O trabalho excessivo dos professores é uma preocupação crescente em muitas instituições educacionais ao redor do mundo. Esses profissionais têm enfrentado uma carga horária cada vez mais pesada, muitos educadores se veem em um mar de responsabilidades que vão além da sala de aula, em alguns casos, os impossibilitando de terem seu próprio lazer e de viver momentos em família. Muito exigido, porém pouco apoiado, o professor no atual contexto brasileiro tornou-se um profissional carente de um olhar atento para as suas necessidades, tanto no campo de trabalho quanto em relação à própria saúde1.

Essa sobrecarga de trabalho aparece de várias formas. Desde a preparação de aulas, a correção de pilhas de trabalhos e provas, até prazos incompatíveis e pressão por parte da gestão, os professores frequentemente enfrentam longas horas de trabalho que vão muito além do horário escolar, por muitas vezes, levando trabalho para casa.

O trabalho excessivo dos professores é um dos problemas que afeta tanto sua saúde mental quanto sua capacidade de oferecer uma educação de qualidade por não ter tempo suficiente para se dedicar adequadamente. As longas horas de trabalho, a preparação de aulas, a correção de trabalhos e os compromissos extracurriculares podem levar à exaustão e ao burnout. Isso pode prejudicar não apenas os professores, mas também os alunos que podem não receber toda a atenção e apoio que precisam.

O impacto desse excesso de trabalho não pode ser deixado de lado. Os professores no seu dia a dia frequentemente lidam com altos níveis de estresse e exaustão, o que pode levar ao esgotamento emocional e físico. Essa carga excessiva também pode afetar negativamente a qualidade do ensino, já que os professores podem não ter tempo para o planejamento de suas aulas ou para oferecer feedback individualizado aos alunos.

Além disso, o trabalho excessivo dos professores pode criar um ambiente de trabalho tóxico, onde o bem-estar dos educadores é sacrificado pelas metas e padrões cada vez mais exigentes. Isso pode levar a altas taxas de rotatividade de professores, prejudicando a continuidade e a consistência no ensino.

Pereira2 ressalta que a precarização do trabalho docente faz parte de um processo histórico complexo que, atualmente, vêm se tornando cada vez mais evidente, o qual reflete diretamente na qualidade do ensino e na saúde dos professores. Um estudo levantado por Batista3 apontou que mais da metade dos afastamentos do trabalho dos professores da Educação Básica possui como causa quadros depressivos, revelando alto nível de acometimento dessa psicopatologia entre os docentes.

A precarização do ambiente educacional é um outro fator importante, a falta de estrutura para que esses profissionais possam trabalhar, em alguns casos é inconcebível. O ambiente escolar tem que ter o mínimo de estrutura e materiais didáticos para que esse docente possa desenvolver seu trabalho de forma eficaz.

É de grande importância que as instituições educacionais reconheçam e procurem abordar as causas do trabalho excessivo dos professores. Isso pode se dar através da implementação de políticas que possam promover um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, uma flexibilização de horários e no trabalho para ajudar os professores a gerenciar melhor sua carga de trabalho e o estabelecimento de uma cultura escolar que valorize o bem-estar dos educadores, ao fazer isso, não apenas ajuda o profissional docente a melhorar aspectos em sua carreira, mas como também cria um ambiente escolar mais positivo para todos, consequentemente ajudando a ter um ensino de qualidade.

É fundamental que os educadores sejam apoiados, capacitados e que tenham mais recursos para desempenhar seu papel de maneira eficaz, garantindo assim uma educação de qualidade para todos os alunos.

Notas

1 Benevides-Pereira, A. M. T. Considerações sobre a síndrome de burnout e seu impacto no ensino. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 62, nº 137, p. 155-168, 2012.
2 Pereira, É. F.; Teixeira, C. S.; Andrade, R. D.; Bleyer, F. T. S.; Lopes, A. S. Associação entre o perfil de ambiente e condições de trabalho com a percepção de saúde e qualidade de vida em professores de Educação Básica. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 22, nº 2, p. 113-119, 2014.
3 Batista, J. B. V.; Carlotto, M. S.; Coutinho, A. S.; Augusto, L. G. S. Prevalência da síndrome de burnout e fatores sociodemográficos e laborais em professores de escolas municipais da cidade de João Pessoa/PB. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.13, nº 3, p. 502-512, 2010.