A Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta No Meio, individual de Bruno Dunley que reúne obras realizadas entre 2015 e 2018, acompanhada de texto de Tadeu Chiarelli. O crítico aponta que os artistas reagem de diferentes maneiras diante desse oceano de imagens que atinge a todos. “Há aqueles que se afogam com prazer nas águas turvas da internet, à caça de ícones passíveis de serem processados e tornados ‘obras’, e aqueles que, como Dunley, mesmo que também envoltos nessas mesmas águas e levados a nelas buscar o alimento para suas produções, resistem a se deixar afogar pelas correntezas do inócuo que governam as profundezas desse oceano”.
Chiarelli destaca a pintura que dá nome à mostra, No meio (2016), que pode ser entendida como um emblema dos artistas que resistem à naturalização desse excesso imagético. “No meio apresenta-se como um espelho que aparentemente nada reflete e onde está escrita a expressão ‘o meio’ (escrita, não refletida)”.
Para o crítico, o conjunto de pinturas que o artista vem produzindo nos últimos anos está repleto desses tipos de espelhos que não refletem o mundo, mas que marcam um lugar preciso no centro de muitas de suas pinturas. “Produzindo essas obras que se situam entre a afirmação do fazer pictórico e a presença de signos provenientes daquele mar de imagens tornado, em definitivo, a nossa nova primeira natureza, Dunley parece encontrar nesses espelhos cegos que produz a última fortaleza, ou a última lanterna a servi-lhe de guia para não submergir em definitivo”.