O artista pernambucano Paulo Bruscky apresenta na mostra Di Paulos: retrospectiva de um artista múltiplo, arquivista de um Banco de ideias e que não pede permissão uma seleção de trabalhos múltiplos e peças gráficas como publicações, cartazes, anúncios, obras conceituais, gravuras, fotografias, objetos e panfletos produzidos ao longo de seus mais de 50 anos de carreira.
O título da mostra foi retirado de uma obra do artista de 1978, composta por uma cartela de botões com linhas, em que constam as palavras Di Paulos. Essa pluralidade se relaciona com sua trajetória e os inúmeros procedimentos de criação que já experimentou. "Nesta exposição, o público poderá ver os muitos Paulos que existem em mim", conta o artista.
Na exposição retrospectiva, serão exibidos trabalhos de categorização híbrida e que acontecem, conceitualmente, entre a poesia visual, a performance e intervenções no espaço urbano. São trabalhos que já ocorreram em circuitos artísticos alternativos, como os classificados dos jornais, via correio ou em locais destinados a anúncios comerciais em espaços públicos, como também foram distribuídos a transeuntes, promovendo conexões entre arte e cotidiano.
Toda essa diversidade de experimentações gráficas, tanto do ponto de vista das técnicas de produção (fotocópia, impressão digital, carimbo etc) quanto de seus modos de circulação, desafia os sistemas políticos, artísticos e culturais e coloca em questão, com sua efemeridade e multiplicidade, o estatuto de unicidade e originalidade da arte. Galciani NevesAssim, o público poderá ver trabalhos que reelaboram o lugar de fruição da arte e subvertem o entendimento do gesto do artista como constitutivo de um projeto artístico, já que solicitam a participação do público, dos transeuntes, do leitor e se infiltram na cidade, no cotidiano, nos processos mais íntimos de percepção. Humor, acaso, política, ironia, denúncia e informação são a tônica desses trabalhos que reafirmam a frase do artista: “Arte é feita para circular”.