Podemos dizer que, a moral financeira ao longo dos séculos teve uma variação de conceitos, motivações e justificativas em que o próprio povo, pautou-se baseado nos sentimentos das suas próprias posições e oposições ao sistema em questão, em cada época histórica. A defesa do consumidor é um ótimo exemplo, considerando a sua evolução e a diferença do Direito do Consumidor, entre cada sistema económico regional ou estrangeiro que se avalie. Muitas vezes nem é do conhecimento de funcionários, as obrigações e direitos das partes. Ao conhecermos as explicações do livro, 'A Economia Moral da Multidão na Inglaterra do Século XVIII¹' , percebemos variações e nuances de épocas onde a ética e a justiça, iam evoluindo de acordo com a própria evolução humana, da globalização e na mescla de culturas bem como, das jurisprudências que analisaram novas relações económicas e comerciais, entre a oferta e a procura. Usamos esta base conceitual justamente por tratar de uma análise, referente a um fato importante no desenvolvimento económico da história, que foi a Revolução Industrial. Deste momento em diante, novos conceitos financeiros foram adotados e elaborados, em direção ao futuro monetário mundial, como temos visto.
No atual estágio deste desenvolvimento, observamos a fase do famoso Neoliberalismo que, através da financeirização moderna da economia internacional - como bem tenta descrever o homónimo livro da Editora Livre², também de Lisboa - elencou etapas de uma nova realidade adoptada por políticas económicas. Após esta grande reorientação mundial, determinada pela ascensão da nova China, híbrida e socialista de mercado digamos assim, deparamo-nos com a inserção de um excedente de mão-de-obra que, de forma disruptiva, exponencialmente também gerou novos consumidores. Para tanto, precisamos conceituar todos estes termos, que geralmente têm sido confundidos quase que genericamente desde, na comunicação social e nos media, até a população leiga, em geral. Assim, fica muito fértil um campo de 'fake news', intencionalmente ou não bem como, o terreno para populismos políticos, administrativos e burocráticos públicos ou privados e vice-versa. Aventureiros ou amadores, que não conseguem remodelar ou trazer alento às tais necessidades das multidões populares, nem em seus mínimos.
"O Neoliberalismo clássico surgiu como uma terceira via entre o socialismo e o liberalismo. Aquilo que a esquerda chama de neoliberalismo é, na verdade, um não-liberalismo. Em outras palavras, 'neoliberalismo' significa simplesmente um slogan anti-liberalismo. Nada mais é do que um termo esvaziado de conteúdo distintivo. As raízes da ideologia neoliberal remetem às décadas de 1880 e 1890, quando os economistas alemães da Escola historicista alemã de economia e seus discípulos americanos convenceram-se de que a concentração industrial tinha efeitos prejudiciais para a economia e que, por isso, algum tipo de moderação por meio da intervenção governamental fazia-se necessária. Uma das consequências visíveis dessa mentalidade foi o Sherman Act (Lei Sherman antitruste), que desde então substituiu o poder dos consumidores pelo poder dos burocratas."
Particularmente compreensível, permita-se discordar das alcunhas de esquerda e direita. É muito vago porque, algumas sociedades denominam as ditas esquerdas de comunistas, socialistas ou por fim, anti-mercantis. Outra vez, as ditas direitas consequentemente são denominadas como capitalistas, feudalistas e mercantilistas. Todos esses termos hoje em dia, entretanto são anacrónicos. São sim apenas, novos termos para uma 'situação' e uma 'oposição' ambas antiquadas, com disfarces e fantasias remodeladas. Afinal, o finado comunismo se transformou em socialismo de mercado e um novo capitalismo moderno, suplantou aquele comunismo da produção estatal. Paradigmas, assim como a República e a Economia Planificada, também venceram algumas Monarquias. Sobrou alguma democracia e uma governança centralizada pelo Estado, através de seus burocratas. Esta simbiose público-privada tem fornecido atalhos à corrupção, que pela análise ética e moral, desfavorece uma maioria contribuinte dos impostos mas, que num crescimento populacional desenfreado, precisa de sustentabilidade ambiental para permanecer económico. Com a adaptação entre capitalismo e socialismo desta fase na nova transição universal, se faz necessário definir brevemente alguma nova conceituação, de uma mesma vida económica que a inflação reavivará. E outra vez teremos novas crises, novas adaptações sociais, com o frequente progresso e o desenvolvimento humano que se repete. As populações e os seus representantes, são as situações e as oposições. E não uma mão esquerda ou direita, que ambidestra não julga os feitos da outra. Ou partes de um mesmo cérebro, que destaca-se pelas suas maiores habilidades setoriais, em cada lado.
A "Moral é uma palavra de origem latina, que provém do termo moris (“costume”). Trata-se de um conjunto de crenças, costumes, valores e normas de uma pessoa ou de um grupo social, que funciona como um guia para agir. Isto é, a moral orienta relativamente às ações que são corretas (boas ou positivas) e aquelas que são incorretas (más ou negativas)." Algo semelhante ao pensamento social católico, termo cujo conceito já foi lembrado anteriormente por aqui, nestes artigos e, que rege comportamentos de determinadas sociedades uniformemente.
Entretanto, uma falta de moral pode provocar rebelião nos prejudicados. Rever atitudes em que arrependam-se da bondade e retidão, dependendo da maturidade social que se encontra naquela comunidade. Como se diz em algum ditado, uma justiça tardia é injustiça! Prejuízos pois, tempo é dinheiro ou seja, é juro. Análises técnicas justificam cada caso mas, porque o sistema jurídico portugués não consegue colaboradores suficientes nos concursos e, na justiça brasileira, este é o mais concorrido setor, com salários ditos aviltantes pela sociedade popular? Uma geração européia já não se deixa levar pelos maus exemplos mas, a outra ainda emergente, enaltece e ostenta modelos e castas oligopolistas e corporativistas? Porque a Ordem dos Advogados de Portugal, suspendeu a reciprocidade para com a Ordem dos Advogados do Brasil, como consta no noticiário das semanas 27 e 28, de 2023?
A Ética é "Parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral. Conjunto de regras de conduta de um indivíduo ou de um grupo." Novamente com este conceito, observamos os protocolos que muitas vezes sendo desrespeitados, desvalorizam ou desacreditam a ordem, a meritocracia e, a hierarquia inclusive, como fatores de mudanças temporais que levam ao progresso social humano ou às vezes, ao retrocesso. Chamar a Ordem opositora de colonialista, chega a ser cômico. Parece inclusive um argumento antiquado. Será apenas isso? Não sabemos, mas geralmente na casa do anfitrião, o hóspede não 'cospe no prato!', apenas se propositadamente e, para não voltar…
A "Globalização é o nome dado ao fenômeno de integração do espaço mundial mediante os avanços técnicos nos setores da comunicação e dos transportes. Esse processo se intensificou com o advento da Terceira Revolução Industrial, em que se observou um aumento nos fluxos internacionais de capitais, mercadorias, pessoas e informações. Esse processo é marcado pela proliferação das empresas transnacionais e pela consolidação do capitalismo financeiro, promovendo profundas transformações no sistema econômico internacional e na organização do trabalho." Vemos mais uma vez que a globalização ocidental entre fundadores e fundados, ou descobridores e descobertos, para encaixar mais historicamente estas expressões, anda mal interpretada. Por intenção, antiética ou amoral, desconhecem as bases do termo e a situação de livre circulação de pessoas, que precedeu as liberdades económicas das uniões aduaneiras e por conseguinte, das uniões financeiras! Desglobalizar também tem adeptos. Vide o Brexit, por exemplo. Há porém, algum reconhecimento desta escolha possivelmente ter sido equivocada mas, não na sua totalidade como é óbvio e, o que a democracia também permitiu. Experiências económicas não são irreversíveis. Mas o tempo não volta. E estas gerações que se aprumem, para não arrependerem-se. Afinal, reinventar a roda, é uma perda de tempo…com 'juros' altos!
A "Financeirização descreve o processo pelo qual as trocas são progressivamente intermediadas por instrumentos financeiros, que possibilitam que bens, serviços e riscos sejam prontamente trocados por moeda, facilitando a racionalização de ativos e fluxos de renda. Termo usado para descrever o desenvolvimento do capitalismo financeiro." A liberdade financeira e os livres fluxos econômicos, permitem uma agilidade que o mercado e a diplomacia económica exigem, para atender as necessidade de investimento estrangeiro direto, seja no setor público, como no privado. Neste ínterim da adaptação, testes e regulamentações dão margem à corrupção, imoralidade e falta de ética. Que em algum elemento da sociedade, seja por falta de oportunidades, tempo perdido ou outras privações quaisquer, são impostas individualmente, grupalmente ou nacionalmente até, provocando e assediando uma vaidade que talvez, é um tanto imatura. Numa mesa diplomática a economia conduz, a informação justifica e a guerra, jura!
Referências
1 Thompson, E.P., A Economia Moral da Multidão na Inglaterra do Século XVIII, Ed. Antígona. Lisboa, 2008.
2 Amaral, João Ferreira do, Financeirização da Economia, a última fase do neoliberalismo, coleção Questões de Economia, Ed. Livre. Lisboa, 2010.