressei no Ensino Superior e, três anos depois, licenciei-me em Comunicação Social e Cultural, com especialização em Comunicação Organizacional, na Universidade Católica Portuguesa. Prossegui os meus estudos e, em 2023, entrei no Mestrado de Ciências Políticas e Relações Internacionais, com especialização em Ciência Política, na Universidade Nova de Lisboa. Desde de novo, tenho vindo a procurar projectos paralelos aos estudos que…”

Viu? Eu sei fazer uma apresentação convencional, o problema é que detesto convenções. Prefiro construir uma narrativa brilhante (já destaquei “brilhante”?), na qual defendo que todos somos passíveis de incomodar. E está tudo bem. Por exemplo, contrariando o dogma que propõe que se não discuta “política, religião e futebol”, revelei o meu quadrante político, a minha convicção espiritual e o meu clube. E está tudo bem. Está, mas estaria ainda melhor se o caríssimo leitor aprendesse a guiar decentemente. Mas é a vida…