Acordar às cinco da manhã, fazer atividade física, manter uma alimentação saudável, investir parte do que ganha, entre tantas outras ações simples como essas, podem transformar uma pessoa comum em alguém acima da média e, quem sabe, até um milionário ou milionária.
Dizem que enriquecer é uma questão de mentalidade, mas seria essa ação tão simples assim como parece? A resposta é não. Isso pode ser explicado por muitos fatores, mas o principal deles é o acesso às oportunidades. Quem tem mais oportunidades certamente fará o primeiro milhão mais rápido do que quem teve que batalhar mais, ou quem é a única fonte de renda de uma família, entre outros exemplos.
A vida de uma pessoa que mora em São Paulo e passa três horas no trânsito para chegar ao trabalho certamente não é a mesma de quem mora a dez minutos do trabalho e pode ir caminhando, de bike ou patinete. Um adolescente que cresceu nas favelas do Rio de Janeiro com certeza não terá as mesmas chances na vida do que o filho de um médico, advogado ou juiz. Existem pontos fora da curva? Claro que sim, afinal, toda regra tem sua exceção. Mas é importante frisar que a exceção é um caso raro, aquele "um em um milhão", como se costuma dizer.
Para quem nasceu na pobreza, na miséria ou na ignorância, será preciso trabalhar o dobro para conseguir um décimo (e olhe lá, estou sendo bem generosa) do que quem nasceu em Alphaville, Ipanema ou Gleba Palhano. A filha do empresário que fez intercâmbio em Nova York e tem inglês fluente sempre vai estar na frente da menina do interior que começou a estudar inglês aos vinte anos e pagou o curso que podia, e não o melhor. O sobrinho do gerente da fábrica sempre terá uma vantagem ao procurar emprego. A professora que fez Mestrado e Doutorado, bancada pelos pais, nunca saberá o que é contar moedinhas para pagar a condução para ir à faculdade; para ela, R$1.500,00 de bolsa de pesquisa é mais que suficiente para viver no interior do Paraná.
Uma pessoa que nasceu no privilégio nunca saberá o que é passar por verdadeiros perrengues; ela não precisou se virar na vida, teve apoio, condições e privilégios que a maioria de nós jamais ousará sonhar. Quando se fala de mentalidade, é preciso entender que a escassez não é apenas a falta de dinheiro. A escassez faz parte da mentalidade de uma pessoa, assim como a ignorância.
Desenvolvimento, prosperidade e riqueza são sentimentos que precisam ser explorados. É muito fácil se sentir uma boss vestindo roupa de grife e usando joias da Tiffany. Mas como explorar isso sendo uma simples garçonete que usa tênis e camiseta?
A pesquisadora Amy Cuddy relatou em um TED Talk, uma vitrine para palestrantes apresentando ideias excelentes e bem formadas em menos de 18 minutos, que muitos dos nossos comportamentos não verbais (como uma expressão facial ou postura) são capazes de influenciar como somos percebidos pelo mundo.
Independentemente de classe social, gênero ou qualquer outra característica, a maioria de nós, inconscientemente, faz pré-julgamentos ao observar aspectos como a pose de poder, humor, roupa ou carro de outra pessoa. Para Amy Cuddy, comportamentos podem ser transformados, e dessa reflexão vem uma descoberta interessante: se fingirmos ser aquilo que queremos ser, a probabilidade de nos tornarmos aquilo é grande, já que o cérebro não distingue o que é real ou não. Ou seja, quando você interpreta ser uma empresária bem-sucedida, seu cérebro toma isso como verdade e você passa a se comportar como tal.
Ninguém nasce bom em algo; você se torna bom. E aí? Quem você deseja ser hoje?