A educação se encontra em uma encruzilhada. Uma das perguntas que atualmente ecoam nas mentes de educadores e responsáveis é: a integração da tecnologia na educação é realmente essencial para o aprendizado ou nos atrapalha? A ideia deste artigo é convidar a todos a embarcar em uma jornada reflexiva sobre o papel da tecnologia na educação moderna.

Pois é um fato que as ferramentas e recursos tecnológicos configuram-se como um elemento transformador da experiência de ensino e aprendizagem, o que por sua vez é essencial para o mundo contemporâneo. Como verá, ao invés de uma resposta definitiva, procurei neste texto procurar abrir espaço para diferentes interpretações e pontos de vista durante seu desenvolvimento.

Afinal, o tema da integração da tecnologia durante os aprendizados e currículos cotidianos, bastante complexos e multifacetados, permeados por debates acalorados e perspectivas. É neste terreno fértil de ideias que reside a riqueza da discussão, impulsiona soluções inovadoras e mais eficazes para a educação em todos os seus níveis ou trajetos. Desejo a vocês uma boa leitura e muita boa sorte para quem participa da educação!

Construir as pontes para o futuro, educando

Apenas juntos construiremos uma ponte entre o presente e o futuro, onde a tecnologia se torna uma aliada poderosa na jornada do conhecimento. Para isso, é necessário um compromisso coletivo com a transformação do sistema educacional. Essa jornada não se resume apenas à implementação de tecnologias diferentes nas salas de aula, mas a uma redefinição completa da maneira como concebemos e praticamos a educação. Como educadores, temos o dever de não apenas transmitir conhecimento, mas também de preparar pessoas para enfrentar os desafios de um mundo em constante desenvolvimento.

Nesse sentido, a democratização do acesso à tecnologia desempenha um papel fundamental na prática educadora. Não se trata apenas de garantir que todos os alunos tenham dispositivos e recursos tecnológicos, mas também de capacitá-los a utilizar essas ferramentas de forma crítica e responsável. Afinal, a tecnologia só se torna verdadeiramente transformadora quando acompanhada por uma educação que desenvolva habilidades como pensamento crítico, colaboração e criatividade.

Reconhecer e superar as limitações do modelo educacional tradicional é preciso

Esta prática envolve não apenas mudanças estruturais, como a atualização dos currículos e a adoção de novas metodologias de ensino, também uma mudança de mentalidade por parte dos educadores. É algo muito complicado quando, em um ambiente escolar, algum profissional, às vezes aos gritos, obrigam alunos a guardarem seus smartphones ao esperarem por uma reunião, sendo que existem n melhores formas de lidar com a situação. Hoje, esses aparelhos fazem parte da própria vida deles, não sendo mais dissociáveis de suas realidades — assim como já comentei em outros textos sobre a transformação daquilo que consideramos “vida real”, o mundo virtual já faz parte de nossas vidas.

Contextos escolares proibitivos é algo bem comum para o Brasil, sendo visto diariamente em qualquer escola que ainda não se adaptou aos moldes modernos de comunicação. Tais atitudes demonstram nada mais do que a necessidade de superar este modelo tradicional de ensino, centrado na figura do professor como detentor único do conhecimento e na passividade dos alunos, como há muito tempo já vem sendo falado. Essa abordagem, muitas vezes marcada por autoritarismo cego e desnecessária rigidez, já não se sustenta na era digital. Temos informação em abundância e que deve ser acessível a todos, atitudes que buscam apenas o proibir devem ser erradicadas.

Educar não é tarefa fácil

Devemos estar dispostos a abandonar práticas obsoletas e abraçar abordagens mais inclusivas, flexíveis e centradas no aluno e seu aprendizado. No entanto, e, ao mesmo tempo, é importante reconhecer que a democracia em uma escola não é apenas sobre questões que dão voz ao alunado. É, também, sobre como podemos educá-los para que se tornem cidadãos críticos, minimamente conscientes e responsáveis em um mundo que tem se tornado quase todo digital.

Certamente, ao construirmos essas pontes, devemos nos comprometer não apenas com a introdução de tecnologia, mas também com a promoção de uma cultura educacional que valorize a diversidade, a criatividade e a busca contínua pelo conhecimento. Garantindo, dessa forma, que os aprendentes estejam verdadeiramente preparados para os desafios e oportunidades do século XXI.

Democratizar os espaços e o acesso à Tecnologia é urgente

No Brasil, aos poucos, algumas das melhores abordagens nesses sentidos até agora tratados, vão se fazendo legalmente válidas. Um marco importante nesse processo de transformação da educação brasileira foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), definida em 96. Sua atualização em 2023, por exemplo, trouxe diversas mudanças significativas, com foco na integração das tecnologias digitais no ensino. Entre elas, as principais novas medidas, podemos destacar:

  • A inclusão das tecnologias digitais como componente curricular obrigatório: as escolas agora são obrigadas a ofertar disciplinas ou atividades que explorem o uso das tecnologias digitais para o ensino e a aprendizagem. A tecnologia proporciona acesso instantâneo a uma vasta quantidade de informações e recursos, permitindo-lhes explorar diversos assuntos, realizar pesquisas e acessar materiais educacionais que podem não estar disponíveis nos livros didáticos tradicionais.
  • A formação continuada de professores em tecnologias digitais: prevendo a oferta de cursos e treinamentos para os professores poderem se aprimorar no uso das tecnologias em sala de aula. A tecnologia não só beneficia os alunos, mas também aumenta a produtividade e a eficiência dos professores. Permite que os professores implementem ferramentas digitais úteis, expandam as oportunidades de aprendizagem, personalizem a aprendizagem e melhorem os métodos de ensino. Isso, por sua vez, leva a um melhor apoio e envolvimento dos educandos.
  • Investimento em infraestrutura digital nas escolas: a lei determina que as escolas públicas devem ter acesso à internet banda larga e a equipamentos tecnológicos adequados para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. Estas práticas aumentam a criatividade ao fornecer conteúdo on-line infinito, apoiando vários empreendimentos criativos e automatizando certos aspectos da educação para os professores, pedagogos, direção e administração da escola, permitindo o envolvimento de toda a comunidade em atividades criativas ou burocráticas.
  • Promoção da cultura digital: incentivo à criação de projetos e programas que promovam a cultura digital entre os alunos, os pais e a comunidade escolar, intentando a colaboração, permitindo-lhes partilhar tarefas, realizar reuniões virtuais e aumentar a eficácia em trabalhos em grupos, além do monitoramento adequado desses pelo setor pedagógico. Também preenche lacunas na comunicação, melhorando a experiência global de aprendizagem.

Nesses sentidos, a legislação reafirma o ponto de vista aqui representado e mostra-se como um passo importante para garantir que todos tenham acesso igualitário às tecnologias e ferramentas, inseridas em seus cotidianos digitais. Além disso, possibilitam desenvolver habilidades necessárias para tornarem-se cidadãos plenos do século XXI. São diversas as maneiras pelas quais a tecnologia pode ser integrada aos ambientes educacionais para melhorar os resultados de aprendizagem e a experiência educacional de todos os envolvidos nesse processo.

Ao superarmos os desafios e abraçarmos as oportunidades que a tecnologia nos oferece, podemos construir uma educação com a melhor qualidade possível para os moldes atuais para toda a sociedade brasileira, torcendo para que o mundo inteiro atinja o mesmo nível. Estejamos cientes de que essa seja uma educação que prepare as novas gerações para os desafios do mundo e as capacite para serem cidadãos críticos, autônomos e transformadores da sociedade em que vivem. É um desafio e tanto, mas nada que os profissionais dessa área estejam desacostumados.