A galeria Jaqueline Martins participa na 3ª edição do projeto Artweekend São Paulo entre os dias 9, 10 e 11 de novembro.O evento integra a ação Galerias Recebem Galerias promovido pela ABACT e apresenta a mostra individual de Bené Fonteles, em parceria com sua galeria exclusiva no Brasil, Karla Osorio, de Brasília.
A mostra incluirá obras produzidas entre 1970 e 2018 e abordará a poesis que permeia o trabalho de Bené Fonteles, reunindo objetos do afetivo que discorrem sobre a passagem do tempo sobre as coisas, estabelecem diálogos instigantes relacionando o corpo, na arte e na espiritualidade. Sua obra histórica é também permeada de um grande engajamento político e ecológico, preocupações sempre presente até hojr.
Fonteles recria (des)objetos cheios de artesania do humano e de elementos do natural. Reúne componentes menosprezados, sem utilidade aparente ou imediata. Frequentemente, sem nenhuma preocupação com a matéria. Está interessado na oportunidade de enobrecê-la, ao revelar sua função poética, para que outros, assim como o artista, se encantem pela possibilidade da poesia, sempre refazendo-se ao recriar o mundo.
Como lembra Júlia Rebouças co-curadora da 32º Bienal de SP (Incerteza Viva, 2016 em que Bené Fonteles teve participação histórica) afirmou: “há um fio condutor em sua obra, a aproximação de universos distintos, de relação de matérias e culturas. É lindo como na ficha técnica das obras entendemos que, na composição escultórico sofisticada de suas peças, dá-se o encontro de elementos achados, coletados, descobertos, oriundos de diferentes contextos. Ali estão artefatos que se aproximam e se distinguem em textura, forma, cheiro, tempo, e sobretudo, origem, entendendo origem não apenas como a localização no tempo e no espaço, mas também como o grande repositório cultural que gera aquele objeto”.
O curador do Instituto Tomie Ohtake (SP), Paulo Miyada, por sua vez, entende que o artista é “pioneiro do debate ecológico e indigenista no Brasil, sendo responsável por toda uma experimentação “artivista” – como ele mesmo designa sua conjunção de arte e ativismo – sem paralelos em um país infelizmente cego para sua origem e seu destino. O que não é tão fácil perceber, senão em presença de suas obras, é que Bené Fonteles também é um dos mais aguçados realizadores de obras tridimensionais na arte brasileira. Ao agregar alguns tantos elementos cotidianos, rastros e fragmentos de certas culturas materiais, ele consegue inventar novos sentidos, formas e objetualidades. Não é simples apropriação e assemblage, pois a invenção é profunda, passa por uma enorme capacidade de síntese e produz renovações quase alquímicas dos significados engendrados. Tal liberação exponencial de energia a partir de matéria aparentemente pouca é acompanhada muitas vezes de grande sensibilidade na escolha de palavras e conceitos poéticos. Se isso ainda não foi devidamente reconhecido pelo campo da arte contemporânea no país, é apenas pela enorme assimetria no tratamento de artistas de acordo com sua proximidade de certos pólos, formas e temas”.